Booth.

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  Seus olhos estavam pesados quando o carro parou em frente a casa Silvertone. Ela estava com o corpo dolorido, um pouco cansada, mas muito feliz. Aquele era o melhor dia da sua vida e falaria isso mil vezes.
Zayn fez carinho em suas pernas, que estavam no colo dele e depois tirou uma mecha que caia sobre seus olhos. Ela devia estar horrorosa, mas não se importava. Estava com os olhos fechados passando cada momento daquela noite na sua cabeça, todo o tempo.
Não tinha pensando muito no assunto. Simplesmente fez o que seu coração achava certo e jamais se arrependera dessa escolha. Era ele.
Ela sentia isso na sua alma.
Ele havia sido o homem mais perfeito com quem tivera. Não que tivesse ficado com mais alguém além de Douglas, mas aquela noite foi como se mostrasse a ela como merecia ser tratada.
A cada minuto Zayn buscou atingir as necessidades dela primeiro, ele fora gentil o tempo todo e nossa, fizera ela sentir algo que nem sabia definir em palavras.
Ele era perfeito.
Perfeito demais.
– Caramella? – indagou ele, baixinho.
– Hum?
Ele riu.
– Não quer mesmo dormir lá em casa?
Ela queria. Mas não podia bancar a louca agora. Tinha que ser madura e pés no chão. Sem contar que seus pais a matariam.
– Não. Amanhã tenho aula. – ela abriu os olhos se levantando – Preciso acordar cedo.
– Ainda é cedo. Bem, é quase uma hora da manhã.
– Ai meu Deus! Uma hora da manhã? Meus pais já devem estar chegando.
– Você não contou há eles?
– Acha que iam deixar? Meu Deus, preciso ir. – disse ela desesperada.
O carro dos seus pais não estava garagem, ou seja, eles ainda não tinham chegado da casa dos seus avós, mas não demoraria nada pra isso acontecer. Na verdade eles estavam atrasados.
– Obrigada pela noite Zayn. – disse ela – Foi muito especial.
Ele sorriu.
– Eu também...
– Ai meu Deus! – gritou – Meus pais! Zayn eu preciso ir, obrigada por tudo.
Ela o puxou, dando um selinho rápido e saiu do carro deixando suas sandálias para trás. A sua sorte era que a esquina que eles tinham acabado de virar ficava longe da sua casa, mas ela conhecia aquela luz estragada do carro deles a quilômetros de distância. Candy pegou a chave que ficava embaixo do tapete de entrada e correu para o segundo andar, tirando o vestido no meio do caminho. Ela o jogou de qualquer jeito dentro do armário e correu para o banheiro. Tinha que tirar a maquiagem e devolver as que pegara da sua mãe. Eles jamais podiam desconfiar que ela havia feito uma viagem até a França em algumas horas e transado com Zayn Malik na mesma noite. Meu Deus, estaria morta.
Colocou seu pijama de qualquer jeito e quando deitou na cama, ouviu a porta da frente sendo destrancada.
Seu coração estava acelerado, mas ela manteria a classe.
Depois que ouviu seus pais passando pelo quarto para dar boa noite ela se permitiu sorrir.
Ah, aquele era o melhor dia da sua vida.

Assim que acordou sentiu o corpo cansado, mas ah, como ela estava feliz com aquela sensação. Tomou um banho, fez sua higiene matinal, escolheu uma meia calça preta, coturnos, saia plissada da mesma cor da meia, uma blusinha bege e um suéter escuro. Normalmente não escolhia aquele tipo de roupa, mas usava isso no primeiro ano e sentira falta. E claro, queria estar bonita.
Passou um pouco de rímel, alisou os cabelos e guardou o gloss na mala para depois da aula.
Estava tão nervosa. Queria tanto saber como Zayn agiria agora que eles tinham dormido juntos.
Quando desceu para o café sua mãe estava a encarando com os olhos desconfiados.
– Como está bonita.
– Obrigada Sophie.
– O que está aprontando?
– Nada mamãe. – sorriu, pegando um pouco de café.
– Eu conheço você há quase dezoito anos, Candy Silverstone.
Ela riu, balançando a cabeça. Dando um beijo na bochecha da mãe.
– Estou atrasada. Até depois.

Por onde passava nos corredores do colégio todo mundo fofoca sobre com quem iria ao baile. Os preparativos da festa estavam começando e o tema já havia sido divulgado. Shakespeare.
Kris – a única garota com quem conversava – ia com o namorado de Romeu e Julieta. Não tinha nada mais original que aquilo. Era óbvio que metade das garotas apaixonadas gostariam de ir de Julieta. Seria interessante.
Ela por outro lado, só pensara em como seria incrível passar por aquilo com Zayn.
Mal prestara atenção na aula. Ficava olhando o celular minuto por minuto esperando alguma mensagem dele.
Entretanto, nada.
Seu coração estava começando a ficar apertado, mas ela tinha certeza que ele não a magoaria.
Zayn não era aquele tipo de homem. Era por isso que tinha se apaixonado por ele.
Cada dia mais.
Na última aula ela saiu cinco minutos antes direto para o banheiro. Precisava retocar a maquiagem e fingir que tinha acordado daquela maneira. Não era nada muito exagerado, só queria que ele a achasse bonita.
Quando o visse seria profissional. Não o cumprimentaria como se fossem íntimos. Seria cordial, educada e só.
Lógico que treinaria o caminho todo.
" Olá Zayn, tudo bem?" Seria isso. Nem uma palavra mais.
Mesmo que quisesse falar que não tinha parado de pensar nele a noite toda e que não sabia como seu coração ainda estava batendo porque toda vez que lembrava da noite dele juntos, achava que morreria. E que não existia nada no mundo que quisesse fazer a não ser beijá-lo. E arrastá-lo para algum lugar onde pudessem ficar sozinhos e repetir o que tinham feito naquele avião.
Ah nossa, ela sentia um frio na barriga toda vez que lembrava de cada toque subliminar dele.
Candy saiu do banheiro assim que o sinal tocou. Ela estava tão nervosa.
Em poucas horas ia encontrá-lo. Sentia isso. E o encontro deles seria ou estranho ou maravilhoso. E ela rezava que fosse a segunda opção.
– Não acredita o que eu vi agorinha. – disse Kris, surgindo do seu lado a assustando.
– O que foi?
– Brandon convidou a Claire para o baile!
– Jura?
Claire era amiga de Kris e ela tinha contado a Candy que a garota era apaixonada por Brandon há anos. Desde então Candy torceu silenciosamente que ela se desse bem.
– Sim. Meu Deus, eles formam um casal tão bonito. Espero que ele seja bom pra ela.
– Também espero.
– E você? – indagou Kris – Não vai ao baile?
– Ah – ela sorriu – eu vou.
– Jura? Quem te convidou?
– Você não conhece. Ele não estuda mais.
– Ai meu Deus, um cara da faculdade? Uau.
Candy sorriu apenas. Quando as duas saíram do prédio, uma comoção de garotas líderes de torcida cochichavam sobre algum assunto que fizera todas pararem na escada, causando um pequeno tumulto. Elas eram conhecidas por andar sempre em grupo. Silverstone já vivera naquele mundo. Às vezes sentia falta. Mas com certeza era melhor agora do que antes.
– Quem é aquele? – ouviu algumas meninas cochichando atrás dela.
Seus olhos foram guiados para onde todas estavam olhando.
Ai. Meu. Deus. Mil vezes ai meu Deus!
Ela não estava acreditando. Candy segurou a mão de Kris parando no mesmo instante.
– O que houve?
Seu coração estava a mil.
Meu Deus.
Ele estava lá.
Meu Deus.
Nossa vida, estava tremendo. Ela queria responder Kris, mas não conseguiu emitir nenhum som. Estava paralisada.
– Meu Deus que gato, olha só o carro dele! – disse outra.
Candy engoliu em seco. Teria que ir até ele, mas estava com medo. Todo mundo estava olhando para Zayn Malik.
Todo mundo mesmo, até mesmo os professores. Ou talvez estivessem olhando aquele carro nenhum pouco caro e discreto que ele estava encostado.
Ai meu Deus. Ele tinha ido até seu colégio, ela não estava conseguindo raciocinar.
– Kris.
– O que houve? – perguntou ela de novo.
– Você está vendo aquele cara encostado no carro?
– Claro. Olha só o carro dele. Será que é uma Ferrari?
– Eu não sei.
– Ele é um gato. – Kris se aproximou dela, sussurrando – A Vanessa já está abrindo a camiseta pra passar perto dele. Ah, garota esperta.
Candy piscou, voltando a Terra.
– Ela o que?
Vanessa era o típico visual " a garota líder de torcida mais linda do colégio " e era óbvio que ela não deixaria de passar pelo cara rico, sem se mostrar um pouco.
Candy bufou vendo a mesma caminhar em direção a Malik. Aquilo era patético. Ela se virou para se despedir de Kris.
– Preciso ir. Nos vemos amanhã, meu namorado está me esperando. – disse a última parte um pouco mais alto, para que as outras garotas pudessem ouvir.
Tudo bem que tinha mentido sobre ter um namorado, mas não podia simplesmente deixar que pensassem que Zayn não era dela. Ele ainda não sabia. Mas era.
– Você tem um namorado? – perguntou Kris, chocada.
– Tenho, amanhã te conto tudo. Preciso mesmo ir.
– Tudo bem, tudo bem. Até amanhã.
Candy desceu as escadas e respirou fundo. Quando deu o primeiro passo em direção a ele, de longe viu Zayn curvar os lábios em um sorriso cúmplice. Ela segurou os livros nos braços com força e arriscou mais um, sorrindo para baixo.
Ele estava lá. Na frente do colégio inteiro. Sorrindo para ela. Só ela.
Talvez pela sua perda de memória de como se caminhava, ele veio ao seu encontro. Estava diferente, com uma jaqueta preta de couro e uma camiseta do Kiss por baixo, meio roqueiro, meio lindo de mais.
– Oi. – disse ele parando alguns passos de distância.
Pelo canto dos olhos ela podia ver todos concentrados neles ao invés de pegarem o rumo para casa. Malik colocou as mãos no bolso dá calça, erguendo um pouco o queixo. Ela se perguntou se ele estava fazendo aquilo para seduzi-la. Tinha conseguido.
E talvez metade das garotas do seu colégio também.
– O que está fazendo aqui? – indagou ela.
Ele sorriu com a língua entre os dentes. Ah, ele queria sua morte.
Zayn se inclinou para frente, ainda sorrindo.
– Você podia mostrar que está feliz em me ver, seria bom pro meu ego, já que todo mundo está nos olhando.
Candy sorriu.
– Eu estou surpresa.
E completamente apaixonada. Quis acrescentar.
Ele balançou a cabeça, terminando de se aproximar dela.
– Isso é um bom sinal?
Ela assentiu que sim e Malik soltou uma exclamação, a abraçando por cima dos ombros, caminhando em direção ao carro; ignorando várias pessoas que os encaravam tão surpresos quanto ela estava ao vê-lo ali.
– Eu quero te levar em um lugar hoje. – disse ele, abrindo a porta da Ferrari para ela.
– Outro? – indagou.
– Bem, se não puder tudo bem. – respondeu ele.
– Não, eu vou. O que devo usar?
– Pode ir assim, nós vamos a uma universidade.
– O que?
– Entra na carro, conversamos no caminho.
Zayn apontou para dentro e ela revirou os olhos aceitando seu pedido.
– Porque vamos a uma faculdade hoje? – quis saber.
– Pra resolver seu futuro. – explicou Malik – Ontem você disse que estava muito indecisa, então pensei que se conhecesse alguns cursos mais a fundo, ou talvez a fotografia, seria interessante.
– Não acredito.
– Você vai gostar. Talvez algo chame atenção, te encante.
– Mas e o trabalho?
Ele revirou os olhos.
– Quem é seu chefe?
– Bem, na verdade...
– Se disser Liam, eu juro que te deixo no meio da estrada!
Ela gargalhou.
Ah, como estava feliz.

DSTCDA – Z.

Estava empolgado, não conseguia esconder.
Depois da noite que tinham passado juntos ele não conseguia se conter dentro de si.
Aquela garota tinha um poder sobre ele, sobrenatural.
Queria ter a levado para casa e passado a noite acordado, mas precisava se controlar. Um passo de cada vez. Só que quando a manhã chegou, ele não pensara em nada a não ser ficar perto dela. E na empresa isso não podia acontecer sem soar estranho e indiscreto.
Tinha armado um plano.
Levaria Candy para conhecer algumas universidades que ajudava e talvez para a fazenda, – e então contaria sobre a viagem – não ficava muito longe de Londres e seria o lugar ideal para ficarem mais a vontade.
– Em qual universidade vamos?
– Universidade de Londres. É pública. A reitora é a Princesa Ana.
– A filha da Rainha? – indagou ela, surpresa.
Ele riu.
– A própria.
– Vamos falar com ela?
– Provavelmente não.
Ela bufou cruzando os braços.
– Ia pedir para me apresentar ao Príncipe Harry.
– Por quê?
– Bem, primeiro porque ele é o Príncipe e segundo... Ele é o Príncipe.
– Eu não ia deixar.
Ela soltou uma exclamação, colocando os pés no banco.
– Ah claro.
– Você duvida?
– Você tem ciúmes Zayn? – retrucou ela, achando graça nas próprias palavras.
Ele balançou a cabeça. Ciúmes? Era óbvio que não.
– Eu não sinto ciúmes.
– Claro que não. – disse ela, irônica – Ah, meu Deus o Fórum!
– O que?
– O café! Eu adoro esse lugar. Nós podemos parar comer alguma coisa?
Ele ergueu as sobrancelhas surpreso. Talvez fosse coincidência, ou Candy havia feito uma pesquisa de campo sobre ele, sem Malik saber. Não tinha certeza, mas não evitou sorrir de qualquer modo.
– Conhece o Fórum?
– Claro. Minha mãe morava aqui perto e ela adora. Sempre me trouxe desde criança.
– Então conheceu o Senhor Fletcher?
– Não, quem é?
– Quem fundou o café.
– Ah não. A última vez que vim aqui acabei brigando com um cara. Foi um mico.
Zayn estacionou o carro em frente.
– Brigou com um cara? – quis saber ele.
A cada dia tinha uma novidade. E a cada dia queria saber mais sobre ela.
– Nada de mais, sem importância.
Ele assentiu, mas percebeu quando Candy desviou o olhar. Talvez não fosse tão sem importância assim, pensou ele.
– Primeiro as damas. – abriu a porta para ela passar antes.
Pelo canto do olho, viu alguns funcionários se cutucando.
É, o chefe deles tinha chegado.
E não estava sozinho.
E caramba. Não era Amber.
Ele podia ouvir todos esses comentários assim que saíssem dali mais tarde.
– Eu adoro os ovos mexidos que fazem. E bacon, muito bacon.
– Vai ter um ataque cardíaco assim.
– Pelo menos eu morro comendo bacon. – brincou ela.
Zayn puxou uma cadeira para a garota no canto, perto da janela. Onde os funcionários não pudessem vê-los com tanta facilidade.
Assim que ambos sentaram Maddie, a funcionária mais antiga, correu para atendê-los. Mesmo que os pedidos fossem feitos no balcão e não a mesa, Candy pareceu não desconfiar.
– Olá Senhor Malik. – cumprimentou a atendente, chamando atenção de Silverstone.
– Olá. – respondeu educadamente. – Quero um cappuccino italiano, Maddie.
Olhou para Candy a sua frente. Ela estava com o cenho curvado, talvez se perguntando como eles se conheciam. Não gostaria de falar, porque podia soar um pouco egocêntrico, mas por outro lado não havia porque mentir.
– Deseja algo? – perguntou a mais velha, para a garota loira.
– Um ovo mexido com torradas e bacon. E acho que quero um cappuccino como o do Zayn.
– Ótimo. Já trago seus pedidos. Com licença.
– Meu Deus, todo mundo conhece o Senhor Malik. – comentou Candy, dando ênfase no senhor.
Ele riu.
– Não é todo mundo.
– Claro que sim. Aedas inteirinha conhece você e convenhamos que a empresa é gigante. Ai nós vamos viajar para o Brasil e lá as pessoas conhecem você, sem contar a aeromoça.
– Eu viajo muito. – respondeu, dando de ombros.
– Ah claro, e vem tomar café aqui todos os dias?
Ele coçou o lábio, sorrindo. Talvez a garota tivesse razão. Tinha sete empresas contando com a AEDAS e se fosse parar para pensar, eram muitos funcionários. Sem contar com os funcionários pessoais, como os que trabalhavam na fazenda.
– É, talvez você tenha razão. – concordou – Muita gente me conhece.
– Também não precisa ser convencido. – advertiu ela.
Malik ergueu as mãos se defendendo.
– Eu estava concordando com você. Apenas.
– Com licença. – pediu outra garota, trazendo seus pedidos.
– Obrigado. – agradeceu ele, tirando um sorriso da atendente.
Candy revirou os olhos.
– Viu só! Eu não sei qual o poder que você tem sobre essas mulheres. Acho que nunca vou entender. – continuou ela indignada – Primeiro você percebe pela rapidez como te atendem estando com você e não da pra ignorar o fato que elas praticamente jogam o prato pra mim enquanto desejariam absurdamente dar comida na sua boca.
Zayn gargalhou alto.
– Acha mesmo que eu tenho um poder sobre as mulheres a esse ponto?
Candy ergueu uma sobrancelha o fitando.
– Esse ponto seria o mínimo que elas fariam por você. Sério, eu não sei o que Zayn Malik tem.
Ele se inclinou para frente, ficando próximo dela.
– Candy Silverstone pode explicar bem. – comentou, sorrindo de lado.
Ela balançou a cabeça sorrindo também.
– Acha mesmo que tem um poder sobre mim?
Não. Era óbvio que era ela quem tinha um poder gigantesco sobre ele. Mas jamais admitiria.
– Acho. – provocou.
– Há-há. Só nos seus sonhos. – disse ela, enfiando um pedaço de torrada com ovo e bacon na boca.
– Ah, – exclamou ele, fechando os olhos, jogando a cabeça para trás – nos meus sonhos com certeza.
– Zayn!
– O que foi? É pecado sonhar com eu tendo poder sobre você?
Ela umedeceu os lábios e Zayn cerrou os punhos. Só ele sabia com as loucuras que tinha sonhado em fazer com a garota que estava sentada na sua frente.
Minha nossa.
Ele começaria com a parte atrás do seu joelho. Beijaria toda extensão da sua coxa, até chegar onde ela perdesse o ar e...
– Ai meu Deus! – exclamou ela.
– O que foi?
– Pare de me olhar assim.
Ele sorriu de lado.
– Assim como?
– Zayn.
– Eu não fiz nada.
– Está me olhando com aquela cara. – explicou ela.
– Que cara?
– Você não vale nada.
Ela riu ficando vermelha e Malik sorriu cúmplice.

Eles começaram visitando a ala de artes. Candy não queria fazer teatro, mas ficara curiosa para ver uma pequena peça que os universitários estavam encenando. Era comédia e ele não conseguira prestar atenção em nada, porque toda vez que ela ria, perdia o foco.
Depois foram para a ala musical e lá demoraram horas.
– Olha todos esses instrumentos. – exclamou ela, admirando a imensa sala.
– Sabe tocar algum? – quis saber Henry.
O reitor da Universidade de Londres era amigo de Malik e havia dado passe livre para eles conhecerem o que quisessem.
Ela mordeu o lábio inferior.
– Não sei absolutamente nada. Mas posso aprender.
Ele torceu a boca.
– Você não vai passar na prova se não souber tocar muito bem.
– Ah. – disse ela, simplesmente.
Zayn a pegou pelo ombro.
– Venha aqui. Vou te mostrar o básico.
Foi até o canto da sala onde havia um piano de calda, clássico. Puxou a banqueta e sentou, dando espaço para ela sentar ao seu lado.
Henry ficou atrás deles, os observando com um sorriso. Ele era um dos melhores professores de música clássica e fora colega de Zayn quando chegou em Londres e entrará em uma escola de música renomada no país.
Malik esticou os dedos arrancando uma risadinha dela e depois colocou um dedo levemente sobre a primeira tecla preta.
– A sequência é assim. Uma, duas, três. Duas, três, duas, três, até o fim. – explicou ele com calma – Agora você foca nas teclas pretas que são duas. Entendeu?
Ela assentiu que sim e ele continuou.
– A tecla branca que sempre estiver antes das duas teclas pretas, vai ser a primeira nota, dó.
– Mas são várias.
– Porque a nota vai ficando mais aguda. As outras são: ré, mi, fá, sol, lá, si, dó sucessivamente.
– É muita coisa pra minha cabeça. – disse ela, apertando uma tecla.
– Isso é o básico do básico anjo.
Candy o encarou e colocou a mão no rosto, se escondendo, deitando com a cabeça em seu ombro.
– Vamos lá. – disse ele a encorajando – Você precisa deixar a mão arcada.
Ela suspirou fundo e o imitou.
– Assim?
– Quase. – respondeu vendo Henry rir atrás deles. Zayn segurou a mão dela, colocando em cima das suas. – Deixa sua mão leve e tente me seguir.
Ela assentiu e Malik começou a tocar a nona sinfonia de Bethoveen lentamente. Aquela música era uma das primeiras que tocara sozinho pela primeira vez. E sabia que Candy era apaixonada pelo artista.
Enquanto tocava ela sorria vislumbrada, seguindo com seus dedos finos cada nota.
Se sentia bem ali, com seu instrumento favorito no mundo, ao lado da garota mais linda.
Em todos os seus sonhos com ela, – e eles haviam sido muitos nos últimos tempos – jamais imaginará aquele momento.
Ambos tocando juntos – literalmente.
– Você é um ótimo professor, Malik. – comentou Henry, quando terminou.
– Ah, quem me dera.
– Preciso pegar alguns documentos, fique a vontade para olhar tudo amigo.
– Obrigado.
– Você podia tocar mais alguma coisa. – comentou Candy assim que o Professor saiu.
– O que quer ouvir? – indagou ele.
– Surpreenda-me. – brincou ela.
Ele pensou por um instante. Quando começou a tocar as três primeiras teclas, ela berrou ao seu lado.
– Ah, a thousand years. Eu conheço essa. Uma difícil, por favor.
Ele riu.
– Tem uma que tenho certeza que não conhece.
– Duvido Zayn.
Malik posicionou as mãos e inspirou profundamente. Nunca havia tocado aquela música para alguém.
Assim que começou a tocar de novo ela ergueu as sobrancelhas. Jamais saberia que melodia era, pois havia sido ele quem a escrevera.
– Tá, acho que realmente não sei qual é.
Ele sorriu vitorioso e então cantarolou um trecho que estava na sua cabeça.
– When you're looking like this I just can't resist it. I know sometimes I hide it, but I can't this time¹.
Ela abriu a boca surpresa.
– Você fez isso?
Ele assentiu em silêncio. As palavras que escreverá a anos, nunca fizeram tanto sentido como agora. Ela era absolutamente linda e por mais que estivesse escondido seu desejo por meses, não podia mais negar que estava louco por cada pedaçinho dela.
– Zayn, realmente devia ter tentado a música. Você é muito bom.
– Acha mesmo?
– Claro que sim. – respondeu ela empolgada.
– Eu nunca tinha mostrado pra ninguém.
Candy se levantou andando de um lado para o outro, gesticulando com as mãos.
– Eu vejo você levando as garotas à loucura, enchendo estádios, multidões! – ela parou por um instante o encarando – Ai meu Deus, eu ia enlouquecer junto.
Zayn riu a puxando pela cintura, fazendo com que a garota sentasse em seu colo de lado.
– Você é louca! – concluiu.
Ela o abraçou pelos ombros, rindo junto.
– Eu confesso, talvez esteja certo. Mas sou louca por você.
Malik respondeu que também estava ficando louco por ela, talvez até mais, porém só para si, dentro da sua cabeça. Não teria a coragem de Candy para por os sentimentos para fora.
Já havia feito isso e fora um desastre.
Entretanto quis que ela se sentisse da mesma forma que ele ao declarar aquilo.
Como se o sentimento que os cercava naquele momento, fosse infinito.
Ele segurou seu queixo com a ponta dos dedos e deslizou a mão com delicadeza na linha do seu maxilar até chegar à nuca. Ela sorriu se inclinando para frente, fechando os olhos e tocando seus lábios com firmeza.
Jamais enjoaria de beijá-la. Zayn se perguntava por que demorara tanto para fazer isso.
Bem, ele tomaria todo o tempo perdido agora.


DSTCDA – C.

– Pelo amor de Deus Zayn, aqui não!
– O que é que tem?
– Nós estamos na universidade pra conhecer os cursos.
– Bem, esse certamente seria o curso de biologia avançada.
– Tira a mão!
– Eu não consigo. O que é que pode acontecer? Nós nem estudamos aqui.
– É, mas se eu entrar não quero ficar conhecida como a garota que transou na sala de música!
– É que você é tão linda e gostosa!
– Zayn Malik!
Ele gargalhou.
– É sério Candy. – murmurou ele – Quando fui pra casa ontem, não consegui dormir. Fiquei lembrando da nossa noite juntos e meu Deus.
– Você está me deixando constrangida.
– Porque? – indagou ele, um pouco alto. – Você é perfeita.
– Nós não vamos transar na sala de música. – repetiu ela.
Ele só podia estar louco.
– Eu sei. – afirmou Zayn, balançando a cabeça, fitando o chão. – Acho que precisamos ver o estúdio de fotografia.
– Seria ótimo.
Ela deu um passo a frente e sentiu a mão dele apertar sua cintura com força. Candy soltou uma risada frouxa. Era uma boba.
Assim que saíram da sala, o vento gelado bateu em seu rosto e respirou aliviada. Estava quente devido aos beijos calorosos que havia dado em Zayn e por pouco a sanidade lhe fizera uma visita antes que deixasse o momento falar mais alto.
Ela engoliu em seco.
Tudo bem que seria um belo momento. Mas pelo amor de Deus, eles estavam visitando a Universidade de Londres. Decência em primeiro lugar.
Claro que ela estava sentindo aquele formigamento na barriga e uma moleza nas pernas que subiam até seu ventre, mas não agiria como louca. Até porque parte de si queria testá-lo.
Não que achasse que o que tinha feito na noite passada fosse errado, longe disso. Ela queria e ele também. Mas agora precisava ter confiança que Malik não desejaria apenas isso dela.
Queria que ele a desejasse por inteiro. Muito mais por quem ela era do que tinha.

O estúdio de fotografia da universidade era três vezes maior do que a sala de música – que já era imensa. Candy estava encantada. A luz era mais baixa e a garota que estava trabalhando vendo algumas fotos na bancada, parecia séria. Só tinha ela de aluna, talvez por causa do horário, mas assim era melhor para poder dar uma volta na sala observando cada detalhe.
– Uau. – disse ela, admirando uma mesa cheia de câmeras e lentes.
Aquele sim era o mundo que sonhara por muitos anos.
– Olá. – disse uma garota negra, se aproximando deles com um sorriso convidativo.
– Oi. – respondeu os dois juntos.
– Posso ajudá-los?
– Eu conversei com o reitor hoje. Estamos conhecendo a Universidade.
– Ah, bacana. – disse ela – Sou Anne Marie, coordenadora do curso.
Candy estendeu a mão para cumprimentá-la.
– Sou Candy e esse é Zayn.
– Prazer. E aí? Está interessada em conhecer nosso curso? Já trabalha com isso?
– Há uns dois anos, no colégio. – respondeu – Mas acho que estou me redescobrindo novamente.
– Quer dar uma olhadinha lá atrás? – convidou Anne Marie, apontando para onde a garota se concentrava no outro lado da sala.
– Seria ótimo.
– Eu vou sair então. – comentou Zayn.
– Por quê?
– Porque precisa fazer isso sozinha. Estou lá fora.
Ela assentiu, e o puxou dando um selinho molhado no canto da sua boca. Malik sorriu.
– Essa é Florence. – apresentou ela, quando se aproximaram do estúdio no canto da sala. – Aqui atrás estamos fazendo uma produção para o trabalho final dela.
Candy passou por uma cortina preta, tinha muita iluminação em volta e tudo o que uma sessão de fotos exigia. E isso incluía o modelo. E seu coração bateu mais forte quando ela percebeu de quem se tratava.
Mas que diabos...
Ar. Ela precisava de ar.
– Você está bem Candy?
Ele a viu no exato minuto que Anne Marie disse seu nome.
Ar.
Meu Deus.
– Candy?
Ouviu aquela voz que assombrava seus sonhos. Aquilo era agonizante.
– Eu preciso ir Anne. Obrigada pela gentileza. – agradeceu, trêmula.
– Mas não quer ficar para ver a sessão?
– Não.
Silverstone deu as costas o mais rápido possível. Não conseguia respirar. Tinha o visto ali, bem na sua frente. Aquilo era apavorante.
Jamais pudera imaginar que encontraria Douglas Booth praticamente nu, em uma produção do curso que ela queria fazer, na universidade que gostaria de frequentar.
Meu Deus. Estava zonza. Confusa.
Há anos imaginava como seria vê-lo outra vez e jamais... Ah, minha nossa.
– Candy!
Não, não, não.
Ela sentiu seu braço ser puxado para trás. Fechou os olhos com força, não queria vê-lo.
Não queria ficar perto dele. Estava sentindo suas entranhas se revirando dentro do corpo.
Meu Deus. Ia desmaiar.
– Você não vai fugir. – disse ele, virando-a para encará-lo, segurando seus dois braços com força. – O que está fazendo aqui?
– Me solta Douglas. – pediu, abrindo os olhos, fitando aquele escuro que fazia até sua alma se arrepiar.
Ele a ignorou, a empurrando para trás até dar de costas com uma porta e entrar com tudo. Foi só então que percebeu que Booth tinha a levado para o banheiro.
A garota engoliu em seco.
Droga, aquilo não ia terminar nada bem. Alguém tinha que fazer alguma coisa.
– Eu vou gritar por ajuda. – advertiu.
– Ou você é idiota de aparecer aqui ou é mais burra do que imaginei. – vociferou ele.
– Quer me soltar? Eu vou gritar.
– Grite, acha que ninguém viu nós dois aqui? Se alguém fosse fazer alguma coisa pra te ajudar, já tinham feito.
– Você não é o mesmo cara do colégio que todo mundo tinha medo. Pais ricos não resolvem mais o seu problema.
– Acha mesmo? – indagou ele arrogante – Porque estou vendo medo nos seus olhos.
Ela estava morrendo, mas não deixaria Douglas saber disso.
– Não tenho medo de você.
Ele puxou seu cabelo para baixo com uma mão. Aproximando seus rostos.
– Ah, mas deveria. Eu disse que quando te encontrasse ia fazer você pagar pela humilhação que fez meus pais passar. – urrou ele contra a pele dela.
– Se me bater de novo eu vou fazer você ir pra cadeia. – gritou.
Meu Deus, alguém tinha que fazer alguma coisa. Não tinha ninguém no corredor, mas as garotas haviam o visto sair da sala.
Por favor, Deus. Pediu. Por favor.
Ela não podia apanhar dele mais uma vez.
Meu Deus, se Zayn descobrisse seria sua ruína.
– Acha mesmo que vou bater em você? Eu senti tanta falta dessa sua relutância, desse seu jeito de fingir que não me quer. De me ameaçar com essa boca deliciosa.
– DOUGLAS!
Ele se aproximou, enfiando uma mão por baixo da sua saia enquanto a outra puxava seu cabelo.
O desespero começou a tomar conta de cada célula do seu corpo.
– Me solta! Socorro!
– Isso grita. Eles nunca dão ouvidos a você mesmo.
Candy enfiou as unhas no rosto dele, puxou seu cabelo e na mesma hora uma dor terrível atingiu seu rosto. Ele havia dado um tapa que quase a fizera cair no chão, se não fosse por estar segurando seu cabelo.
– Douglas, solta ela! – ouviu a voz de Anne entrando no banheiro – O que você está fazendo? – gritou histérica.
– Ela é minha e eu faço o que bem entender. Saia daqui agora.
Anne foi para cima dele e Booth a socou, fazendo a garota desmaiar imediatamente.
Candy começou a gritar desesperada por ajuda o mais alto que conseguira.
Douglas segurou seus pulsos com uma mão, apertando eles em cima da sua cabeça. Tapando sua boca em seguida.
Ah meu Deus, aquilo de novo não.
Por favor.
Ele puxou sua meia-calça até rasgá-la.
– Você vai me pagar loirinha. – disse ele em seu ouvido.
Ela sentira náuseas. Preferia a morte a Douglas lhe tocando novamente.
Por favor.
Por favor.
A morte.  

n/a:Espero que não tenha desapontado ninguém com o ritmo da fanfic. E logo tem mais. Deixem os comentários aqui. Bons e ruins. Eu nunca escrevi uma cena como essa, então pode ser que tenha saído uma merda. Enfim, será que destruímos os Belgas amanhã? Haha <3  

PS: DOUGLAS BOOTH. 

 

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