Anna tinha uma coisa que era rara em qualquer pessoa. Ela perdoava com facilidade. Mesmo que não pedissem perdão, ela perdoava. Talvez não pela outra pessoa, mas por ela. Anna nunca levou problema para sua casa, e não se importava em pedir perdão também.
Na manhã seguinte, ainda em Roma, ela ficou alguns minutos a mais na cama. Admirando a rua barulhenta abaixo de sua varanda. Qualquer detalhe daquele lugar a tirava suspiros. Quando decidiu que a fome era maior que sua vontade de ficar deitada, desceu. O café da manhã ainda estava exposto para os hóspedes. Ela viu Harry lendo seu livro, com o cabelo amarrado em um coque, enquanto tomava café na hora.
- Bom dia. – ela sorriu para ele, esperando para ver o quão da noite passava havia afetado seu humor.
- Para você também, Anna. – ele respondeu, bebericando a cafeína em sua xicara. Harry não olhou em seus olhos, o que era estranho. Mas parecia estar de bom humor, o que era mais estranho ainda. – Vá comer, tem as panquecas que você ama lá na mesa.
- Você quer algumas? – ele negou.
As panquecas não estavam tão boas quanto as que Harry fazia, mas ainda eram panquecas feitas em Roma.
- Eu acho que podemos ir no Coliseu hoje. – ela falou, observando-o folhear seu livro com precisão. Era viciante ver como seus olhos passavam pelas linhas do começo até as do final da página antes que ele a virasse. – Tudo bem para você?
- Sim, pode ser. – ele deu de ombros, sem levantar o olhar.
- Que bom, eu pesquisei e acho que você vai amar. – Anna enfiou a panqueca na boca, rindo. – Eu sei como você ama as vistas dos lugares, e eu também. Vai ser perfeito para nós por...
- Eu esqueci de mencionar. – ele a interrompeu. – Convidei uma garota para ir com a gente.
Anna sente sua empolgação cair. Quando ele disse isso, uma garota apareceu no restaurante e se sentou com eles, no tempo perfeito. Harry finalmente olhou para Anna e lhe deu um sorriso azedo.
O Coliseu não parecia ter tanta graça sem Harry para traduzir algumas curiosidades para ela, ou sem tê-lo ao seu lado para observar Roma. Por mais que seus olhos se enchessem de lágrimas ao ver o quão bonito tudo aquilo era, Anna não tinha mais certeza se sua emoção estava no ponto turístico, ou no garoto britânico e a garota, que já não era a mesma com quem Harry passara a noite.
Ela até tentou arrumar uma amiga, mas não era como se entendesse alguma coisa em italiano. Harry não traduziu, ou deu atenção para Anna. Ele pegou o número de outra italiana quando a última o dispensou, porque ele só conseguia comentar sobre Anna. – ela nunca soube disso.
Ele não estava tentando se vingar dela, fazendo a ficar sozinha ou se sentindo trocada. Harry não tinha a intenção de fazê-la sofrer, só não tinha aprendido a ter controle de suas ações ou emoções quando ficava magoado. Porque a culpa não era dele, e mais tarde ele também percebeu que não era de Anna, que estivesse sentindo tudo aquilo e que não tivesse qualquer pessoa na Itália que o ajudasse a sair daquela agonia.
Se era cedo para Anna deixar Bradley ir, era cedo para Harry admitir para si mesmo que aquilo não o afetava.
De repente, Anna preferia que Harry quisesse descansar em seu quarto do que sair com ela para conhecer novas garotas. Itália parecia a trair de alguma forma aquele dia, e ela não gostava que Harry fosse sua arma contra ela.
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Anna
Teen FictionAnna não gostava de ficar sozinha, e Harry não estava procurando por uma acompanhante. O que ele foi descobrir depois foi que ninguém era capaz de deixar para trás aquela triste, divertida e fascinante garota que ele conhecera em uma cafeteria na...