Karma

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Tudo oque você fizer voltará contra você.

Seja o bem ou seja o mal.

As horas seguidas atrás de uma porta de madeira branca, na ala leste do hospital, me fez ficar pensando qual seria minha reação da polícia sair procurando uma interna. Magie ficou comigo para me tranquilizar, mas oque iria me aliviar naquele momento era só ver oque se resolveu atrás dessa porta.

A polícia interrogava Guilherme e nós duas observávamos tudo pela persiana na parte de fora. Ele dizia tudo sem pestanejar, oque me fazia acreditar que ele tinha ensaiado para esse momento. Oque me levava também a acreditar que ele tenha se entregado.

A porta se abre ao nosso lado e nos afastamos rapidamente iniciando uma conversa sobre bicicleta para disfarçar. O policial segue pelo corredor deixando Guilherme preso na maca.

-Vai entrar? - pergunta Magie. Digo que sim e ela me olha incrédula. - Não seria errado?

-Sim. E desde quando isso está sendo problema? - digo puxando a maçaneta. - Vai ficar?

Ela se apressa a me acompanhar e então entramos.

O rosto de Guilherme estava com um sangue seco, parecia Carrie A Estranha, estava olhando para a frente com seus olhos azul e mel.

-Oque você fez?

-Virei um trem - ele me responde ainda encarando o quadro a sua frente da cama.

-Eu quero dizer...

-Me entreguei - passa seus olhos de relance com os meus e pigarreia, estava com vergonha de me olhar. - Disse que fiquei em estado de choque e saí do hospital, fiquei andando pelas ruas até minha cabeça começar a doer.

-Então...

-Ninguém sabe que você me ajudou.

Aquilo aliviava um pouco do meu peso, poderia chorar agora, mas ainda precisava mostrar segurança para Guilherme que tudo ia ficar bem. Mas essa noticia me atingiu num baque, é a prova de que minha carreira não será afetada com nada do que aconteceu.

-E você? - indago, ele me olha com um sorriso no canto do rosto.

-Não vou ser preso Alexia, relaxa - convicto do que dizia, Guilherme mostra um sorriso ainda maior. - Essas algemas aqui é para caso eu entre em choque novamente, mas eles irão falar com a empresa e escutarão meu depoimento...

-Graças aos céus!

Abraço Magie que parecia não concordar com aquilo tudo, mas ficou em silêncio durante todo o momento.

-E quando você poderá sair? - pergunto.

-Ainda não sei. Vão falar com meu chefe, serei demitido, pessoas irão me odiar, serei indenizado a pagar uma taxa de qualquer coisa...

Chego perto dele e o abraço, Guilherme estava com o cheiro do meu shampoo e sabonete. Quando o solto, nos encaramos por um momento, ele é lindo de perto, sua boca perfeitamente desenhada, o rosto redondo com algumas cicatrizes...

-Oque vocês fazem aqui? - pergunta o policial voltando a sala.

Rapidamente coloco a mão no pescoço doo Guilherme.

-Me disseram que tinham pego o maquinista e vim ver como...

-Sai daqui - ele diz. - Agora!

***

Os dias se passaram, fazia um tempo que eu não via Guilherme.

Tinha participado de duas cirurgias só essa semana, não descanso desde então. Nesse sábado eu prometi pra mim que iria aproveitar a folga que o hospital deu para os internos. Todos tinham se encontrado no cinema, assistimos dois filmes e depois fomos a um rodízio de pizza. Fazia tempos que o pessoal da minha turma não se divertia.

Alexia, Guilherme E As Segundas OpçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora