Capítulo 9 - Inverossímil

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Suas condenações me levaram ao desespero
E a beira da temível loucura,
O feitiço se voltou contra o feiticeiro,
E você decai em uma afável amargura,
Em uma doçura ríspida e digna de piedade e ternura.
Você colocou a corda envolta de seu pescoço já faz muito tempo, minha querida,
Tudo o que lhe falta é puxá-la de uma vez.

***

Ei, não confie no brutal e rude monstro com a espingarda,
Ele pode te ameaçar e atirar em você a qualquer momento que imaginar.


"- Eu contarei até três para vocês correrem para o mais longe possível" – disse o homem, preparando sua arma e apontando para os seus alvos. "- Um, dois...".

Três.

- Martin.

- O que fizemos para merecer isso? – Sussurrou.

- Filho? – Após o segundo chamado de seu pai, Martin ergueu seu olhar para o mesmo. O homem arrumou seus óculos no rosto, olhando levemente duvidoso para Martin. - Não vai entrar?

Martin era o único do lado de fora de sua casa, sua mãe já havia levado os convidados para dentro e Tomás estava guardando o carro. Henry segurava a porta aberta, esperando Martin entrar. O garoto concordou e, de cabeça baixa, seguiu para dentro em passos silenciosos, com receio de encara os olhos do pai e fazê-lo perceber que seu humor alegre de mais cedo havia mudado levemente, deixando-o amargo. Henry, mesmo estranhando a atitude do filho, deixou aquilo passar e foi para a sala de estar onde todos os outros estavam.

Os amigos de Mary já estavam acomodados em um sofá e ela já havia iniciado uma conversa, Henry se sentou em sua poltrona e Martin permaneceu de pé, aparentando ainda estar com a cabeça nas nuvens. Olhou rapidamente para cada um naquela sala, desanimado para dialogar com aqueles convidados, desejando desaparecer dali para fazer qualquer coisa, até mesmo cálculos matemáticos seriam mais divertidos do que aquele clima, e ele odiava matemática.

- Eu verei se Rose precisa de ajuda na cozinha. – Anunciou. Cozinhar era realmente uma terapia para ele quando se estava incomodado.

- Ela é uma empregada, é o trabalho dela. Sabe se virar. – Frederick respondeu e desejou não ter feito após ver as sobrancelhas de Martin franzirem em irritação.

- Isso não me importa, irei do mesmo jeito. - E eu te perguntei alguma coisa, por acaso? Após ver que sua rudeza foi percebida em seu tom de voz, ele tentou sorrir para amenizar. Se controla, cara. Martin tem que ser gentil e sorridente, Martin deve ser um anjo. Martin não deve ser como você mesmo é. – Volto logo.

Dez minutos depois Martin estava se dirigindo ao balcão que ficava ao lado do fogão onde Rose estava, a mulher cantarolava baixo e mexia em uma panela, rapidamente pegando alguns ingredientes e adicionando no recipiente. Seus cabelos negros estavam presos em um coque e debaixo de uma fina touca levemente transparente, seu rosto sardento estava sutilmente rosado. Ele olhou curioso para a panela, mas não decidiu perguntar o que era, querendo se surpreender com a refeição que lhe aguardaria mais tarde.

- Isso vai demorar muito, Rose? - Ele perguntou e a empregada se virou para ele.

- Não muito, querido. Estou terminando aqui, farei o chá para as visitas.

- Por favor, não se incomode com isso. - Ele ergueu sua mão direita, mostrando o conteúdo nelas. - Acabei de apanhar algumas ervas frescas, então eu posso fazer o chá.

- Mesmo? Será de grande ajuda. - Ela retribuiu o sorriso. - Obrigada.

- Está tudo bem. Já fiz aulas de culinária para esse tipo de coisa. - Ele foi até o balcão e colocou as ervas ali, logo indo até onde havia a prataria. – Além do mais, Mary e Henry estão pagando minhas aulas particulares, e não quero desperdiçar o dinheiro deles.

O Caso de Emma BrownOnde histórias criam vida. Descubra agora