Capítulo 19 - Redenção

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Eu tive um triste sonho

Em que você se deitava sobre a grama

Sem nenhum sentimento no peito

E a vida esvaíra de seu corpo sereno,

Tudo decaiu em um mortal silêncio.

As flores choraram e os vagalumes brilharam em um monótono amarelo melancólico,

O mundo a minha volta se encharcou de lágrimas tuas e minhas,

E a escuridão me tomou como posse.

Me deitei ao teu lado,

E juntos fomos para casa.

***

Três horas antes do desaparecimento dos Brown


Parece que já está tarde.

Mamãe e papai estão me levando para a fazenda da família, então por que eu estou apagada? Dormi no caminho? Já voltamos e estamos no carro, prontos para chegarmos em casa e ter uma refeição em família antes de nos mudarmos para outra casa? Eu não me importo se tal lugar fosse menor comparado a mansão em que vivíamos, bens materiais nunca me interessaram muito mesmo. Contanto que eu estivesse com as pessoas que são importantes para mim, nada disso importaria.

Provavelmente estou dormindo, mas não sinto o movimento do carro. Estou mesmo em tal veículo? Tenho que acordar e ler a tão esperada história de Emily, que com certeza ficaria triste se eu não a contasse antes que pudesse dormir.

Emily é minha preciosa irmãzinha. Uma garota tão doce e alegre, eu tenho sorte de ter alguém como ela em minha nova família. Tão educada e calma, sempre portando aquele sorriso feliz de que não fora um erro eu ter sido adotada pelos Brown. A presença dela me aquece como uma noite melódica de verão.

Quente... Tão quente...

Ah!

Emma abriu os olhos, fazendo com que sua suspeita de que estava dormindo quase se concretizasse, e os piscou e olhou para os lados. Escuro, estava muito escuro por ali. Estava em seu quarto, em sua casa? Sua cabeça latejava em dor e considerou pedir um remédio para sua mãe mais tarde, mas primeiro tinha que clarear sua mente confusa. Bocejando, umedeceu os lábios secos, totalmente esgotada.

Quente...

Ela olhou para baixo, vendo que estava em cima de alguém. A descrença foi sua primeira reação ao encarar o pequeno corpo de Emily abaixo de si, claramente pálida e inconsciente. Suas mãos apalpavam o rosto da garota, e observou como o rubro escorria pela face dela vagarosamente. Ela arregalou os olhos, começando a sentir o corpo tremer por inteiro, com as lembranças daquela noite voltando à tona com rapidez.

Mas o que...

O olho direito de Emily não estava no lugar, o que fez Emma arquejar e se afastar, soluçando, em choque. Já estava ligando os pontos sobre tudo o que acontecera quando, ao se apoiar para trás com sua mão, sentiu algo se esmagar abaixo de sua palma, e vagarosamente direcionou seus olhos para lá, temerosa. Ergueu sua mão, vendo os restos do conteúdo abaixo dela. Era um globo ocular, e a íris azul ainda a encarava de forma acusadora e odiosa, como se estivesse lhe amaldiçoando gerações e gerações.

O Caso de Emma BrownOnde histórias criam vida. Descubra agora