Capítulo 21 - Crisandálias Perversas

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Meu pobre jacinto azulado,

Tem estado tão triste e sem vida,

Já faz quantas primaveras que está aqui?

Eu também não estou bem, porque todas as minhas outras flores já murcharam,

Não posso protegê-las de seu destino que é esse terrível inverno,

Elas voltarão no próximo verão.

Meu querido jacinto triste,

Por que tem estado tão monótono ultimamente?

Nossas perdas foram muitas, mas isso não importa mais,

Porque eu, a sua querida protetora, estarei contigo para todo sempre.

...

Você não precisa chorar mais.


***

Um manto vermelho sujo de escuridão lhe cobre de forma tão vil.

Ah, meu bem,

Você não tem mais escapatória.

Tomás estava se perguntando se aquela situação toda poderia piorar.

Com um pequeno mestre irritado no banco de trás resmungando a cada cinco segundos e o trânsito pesado, ele imaginou que os dois nunca chegariam no Sanatório no horário desejado. Estava preocupado com Emily sozinha em casa e com Emma no hospício, e acima de tudo angustiado com as batidas de pé de Martin logo atrás de si. Ele quase disse "Tenha cuidado para não fazer um buraco no banco, senhor", mas sabia que o garoto rosnaria para ele e faria uma carranca, piorando o seu humor em dez vezes mais.

- Ei! - Lá veio o esperado resmungo de Martin. - Será que dá pra andar mais rápido com essa joça ou tá difícil?! Bora! Acelera isso aí, Tomás!

- O senhor quer que eu passe por cima dos carros e ultrapasse todos os sinais vermelhos?!

- Sim, eu quero!

- E os pedestres?!

- E eu estou com cara de quem se importa com isso?!

O pensamento de que as coisas poderiam piorar realmente fez tudo ir por água abaixo. Assim que o trânsito ficou mais leve e ele estava prestes a agradecer todos os deuses por isso, o carro passou a fazer sons estranhos e a ficar mais devagar, arrancando uma reclamação baixa do mordomo/chofer. Eu deveria ter mantido meus pensamentos calados.

- Por que diabos estamos parando? Você não colocou gasolina nessa geringonça mais cedo?!

- Acalme-se, senhor. Deve haver algum problema com o motor. - E o encarou pelo retrovisor. - Teremos que fazer uma parada no mecânico.

- Mas que desgraça! - Grunhiu e bagunçou os próprios cabelos, ansioso e irritado. - Então seja rápido!

Tomás teve sorte em avistar uma oficina mecânica logo perto, levando o carro o mais rápido que conseguia para lá. Martin saiu do veículo e suspirou em nervosismo, se dirigindo para fora do lugar. Sem muita demora o seu mordomo fez-lhe companhia, informando que havia problemas com o motor e que provavelmente demoraria um pouco até o conserto ser totalmente finalizado. Era tudo o que me faltava, pensou, tentando se manter calmo e encarando um parque que estava do outro lado da rua. Parece até ser uma praga daquele maldito espírito de porco.

O Caso de Emma BrownOnde histórias criam vida. Descubra agora