Especial - Crianças da Calamidade

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A Senhora dos Elementos está em busca de pupilos,

Se mantenha longe dela.

Hoje é o dia das bruxas, eu vou proteger você,

Porque ela não conseguirá nada vindo de nós.

***


A pequena vila estava totalmente enfeitada e colorida naquele dia.

A garotinha de longos cabelos ruivos estava sentada em frente à uma casa humilde, admirando a grama abaixo e si. Vestia uma fantasia de bruxa, o tule roxo da grande saia de seu vestido cobria suas mãos que estavam entre as pernas, e a parte de cima da vestimenta era preta com alguns fios prateados que fechavam à frente, deixando a peça com uma aparência delicada. O chapéu escuro e pontudo em sua cabeça parecia grande demais, mas não se importava com aquilo. Encarou as sapatilhas e suas meias longas e listradas, esperando por alguém ansiosamente. O pote em forma de caldeirão em sua mão ainda estava vazio de doces, e esperava pegar o tanto que precisava para aquele dia. Doces de abóbora, pensou, papai gosta de doces de abóbora. Tenho que pegar muitos.

- Toc, toc! Tem alguém em casa?

A vozinha que disse aquilo veio acompanhada de alguns toques, já que a pessoa ali bateu levemente os nós dos dedos contra a cabeça de Emma. Ela ergueu seu rosto, segurando o chapéu para que o mesmo não caísse, e se deparou com um garotinho de cabelos loiros pálidos fantasiado de Conde Drácula. Imaginou se aquela fantasia era para deixa-lo assustador, porque o efeito estava sendo totalmente o contrário, deixando-o uma graça. Mesmo sem ter saído de casa em busca de doces e assustar pessoas - se é que essa última parte era possível - estava com sua boca e presas desajeitadas sujas de chocolate.

- Uau, você está tão bonita, Emma! - Ele disse, realmente encantado com ela.

- Tia Ana deixou você comer antes de sairmos, é?

- Claro que deixou, ela só não sabe ainda. - Sorriu, sapeca. - Vamos! Os doces acabarão se demorarmos muito.

- Você também está muito bonito, Henry. - Ela disse, se levantando e pegando sua mão. Henry Blake abriu um grande sorriso feliz, atrapalhado com a capa preta que fazia parte de sua fantasia. - Vamos pegar muitos doces.

- Isso! - Comemorou, dando um soco no ar. - Henry ama doces!

- Não fale na terceira pessoa, é estranho.

Ele deu uma risadinha e começou a cantarolar baixo, agarrado à mão de sua amiga. Emma se perguntou como uma criança que ainda faria quatro anos conseguia ser tão agitada e falante. Eu não gosto de doces, mas ver o sorriso dele é muito melhor do que qualquer chocolate por aí, pensou ela, talvez esse seja um bom Halloween, afinal.

- Hoje é o nosso dia! Hoje é Halloween! - Ele disse em meio ao seu cantarolar.

- E quem disse que o Halloween é o nosso dia?

- Hum? - Olhou para ela. - Achei que fosse óbvio. Porque somos amaldiçoados, Em.

- Nunca mais diga isso! - O repreendeu, fazendo-o pular de susto e se perguntar o que tinha feito de errado. - Não somos amaldiçoados, somos especiais!

- Mas... as crianças disseram que...

- Aquelas crianças são... - ela respirou fundo, tentando se controlar. - São bobas que não sabem de nada.

O Caso de Emma BrownOnde histórias criam vida. Descubra agora