Capítulo 8 - Tóxico

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Caleb olhou para um pequeno pedaço de papel que possuía e depois voltou a encarar a loja à sua frente. Mais cedo, Mary Brown havia marcado com ele no mesmo local para sua tão esperada conversa, e nem era mais segunda-feira. Caleb colocou o papel no bolso novamente e entrou na loja, respondendo o cumprimento da recepcionista e correndo os olhos pelas mesas do lugar. Em uma delas estava Mary arrumada formalmente, olhando pela janela, distraída. Ele caminhou até lá e ela o olhou, tomando postura e sorrindo.

- Ah, bom dia, Sr. Gracês.

- Bom dia, Mary. – Ele se sentou e observou o local mais uma vez. Puxou uma cadeira para si, sentando-se nela logo em seguida. – É um lugar chique, não é mesmo?

- Podemos ir a outro lugar se desejar.

- Não é necessário, vamos apenas conversar.

- Claro, eu fiz um pedido de dois cafés mais cedo, tudo bem?

- Sim, obrigado pela gentileza.

Ele não disse mais nada, não querendo que sua conversa fosse interrompida pelo garçom quando o mesmo trouxesse os pedidos, então somente encarou suas mãos, esperando pacientemente. Não demorou muito para o garçom chegar e servi-los, e Caleb se virou para Mary, olhando com atenção suas feições calmas enquanto ela pegava a xícara de café.

- Você está bem calma, Mary.

- Um advogado não pode deixar suas emoções transparecerem, eu normalmente somente me abro perto de minha família. Sobre isso... – ela pousou a xícara de volta ao seu lugar, fazendo-a tilintar levemente. – Me desculpe pelo o que aconteceu dias atrás. Sobre a reação de meu marido e filho, sinto muito por ter presenciado algo daquele tipo.

- Fora um dia agitado aquele, eu ainda estava preocupado quando saí de lá, Emma estava notavelmente nervosa também. Como os dois estão?

- Eles já fizeram as pazes. Henry se sentiu um pouco culpado porque não faz muito tempo que Martin estava doente, mas tudo ficou bem no final.

- Isso é ótimo de se ouvir. Enfim, vamos ao que interessa. – Ele cruzou as mãos em cima da mesa e tomou fôlego para começar o assunto. – Henry me contou sobre o orfanato em que Martin e Emma foram adotados também, mas ainda não tive tempo para investigar ainda...

- Ah, não deve haver nada demais lá, apesar de aquele lugar é importante para mim. Afinal, dotar Martin foi a melhor escolha que eu já fiz em minha vida.

- Eles eram realmente próximos, o que aconteceu para se separarem tanto?

- Eu não faço ideia. Pelo o que eu soube por ele, Emma começou a agir de forma ríspida e diferente, por isso se afastou dela. Eu não entendi isso muito bem, já que uma amizade forte deveria aguentar isso. Antes de Martin vir comigo, eu soube que ele chegara ao orfanato... Muito ferido. - Ela desviou o olhar e recolheu suas mãos, as apertando no colo. - A diretora disse que foi um milagre ele ter sobrevivido.

- O que foi que aconteceu, exatamente?

- Ele e Emma haviam sido pegos em meio a um tiroteio antes de irem ao orfanato. Ele a protegeu e a mandou correr para salvar a si mesma, e simplesmente esquecê-lo lá. Emma o deixou, mas voltou com ajuda. Se não fosse ela naquela situação... Talvez Martin estivesse morto. - Ela pigarreou, controlando suas emoções. - Bem, não houve sequelas, mas por conta do trauma que passou ele perdeu suas memórias. A diretora disse que foi bem difícil para ele nas primeiras semanas, mas que ele se recobrou algumas coisas e também sobre Emma, sua única amiga.

- Você ainda acredita que eles possuem afinidade?

- Sim, acredito. Ele quase morreu por ela, e ela o salvou. O que mais seria?

O Caso de Emma BrownOnde histórias criam vida. Descubra agora