Capítulo 14 - Espinhos Carmesim

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As flores rubras estão florescendo no nosso jardim de inverno.

Você é uma típica rosa do deserto.

Doce veneno perverso, me permita não respirá-lo mais, meu corpo dói por inteiro,

Minha alma roga por redenção.

A corda que nos conecta está me sufocando cada vez mais.

Nobre rosa do deserto,

Seu veneno matou todas as outras plantas, e me asfixiou execrável e ternamente.

***

Mary suspirou e passou uma mão pela testa, sentindo o estresse tomar-lhe aos poucos. Apoiou o seu cotovelo no braço do sofá em que estava sentada, olhando para baixo enquanto processava as informações que acabara de receber pelo telefone. Lucas Bandeira acabara de fazer uma ligação, avisando que havia um assunto muito sério que a mulher precisava tratar com ele e Caleb, e ela deveria, urgentemente, comparecer ao escritório dele ainda naquela tarde.

Eles haviam encontrado Emily, e Anne quase chorou de alegria ao ouvir aquilo, agradecendo a Deus e aos detetives por isso. Além disso, ele dissera que Emma seria liberada do Sanatório Sta. Lucy em questão de dois dias. Não possuía um bom pressentimento quanto ao que os detetives queriam conversar e, apesar da felicidade pela sua sobrinha ter sido encontrada, sentia um peso a mais em seu peito. O que pode ter acontecido de tão ruim que me sinto dessa forma?, pensou, franzindo o nariz. Deus, eu preciso de férias.

O telefone tocou mais uma vez e ela respirou fundo, contando até três antes de atender. Mal pôde dizer "alô" quando uma voz, desesperada, já despejava palavras e palavras do outro lado da linha, enchendo a cabeça de Mary com confusão e choque. Ela somente pôde compreender algo como "acidente", "Leo" e "Anastácia", e o quanto o homem sentia muito por alguma coisa. Aquela voz era a de Frederick.

Enquanto começava a compreender aos poucos o que acontecia, Mary sentiu seus olhos lacrimejarem e uma lágrima escorrer por seu rosto, salpicando em sua saia escura. Frederick desligou antes que ela pudesse dizer alguma coisa, deixando o telefone em seu irritante e monótono "tum, tum, tum". Ela largou o aparelho em cima do seu colo, afastando a franja castanha do rosto, puxando todo seu cabelo chanel para cima como se fosse arrumá-lo em um coque, mas somente parou suas mãos ali na cabeça e deixou que as lágrimas fizessem uma trilha triste pelo seu rosto. Tomás, após terminar de descer as escadas, percebeu o estado de sua patroa e a encarou, hesitante.

- Madame? - Tomás tentou falar com ela. - O que houve?

Ela simplesmente tirou suas mãos dos cabelos e balançou sua cabeça, fungando. Não queria estar naquele estado na frente do jovem, mas nada poderia fazer quanto aquilo; estava triste com todos os acontecimentos recentes e mais tal notícia que acabara de receber, e precisava expelir tal sentimento do peito antes que enlouquecesse. Henry Brown, no mesmo momento, acabara de adentrar a casa, e se surpreendeu ao ver a esposa chorando. Deixou a maleta que carregava no chão e foi rapidamente até ela, se ajoelhando na sua frente e envolvendo suas mãos geladas e úmidas pelas lágrimas com as suas.

- Por que está chorando, meu amor?

Ela pensou em dizer que não era nada, somente o estresse lhe subindo à cabeça, mas não poderia mentir para os olhos preocupados de Henry que encaravam os dela. O homem era tão gentil e sincero, ela sentia que não poderia mentir para ele e inventar uma desculpa para que, mais tarde, voltasse a tocar em tal assunto que lhe causava tanta dor. Ela tentou secar suas lágrimas, mas mais delas somente tornaram a surgir, incansáveis.

O Caso de Emma BrownOnde histórias criam vida. Descubra agora