Depois de entrar em casa era hora de se recompor. Luciano só mostrou o que ele sempre foi, um porco narcisista. Eu tinha que me preocupar com Sergei, não queria que meu amigo passasse aperto, ficasse se sentindo deslocado ou muito menos bem-vindo, por isso mesmo que o levei até a sala para o apresentar ao Guilherme da maneira correta. Encontrei ele e meus pais conversando na sala, o clima não era triste, mas também não era alegre, era neutro.
- Filho, com é que tu conseguiu convencer teu irmão? – Perguntou meu pai animado percebendo que eu e Sergei estávamos parados assistindo a troca de abraços entre eles.
- É por que eu sou ariano pai – ele franziu a testa e olhou para minha mãe que riu, ele não entendeu.
- Não entendi... - Sergei e minha mãe riram e meu irmão pelo jeito que me olhou também não entendeu, era hora de explicar, sentei ao seu lado e respirei fundo.
- Eu estou te zoando – meu pai ficou envergonhado, sentei ao seu lado e o cutuquei com o ombro – pai, na verdade eu só argumentei com o Guilherme que não tinha a necessidade de ele ficar plantado no hospital, não ia ajudar estando lá, e muito menos ia ajudar ele mesmo, Guilherme não come direito e nem dorme há 2 dias – e nem eu, pensei comigo mesmo - nós somos família e como família temos que ficar juntos... – olhei de relance para meu irmão que olhava de mim para Sergei tentando decifrar o que éramos.
- Só assim vamos passar por isso – disse minha mãe com um ar de esperança, logo nosso netinho vai estar com a gente – ela olhou para mim – um filho voltou, ao mesmo tempo que chegou um neto... – meu pai segurou em sua mão.
- Verdade... – meu pai concordou – Deus é tão bom para a gente que ele te trouxe em segurança junto com teu amigo e tu conseguiu me trazer o Guilherme para casa... – minha mãe revirou os olhos, era sempre assim, de nós 4 era o meu pai que era o mais religioso, junto com meu irmão, herança dos pais dele que o educaram na fé católica.
- Sim... – respondeu meu irmão com um brilho no olhar – não vai demorar para ter um gurizinho correndo pela casa... – ver a esperança do meu irmão me apertou o coração, pedi no meu consciente que ele sobrevivesse, era dor demais para meu irmão aguentar.
- Logo ele vai estar com vocês... – Sergei que permaneceu calado até esse momento comentou atraindo a atenção de todos.
- O Guilherme entendeu, não é mano? – Guilherme até então estava aéreo, mas ao chamar sua atenção ele sorriu – tudo tem sua hora – reforcei meu olhar.
- Sim... – seu olhar recaiu sobre o Sergei, ou melhor, nem saiu dele.
- Guilherme... - Meu irmão foi mais rápido, foi até ele e o encarou – então tu que é o amigo do meu irmão, que trouxe ele em segurança? – Perguntou do jeito curto e grosso dele deixando Sergei sem graça e me deixando pasmo, eu não tinha trazido meu amigo de longe para ser maltratado, muito menos pelo meu irmão.
- Filho, olha os modos – repreendeu minha mãe, eu me preparei para o pior.
- Sim, eu mesmo – Sergei se aproximou do meu irmão com um pouco de receio, mas manteve a pose – Sergei Kovac – estendeu a mão para cumprimentar meu irmão que olhou e fez pouco caso até que do nada abraçou Sergei que ficou assustado arrancando risos dos meus pais e um suspiro de alivio de mim.
- Obrigado por trazer meu irmão em segurança... – Disse desfazendo o abraço para um Sergei sem ação – ele é o único que eu tenho... – ele sorriu para mim, eu odiava quando o Guilherme fazia essas ceninhas.
- Por nada... – ele coçou a cabeça – eu faria o que o seu irmão faria por mim também, não é Fabrício? – Sergei me encarou, eu assenti.
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Coração Ferido
RomanceEntre encontros e desencontros muita coisa pode acontecer. O amor vem de onde menos se espera, ele pode nos surpreender. A dor, anseios e tudo o que gira a vida de dois amigos, pode mudar o sentimento deles de um para o outro?