Capítulo 22 - Se Esqueça de Mim, Miosótis

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Se eu for embora com o vento,

Saiba que voltarei um dia,

Eu nunca o abandonaria.

Mesmo que seus olhos percam a luz e seu corpo se converta em pó,

Estarei sempre olhando por ti,

Para sempre ao seu lado.

***

Eu só não quero ficar sem você essa noite.
E eu não quero que o mundo me veja
Porque não creio que eles entenderiam,
Quando tudo estiver destruído
Eu só quero que você saiba quem eu sou.

Iris - Kina Grannis version

- London bridge is falling down. Falling down. Falling down. - Murmurava a mulher em corpo de garota. - London bridge is falling down, my fair lady.

Emma respirou fundo e jogou sua cabeça para trás, cansada de esperar. Sentada no chão do que ela pôde chamar de "seu quarto", apoiou a cabeça na cama e sentia-se um pouco fria, mas não fraca. As cores de seu cabelo que, há não muito tempo atrás, estavam opacas e bem claras, agora brilhavam em um belo vermelho ferrugem, fortes e saudáveis. Respirou fundo, sentindo-se tudo, menos "louca" como acusavam que ela estava.

- Venha, venha, querido. O seu tempo já está acabando.

Ela estendeu seus braços para o lado e encarou o teto com seus belos olhos acinzentados que, levemente, mudavam para um azul celeste fraco.

- Ah... um ano. Já se passou tudo isso...?

Ela se levantou e desejou olhar por uma janela e sentir ar fresco, mas já fazia meses e meses que não sentia o ar puro no rosto ou sentia-se livre do lado de fora. Presa em um hospício, Emma poderia somente continuar a ser forte e passar por cima de tudo o que a queria derrubar: os sedativos que lhe davam como se ela realmente precisasse deles, a solidão dos dias e algumas visitas inconvenientes de Charlotte Brown.

- Mas não faz mal. - Disse ao se deitar em sua cama branca pouco confortável. - Porque eles me deram uma chance hoje. Depois de tanto tempo de bom comportamento, poderei ir ao refeitório e passear um pouco por esse lugar sombrio. - Sorriu. - Me sinto tão feliz...

Tão feliz que...

Emma Brown morrerá hoje.

Depois de ter tido seus planos frustrados há um ano e dois meses atrás, ela se viu sem escolhas e se "entregara", dizendo que havia feito todo o trabalho para matar os Brown. Disse que os mesmos haviam levado-a para a floresta em que se perdera e tentaram executá-la, mas ela havia conseguido se livrar deles e os matou, indo para o Sanatório e fingido não ter feito nada daquelas coisas. Disse que machucou Emily e coagiu Martin Brown a ajudá-la, que com certos "contatos" - que era proibida de revelar - haviam escondido os corpos de seus pais e que ele também havia atirado em Caleb por estar assustado e sob suas ameaças. Então, por ter sido uma "vítima", nada aconteceu a ele. Tomás não fora interrogado por nada, já que a "verdade" estava posta à mesa.

O detetive, por ter tido suas memórias manipuladas e pensando ter visto coisas que, na realidade, eram somente ilusões, concordou com todas as afirmações da garota.

Por ser considerada mentalmente doente e incapaz de responder por seus atos, Emma foi condenada a passar o resto de seus dias no Sanatório Sta. Lucy.

O Caso de Emma BrownOnde histórias criam vida. Descubra agora