Capítulo LVI - Amoroso

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            Luciano me aguardava encostado em seu novo brinquedo, e que brinquedo, um Audi S3 sedan cinza grafite e parecia seguro de si. Aliás, era um belo carro e junto com ele fazia o conjunto perfeito, ele mais parecia um executivo, mas era mesmo um engenheiro, um competente engenheiro civil.

- Gostou? – Perguntou orgulhoso quando me aproximei.

- Do que? Do carro ou de como você está vestido? – Perguntei sem entender a que especificamente ele se referia, pois Luciano estava bonito usando uma camiseta preta lisa, jeans lavado e tênis preto, apesar de não ser o estilo dele ele estava bonito, parecia quase um playboy.

- Do carro né! – Exclamou como se fosse o óbvio me fazendo corar.

- A sim, legal, os meus vizinhos lá em Turim têm um igual – respondi um pouco interessado, mas tentando não parecer insolente.

- Fui até Porto Alegre para fazer a compra – ele comentou orgulhoso - chegou ontem da concessionária, fiquei em dúvida entre ele e o Q3, mas acho que acertei na escolha, não acha – disse orgulhoso, sorri, pois sabia o quão esforçado ele era e o quanto ele queria um carro desses marca.

- O carro é muito bonito.... aliás, sempre gostei de sedan, parabéns Luciano, você merece esse "brinquedo" – respondi reparando melhor nas linhas elegantes do modelo alemão.

- Obrigado, muito obrigado - ele agradeceu envergonhado, mas sorriu orgulhoso, bem leonino.

Luciano deu a volta e abriu a porta do motorista e entrou no carro, mas eu não, eu fiquei parado olhando e pesando na balança se devia entrar ou não. Resolvi pagar para ver.

- Aonde você vai me levar? Aliás, qual o motivo desse convite? – Perguntei ao abrir a porta, antes de entrar dentro do automóvel.

- Vamos jantar, falar da sua volta para a empresa, quero que você volte a trabalhar com a gente, não quero te forçar, apenas fazer uma proposta e expor a realidade do que estamos passando – disse ele do outro lado do carro esperando minha reação.

- A tá, entendi – respondi aliviado sem dar atenção ao fato de ele tentar me readmitir a força – Luciano, eu dei uma resposta definitiva para o seu pai... – Ele travou, franziu a testa.

- Relaxa Fabrício, não vou te sequestrar, te drogar ou te foder loucamente dentro do carro, vai ser um jantar de negócios, eu quero te expor um problema, preciso de ajuda– fiquei um pouco constrangido e ofendido com essa resposta dele, mas fiquei mais preocupado com essa última fala dele.

- Não dei a entender que pensei nisso, não me prestaria a esse papel, até por que eu te conheço bem, ou não conheço mais? – encarei ele que apenas riu.

- Tudo bem então, vamos até um bistrô que eu jantei com um fornecedor esses dias, pode ser? – ele disse com naturalidade.

- Sei... – debochei - cliente ou algum "caso" que você queria levar para cama e teve que impressionar? – Escorreu sarcasmo da minha boca, Luciano me encarou de cara fechada, deu uma freada brusca acompanhada de uma buzina forte do carro que vinha atrás e desviou rapidamente, eu fiquei com medo.

- Que fique bem claro – disse com um pouco de raiva freando o carro – se você acha que eu preciso fazer isso para conseguir uma foda está muito enganado! – Luciano pareceu ficar ofendido – não faria isso com ninguém, nem com a única pessoa que eu estou levando sem ser de âmbito profissional e que eu me eu me importei em mostrar meu carro não qual eu te foderia loucamente se assim desse – ele tocou em minha mão e apertou grosseiramente - quero passar uma noite agradável perto de alguém que eu gosto muito, estamos entendidos – queria enfiar minha cara em um buraco e acabar com a dele – estamos entendidos? – Não respondi, pois, a vergonha era maior e eu estava tentando processar tudo que ouvi – ótimo, vou entender como um sim – ele acelerou de novo e seguimos até o restaurante.

Coração FeridoOnde histórias criam vida. Descubra agora