O Caso de Emma Brown

Capítulo 15 - Manifestação

Meu caminho trilhado de sofrimento

Me diz que devo deixar os maus momentos para trás.

A voz em minha cabeça me diz o contrário,

Que eu devo me curvar e deixar a tristeza me possuir,

Que não tenho mais opções,

E devo cometer mais erros novamente.

Temo que não devo escutá-la,

Porque sua voz áspera me causa arrepios e medo,

Tenho que ser forte para não dar-lhe ouvidos.

Mesmo sem uma casa para voltar,

Tentarei resolver os mal-entendidos,

Porque eles não passam de equívocos que devem ser corrigidos.

***

O escritório de Caleb nunca teve um clima tão pesado quanto o de agora.

Emily Brown estava sentada de frente à sua mesa, mastigando furiosamente um croissant que o detetive havia comprado mais cedo, já que a mesma dizia que estava morrendo de fome. Após tê-la encontrado em um péssimo estado na mansão, a garota desmaiara e ele se viu obrigado a leva-la ao hospital de sua família - não que não fosse fazer isso antes - o mais rápido possível. Ela foi tratada e o médico que a atendera dissera que ela sofria de desidratação e havia perdido muito sangue por conta de seu olho direito, que não havia sido furado, e sim retirado por completo. Ela devorou toda a comida que lhe serviram no hospital e, mesmo reclamando o tempo todo o quão era ruim, deixava lágrimas de alegria escorrerem pelo seu rosto repleto de dor.

Mas ela estava "bem", apesar de tudo, e conseguia se locomover normalmente, somente possuía dores em sua cabeça e na parte direita de seu rosto, o que poderia ser justificado com facilidade. Após um dia inteiro repleto de mais e mais exames, Emily precisava passar a noite ali como uma garantia de que ela fosse ficar bem no dia seguinte. E ficou, tanto que eles estavam, nesse exato momento, sentados um de frente para o outro, e ele estava esperando pacientemente que ela terminasse de comer para contar a sua história.

Emily, após terminar o seu tão saboroso lanche, limpou suas mãos no vestido novo que Caleb teve que comprar para ela e tossiu duas vezes, arrumando sua coluna na cadeira.

- Esse vestido pobre não me agrada. - Ela soltou a contragosto porque, se estivesse realmente bem e normal, nunca diria algo rude como aquilo.

- Pois esse vestido pobre é a única coisa que você pode usar no momento. - Ele respondeu, nem um pouco incomodado. - Pode nos contar o que aconteceu com você, Emily?

- Aconteceu o que? Onde?

- Semanas atrás, antes que você fosse parar no sótão de sua casa. - Lucas esclareceu, de pé atrás da garota. Ele arrumou seus óculos e sacou seu caderno de anotações e uma caneta do bolso. - Tome o tempo que precisar.

- Vocês querem dizer a última vez em que estive com meus pais? Aliás, onde eles estão?

- Nós achamos que é melhor sua tia, Mary, conversar com você sobre isso.