Capítulo 5 - Diário

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Todos esses sorrisos são postiços, são fracos, asquerosos,

É como brincar de teatro em uma grande casa de bonecas.

***

Em uma tarde de sexta-feira, Caleb estava de frente a um portão de mais uma mansão, só que dessa vez a mesma estava desabitada. Lucas ao seu lado suspirou e começou a vestir suas mãos com luvas plásticas, sendo que Caleb já havia feito isso antes dele. A primeira impressão deles daquele local era o clima pacífico, o lado de fora estava amontoado de folhas alaranjadas e amareladas que continuavam a cair das árvores, o outono tingia a rua pacífica das mesmas cores, deixando o ambiente bonito e atrativo. 

- Finalmente temos permissão de entrar na casa. – Disse Lucas.

- Eu checarei os quartos e você os outros cômodos.

Ele concordou e os dois entraram, avançando rapidamente para a porta da mansão de Christopher e Anne, que não era muito diferente da de Henry e Mary, o que Caleb não achou estranho. Havia muitas caixas para todos os lados, móveis cobertos por lençóis, tudo isso indicando que eles estavam de mudança antes de desaparecerem. Lucas ficou encarregado de olhar o primeiro andar, e Caleb subiu as escadas para olhar o andar de cima. Terminando de subi-las, escolheu entrar no corredor esquerdo antes de ir para o direito. Quando olhou para a parede ao seu lado e colocou uma mão sobre a arma que estava em sua cintura, alerta.

A parede estava manchada de vermelho, e ele rapidamente reconheceu que era sangue. Andou devagar pelo corredor, pegando a maçaneta da primeira porta que surgiu, e a abriu. Apontando sua arma para dentro do quarto, correu seus olhos por todos os cantos, mas não havia nada. Olhou debaixo da cama de casal e abriu os guarda-roupas para confirmar sua suspeita, vendo que tudo estava em ordem. Não relaxou, havia outros quartos para olhar, mas os investigaria depois. Ele percebeu que estava no quarto do casal, também observando algumas malas em cima da cama. Havia notado que os guarda-roupas estavam praticamente vazios, e Christopher e Anne pareciam com pressa em arrumar, no mínimo, o básico de seus pertences. Apesar de que aqui nada parece "básico", pensou Caleb.

Ele caminhou ao lado da cama e viu, em cima de uma das malas abertas, um livro de capa marrom grosseira. Pegou o mesmo e o olhou atentamente, não havia nada na contracapa. O abriu, observando as páginas amareladas, e passou a primeira delas, vendo gravuras douradas e grandes escritas "diário". Passou mais duas páginas para chegar a que estava preenchida, o nome "Anne Brown" estava na primeira linha, em uma caligrafia delicada e bonita. A primeira data descrita era de vinte de setembro de 2015, e explicava que Anne começara um novo diário por ter perdido o anterior em uma viagem de barco. Os primeiros meses não diziam nada de muito importantes para chamar a atenção de Caleb, no final das contas, já achava que estava sendo enxerido demais lendo o diário de uma mulher. Mas esse era o trabalho que ele deveria fazer, de qualquer forma.

Logo, datas recentes começaram a se destacar com seus conteúdos, o fazendo ler com atenção.

Dia 07/01/16

Hoje fomos à casa de Mary e Henry comemorar o aniversário de Martin. Eu o presenteei com um belo livro de fantasia que comprei, e Christopher deu a ele luvas e um taco de basebol, que ele havia escolhido de mau humor. Afinal, ele não queria ir ao aniversário do garoto e nem ao menos comprar um presente. Martin os aceitou com um sorriso doce e agradeceu, mesmo que eu soubesse que ele não gostou do presente de Christopher (ele não é um garoto muito atlético). Ele logo os guardou e pegou a mão de Emma para levá-la para o jardim. Emily, curiosa, logo os seguiu para o local. Eu pensei que a festa teria um tema infantil, algo com palhaços e mágicos, mas Martin não queria coisas assim e minha irmã e Henry realizaram algo discreto. Os arranjos na mesa estavam lindos e foram feitos pelo garoto, e mesmo assim Christopher reclamou algo como "ele deveria agir como um garoto, não como uma garota mexendo com essas flores". Mary não gostou dos comentários dele e se afastou, e Henry deu a ele um olhar de repreensão. Na verdade, nem eu mesma estou aguentando as cismas e chiliques de Chris quanto as crianças que foram adotadas recentemente.

O Caso de Emma BrownOnde histórias criam vida. Descubra agora