Capítulo Extra - Sujeira

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Tudo o que eu queria

Era lhe dar um pouco de paz.

Mas como poderia lhe dar algo

Do qual o que é eu não me recordo mais?

Porque eu já fui esquecido há muito tempo,

Exilado de um lugar chamado "casa"

Que não era mais o meu lar.

***


A sala de jantar parecia aquecida, fazendo com que o ambiente ali fosse totalmente agradável para Henry e Mary, que conversavam sobre os assuntos do hospital da família. Na ponta da grande mesa, não muito longe deles, Martin remexia em sua comida e sentia seu estômago embrulhar, mas não estava com nem um pouco de fome.

Isso é tão engraçado, ele pensou. Parece que era ontem que eu estava implorando por um pedaço de pão e passando frio, e hoje estou comendo pato com laranja e vestindo ternos caros.

Esse é um mundo tão inesperadamente... interessante e injusto.

Mesmo sendo considerado uma pessoa nova, ele já passara impor muitas dificuldades, e uma delas foi ser banido de sua casa e morar nas ruas, e a única coisa que o fazia pensar que tudo poderia melhorar era a pessoa que sempre esteve ao seu lado, e ele faria qualquer coisa para alimentar a si mesmo e a ela. Seria um garoto moribundo ou um sorridente perdido, seria um ladrão ou pediria esmolas pela rua onde residia, implorando para as pessoas carregadas de joias por algumas moedas que pudessem pagar algo barato para que pudesse engolir. Não importava se precisasse manipular alguém ou como atuaria, ou até mesmo o quanto estivesse agoniado, conseguiria atingir seu objetivo a qualquer custo. Era uma promessa que fizera consigo mesmo, era algo que levaria para a vida toda, não importasse o que acontecesse.

Essa era a sua mentalidade má e, ao mesmo tempo, tão digna de pena.

"- Está tão desesperado assim?". - Uma mulher disse a ele uma vez, carregando um colar de brilhantes no pescoço e um sorriso sórdido nos lábios. "- Então, que tal me emprestar um pouco desse seu corpo fofo para mim? Prometo que não tomarei muito do seu tempo e te recompensarei bem, rapazinho.".

Martin sentiu um incômodo na garganta e sentiu como se tomasse um soco na boca do estômago, colocou uma mão na boca, sentindo náuseas ao se relembrar de tal momento. Torceu para que seus pais estivessem ocupados o suficiente para não observá-lo e perguntar o que houve, porque ele realmente não estava em condições de responder. A comida, que já não parecia ter graça antes, se tornou menos apetitosa e gotículas de suor começaram a acumular em sua nuca. Merda, merda, merda...

"- Bem, por que não?".

Ele respirou fundo, tentando se controlar. Retomou sua postura, estremecendo levemente, e se concentrou em não se sentir mal mais. Isso é passado, pensou, não fique pensando nessas coisas ruins novamente, seu tolo. Suas escolhas já foram feitas e não podem ser mudadas.

A raiva que sentia no peito se dissolveu aos poucos, sabendo que não adiantaria de nada se alterar agora. Tais acontecimentos estavam no passado e não poderiam ser mudados, por mais que ele se sentisse mal com eles ou somente quisesse apaga-los da memória. Apagá-los..., ele quase soltou uma risada baixa, eu não posso me esquecer dessas coisas.

O Caso de Emma BrownOnde histórias criam vida. Descubra agora