Anna

doeu deixar você.

Harry e Anna mantinham seus olhares presos um no outro, perdidos na verdade daquelas palavras recém ditas. Harry abriu a boca para responder, mas foi interrompido por uns de seus amigos que os chamavam de volta para o jantar.

- Desculpa, eu atrapalhei alguma coisa? – perguntou o amigo. O ar estava tão quente que era possível sentir a intensidade que irradiava dos dois.

- Não. – Anna sorriu para o desconhecido, desviando os olhos castanhos de Harry. – Estávamos pegando mais vinho, e só.

A conversa entre os dois tinha sido a mais confusa que Anna tinha tido em anos. Seus sentimentos estavam completamente fora de ordem em sua cabeça, e ela não conseguia disfarçar a dificuldade de pô-los em seus devidos lugares pelo resto da noite.

Ela ficou calada a noite inteira. No fundo, os amigos íntimos de Jenny riam e bebiam vinho, e escutavam músicas antigas. Eles pareciam se mexer em câmera lenta enquanto, dentro dela, ela mesma corria de um lado para o outro, se preparando para a mudança que estava prestes a acontecer.

Harry também não falou muito, apesar da sensação quase completa que estava sentindo. Seu dia nunca pareceu tão leve, desde que tudo em sua vida caiu sobre seus ombros. A confissão de Anna parou na sua mente, e um sorriso interno o deixava com dor nas bochechas. De vez em quando, gostava de fechar os olhos e relembrar a conversa que tivera com ela horas atrás.

Ele tinha mesmo dito tudo aquilo? Tinha mesmo dito que ele era dela, não importasse qual utilidade teria?

A verdade era que Harry nunca tinha se sentido tão de alguém como se sentia com Anna.

Eles caíram no sono assim que voltaram para o quarto. Estavam exaustos, e teriam que acordar em poucas horas para se prepararem para o casamento.

A celebração fora organizada como Jenny sempre sonhara. Os tons vinhos das flores na decoração lembrava a noiva de sua estação favorita, e combinava com o jardim em tons de verde que, naquele dia, estava cheio de cadeiras e até mesmo um altar. Um dos principais motivos para Mark e Jenny terem comprado aquela casa foi porque ela era o lugar que eles imaginavam se casar. A casa tinha espaço o bastante e por isso também colocaram uma pista de dança.

Antes que o sol se firmasse no céu, os convidados estavam de pé, e corriam de um lado para o outro com vestidos nas mãos, copos de bebidas e os papéis que tinham os votos de casamento. Harry foi com os amigos para a garagem da casa, que foi reformada e transformada em um lugar que Mark pudesse levar seus amigos, sem que estressasse sua noiva e sujasse seu carpete.

Anna também se juntou com Jenny, e ficou emocionada quando precisou fazer o cabelo da noiva para seu grande dia. Ela ignorou tudo que se passava na sua mente para se dedicar ao máximo para o dia de sua nova amiga, e umas das melhores amigas de Harry.

- Você deveria ir se arrumar também, Anna. Não quero que se atrase para o meu casamento. – Jenny falou, com um sorriso doce nos lábios. Anna estava cuidando de tudo que Jenny não podia, como a organização das mesas, onde iriam os arranjos, e não tinha parado nem por um segundo. Estava tudo pronto, até os noivos já estavam vestidos, e Anna continuava com seu cabelo amarrado no topo de sua cabeça e o moletom de Harry. – Vá, não há mais nada que você possa fazer. Você merece se divertir hoje.

- Tem certeza? Não quer que eu refaça o seu penteado? Não tenho certeza se ele está preso o suficiente.

Jenny riu mais uma vez e segurou as duas mãos da garota: - Vá, está tudo perfeito. Graças a você.

Anna sentiu seus olhos se umedecerem e deu um abraço em Jenny antes de, rapidamente, voltar para o quarto. Harry estava com Mark, por ser o padrinho, então Anna teve tempo de sobra para se arrumar.