Capítulo XLIX - A malícia de Fabrício

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Encarava meu reflexo no espelho. Eu me considerava bonito, eu estava um pouco mais magro e meus olhos e cabelos castanhos combinavam com meu rosto, minha barba recém aparada, me dando um aspecto jovial, um pouco másculo, um pouco delicado, eu gostava dessa harmonia, não mudaria nada em mim, nem mesmo o nariz de italiano herdado do meu pai, não que ele era grande, mas é peculiar.

- Mano, tu vai ficar pronto hoje ainda? – Perguntou meu irmão com raiva, mas só fazia 40 minutos que havíamos chagado em casa.

- Já estou saindo – respondi berrando para ele, me olhei mais uma vez no espelho, acho que acertei no look, camisa de malha escura, jeans e sapatênis, queria um estilo casual, até por que ser gay não me fazia ser um entendido de moda e nem espalhafatoso que nem alguns que a gente vê na mídia que pareciam mais um carro alegórico, eu estava confortável assim com um visual mais clean. Sorri e fui até a cômoda e borrifei um pouco do meu perfume preferido, Aqua Di Gio, eu estava pronto.

Saio do meu quarto e passei pelo corredor, olhei para dentro do quarto do meu irmão, parecia que o Katrina tinha passado por ali, balancei a cabeça e segui ao encontro deles.

-Olha ele aí... - Sergei cutucou meu irmão que olhava no celular.

- Até que enfim Fabrício, que demora, tu se arrumou para um casamento? – resmungou meu irmão impaciente acompanhado do meu amigo que mexia em algo no seu celular.

- Que roupas são essas? – Perguntei aos dois, eles estavam quase idênticos. Guilherme usava jeans, camisa social salmão e blazer perto, Sergei usava jeans, camisa social azul e blazer azul escuro, os dois estavam de sapato social, estavam bonitos, mas to much, eu podia não entender de moda, mas fiquei confuso – onde vocês vão? A uma reunião de trabalho ou ao culto na Universal? Viraram pastor ou empresários, que bobagem a minha, é a mesma coisa – Eles estavam muito bem vestidos, me encararam sério.

- Vamos apenas a boate mais cara de Caxias do Sul, temos que ir bem vestido, ainda mais que consegui um camarote para gente, o gerente de lá é meu amigo, reservou em cima da hora e eu quero impressionar – ele falou cheio de si, bem leonino mesmo.

- Desde quando meu irmão ficou tão superficial desse jeito? É você ou o seu signo que está falando? – Perguntei bobo com esse seu comportamento.

- Para de falar nesses negócios de signo – ele me fitou – sou assim desde quando eu descobri que ser bonzinho só me fez tomar no cu – ele me olhou e eu arqueei a sobrancelha, ele só podia estar brincando comigo – está bem Fabrício, eu não mudei, só quero comemorar, preciso extravasar minha cabeça, estou cheio de problemas e acho que ficar em casa sofrendo por antecipação não é o certo, não acha? – Sorri e assenti.

- Você está certo – concordei com ele - ainda bem que vai ser só por hoje – sorri e toquei em seu ombro – não mude pelos outros, se for mudar, seja por você, até por que gosto do Guilherme de sempre, o bobão ogrão de coração bondoso, isso é uma virtude sua, ele me faz lembrar que eu posso sossegar as vezes, de que não temos que nos esconder para agradar os outros e nem mudar – sorri e olhei para Sergei que observava o momento irmãos nosso.

- Para que eu fico sem graça assim - ele me deu um cutucão – agora volta lá dentro e te veste melhor, senão vai parecer que tu não tem bom gosto que nem o mano... – ele se interrompeu gargalhando.

- Né Guilherme – respondi puto – sou eu que ando parecendo que fui vestido pela mãe ou pela vó – ele riu, Sergei riu – eu vou assim, mania chata de se enfeitar todo, estou a vontade, vou para uma boate, não para uma entrevista de emprego – respondi a contra gosto, eles entenderam que não me fariam mudar a cabeça.

Coração FeridoOnde histórias criam vida. Descubra agora