Capítulo XII - Verdades

3.9K 449 101
                                    


Luciano me encarava aliviado, não duvidava de seus sentimentos comigo, ele era intenso, 8 ou 80, confirmei isso na nossa transa, homem com pegada, mas estava tão confuso quanto eu. Nossos olhares se encontraram no que pareceram minutos, mas foram poucos segundos apenas. Eu não sabia como reagir a essa revelação, eu nunca esperava isso dele, até ontem à noite não cogitava a ideia de Luciano transar ou se relacionar com um homem, eu estava confuso e apenas me encarava consternado.

- Barbaridade, é só eu dormir para vocês me darem fiasco aqui, sacramento! – Guilherme quebrou o silêncio da sala, revirei os olhos – essa sala definitivamente não é um lugar bom para vocês dois, se não transam discutem.... – Ele mordeu o lábio.

- Guilherme, a gente não queria te incomodar – disse ele em um constrangimento palpável.

- Bah...imagina se quisessem... – ele fitou Luciano – tu realmente ama o meu irmão cara? Eu devia saber que quando tu vinha aqui em casa não era por minha causa... – O constrangimento ia ficar maior se meu irmão continuasse aqui, eu tinha que tirar ele de casa.

- Gui...vai no mercado para mim – disse a ele que não entendeu.

- Não... – negou cruzando os braços – tu acha que eu vou deixar vocês dois sozinhos aqui depois de tudo que eu ouvi... – ele se virou para Luciano – você bateu no meu irmão, olha o teu tamanho, nós vamos ter uma conversa... – ele ia falar mas o interrompi.

- Por favor Guilherme... vá no mercado, compre uma garrafa de vinho tinto seco, de preferência merlot ou pinot noir, molho barbecue e bombom de alcatra ou maminha sem gordura uma peça de aproximadamente uns 2 quilos – ele estranhou.

- Para que? – perguntou sem paciência.

- Para o churrasco de amanhã, tu sabe que eu não como carne temperada no sal grosso, então vou temperar uma peça de carne para vocês assarem amanhã – ele me fitou, fitou, olhou de mim para o Luciano e depois suspirou.

- Você vai usar merlot para temperar carne vermelha, usa Tannat ou cabernet sauvignon – meu rimão falou como se fosse muita audácia da minha parte, ele conhecia mais de vinho do que eu - e outra, como eu vou confiar em deixar vocês sozinhos...e se acontecer algo... – disse com receio olhando para mim e para Luciano.

- Guilherme, eu não vou machucar teu irmão cara, se você não percebeu eu estou tentando concertar as coisas entre eu e ele... – Luciano disse isso me encarando e encarando meu irmão, que situação.

- Isso eu percebi... – ele pareceu ficar sem graça.

- Mano, você não vai brigar com o Luciano né? Vocês demoraram quase 10 anos para voltar a conversar, não vão romper de novo, ou vão? – cruzei os braços.

- Tá bom, eu vou, mas vou por que quero comprar uma bomba de chocolate e não por que você está mandando – contrariado ele pegou as chaves e a carteira e foi saindo – eu devo ir ali na nona Motta jogar canastra, volto em 2 horas, se eu ouvir gritos eu volto antes e trago ela junto – ameaçou ele.

Quando ele bateu a porta voltei minha atenção ao Luciano, ele me olhou envergonhado, mas tentou se aproximar.

- Não! – botei a mão na frente, ele se afastou – primeiro eu quero saber dessa história que você me ama – ele suspirou, vencido foi até o aparador e se serviu de uma dose de vodca com gelo, bebeu em um gole só, credo, desceu queimando em mim.

- Senta também, é uma longa história – disse ele me encarando.

- Ok – assenti e me sentei.

Coração FeridoOnde histórias criam vida. Descubra agora