He's seen her all right.

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Uma coisa com a qual ele não estava acostumado era acordar de ressaca. Era um pesadelo.
A festa tinha durado até quase o amanhecer, quando Zayn percebeu e teve que enxotar algumas pessoas para fora do seu apartamento. Eles eram sem noção mesmo.
Quando acordou com a boca seca, era quase uma hora da tarde. Ele estava morto.
Tinha três ligações de Payne e uma de Amber.
Por Deus, ela não ia o deixar em paz tão cedo. Se ele pudesse fugir para a lua, faria isso.
Mas não. Tinha que tomar um banho, tirar aquela sensação de podridão do corpo e voltar a vida. Não que ele não estivesse gostando da nova vida, afinal havia transado com duas – sim, duas. Nina e Jessie na cozinha, quando todos foram embora – e se aquilo não era o céu, ele não queria morrer tão cedo.
Entretanto tinha Amber e ele sabia que ela iria importuná-lo a longo prazo. Zayn suspirou fundo se levantando e caminhando lentamente para o banheiro.
Ficou lá por muito tempo. Já que tinha perdido metade do dia, Payne não ia se importar se ele chegasse meia hora a mais ou a menos.

ZaynMalik se limitou a ficar no seu escritório no silêncio, editando alguns dos seus projetos particulares. Ainda precisava ver as finanças dos pubs que era dono e da escola de música que estava terminando de construir. Tinha tanta coisa na sua cabeça que nem percebeu que o amigo o encarava da porta a longos minutos, com uma carranca de dar medo.
– Ora, achei que não viria trabalhar hoje! – disse ele, sentando em frente à Zayn.
Ele entortou a boca antes de falar.
– A verdade é que cogitei essa hipótese, mas ia enlouquecer de ficar em casa com essa maldita ressaca.
– Não mandei você beber. – comentou Payne, sorrindo.
– Eu sei querido. – respondeu sorrindo ironicamente.
Não fora, refletiu Zayn, a melhor escolha a se fazer para comemorar a solteirice repentina, já que não lembrava de muita coisa da noite anterior, mas apesar disso, ele não se arrependia. Estava até orgulhoso. Liam vivia dizendo que ele não aproveitava a vida, agora entendia bem o que o amigo queria dizer. E concordava.
Mas Malik estava disposto a mudar tudo isso. Nada mais seria igual.


DSTCDA – C.

Ela desceu para tomar café com a mãe. Ainda estava arrasada com o que tinha acontecido na noite anterior e o pior é que tinha mentido falando que ia jantar na casa de Luna. Sequer podia contar a verdade para a Sra. Silvestone.
Por isso Candy odiava mentiras mais do que tudo. Uma hora a verdade sempre vinha à tona. E da pior forma. Lógico que a mãe a entenderia, mas não queria contar que havia chorado por causa de Zayn, aquilo era muito infantil, mas infelizmente como sua chefe tinha lhe dito, era o que ela sentia no momento.
– O que foi querida? – indagou sua mãe, notando que Candy estava quieta, o que era muito estranho.
– Nada.
– Aconteceu alguma coisa na escola?
– Não mãe. Só estou pensando. – ela suspirou fundo – Porque não sou como essas mulheres que são bem sucedidas, inteligentes e bonitas?
Sua mãe a encarou com as sobrancelhas arqueadas. Candy tinha um grande problema com a autoestima que só ela e Benedict conheciam.
– Aconteceu alguma coisa na escola? – perguntou ela, já preocupada.
– Não. É que eu vejo a Luna... – mentiu, mordendo o lábio. A verdade é que ela tinha visto o tipo real de mulher que Malik se sentia atraído – e eu estava pensando, porque não sou alguém como Luna Aniballe.
Sophie Silverstone conhecia muito bem a filha. Sabia que alguma coisa tinha acontecido, mas não ficaria a pressionando. Ela contaria na hora certa. Mas o que a preocupava era a auto destruição que Candy sempre fazia de si mesma. Para os outros ela era uma garota espetacular, animada, desinibida, mas muitas vezes Sophie escutava a filha chorando baixinho no quarto.
Sophie se aproximou de Candy, pegando em suas mãos.
– Você não é Luna Aniballe, porque é Candy Silverstone. – disse beijado seu rosto – E isso é a melhor dádiva da sua vida. Agora vá para o colégio e pare de pensar nisso.
A garota concordou sorrindo em silêncio e antes que a mãe iniciasse um monólogo sobre a vida maravilhosa que ela tinha, ela e pegou a mala e saiu.
Ela tentaria não pensar em Zayn e nas mulheres que ele estava acostumado ter a sua volta. Mas não tinha certeza se conseguiria.

Considerando que ela não podia e nem devia pensar em Zayn e sobre a festa na noite anterior, ela focou nos estudos. Não contou para as colegas de classe, não queria que elas soubessem. Sentia que se falasse para elas, ela jamais esqueceria.
A manhã passou rapidamente e quando chegou a hora de entrar na empresa, ela rezou um terço para não precisar encontrar com o Senhor Malik. Já tinha sido difícil ver ele naquela situação com a mulher loira. E agora ­– como das outras vezes – provavelmente seria ignorada.
Ela queria morrer se isso chegasse a acontecer.
Quando chegou a sua mesa, tinha um bilhete de Luna, falando que ela se atrasaria, porque tinha alguns compromissos fora da empresa.
Ótimo, pensou ela. Agora passaria o resto do dia pensando naquela porcaria de festa.
Não se deu conta, mas enquanto arrumava as papeladas de Luna, colocou para tocar Bach e depois de quinze minutos, quando começou a apreciar a música de verdade se odiou.
Ele era um amante de música clássica. Lembrou da mãe falando no telefone. Que maldição.
Aquele foi apenas um dos infortúnios da sua vida.
Os dias se passaram e ela começou a ouvir Vivaldi também, depois Mozart e depois de semanas, ela ainda não havia o esquecido. Nem se quisesse.

Ela estava tão ansiosa.
Logo quando chegou para trabalhar um rapaz estava segurando um buquê de flores. Candy nem sonhou que era pra ela. Talvez em outra vida.
Era óbvio que era para Luna Aniballe e quando o rapaz perguntou se ela era a mulher das flores, Candy sorriu travesso. A sensação era boa.
Assim que Luna chegou, ela praticamente correu contar, mas antes teve de provoca-la.
– Você consegue estar pior do que ontem. – disse Candy assim que a viu. – E está atrasada.
– E você cada dia mais chata. – respondeu ela, sorrindo e Silverstone mostrou a língua.
Ela sentia que depois da fatídica festa no apartamento do homem que ela sequer queria mencionar o nome, a amizade entre as duas havia se solidificado finalmente.
– Só por causa disso não vou falar que um cara deixou um buquê pra você aqui, ainda a pouco e eu fingi que era Luna Aniballe apenas para recebê-lo. Está em cima da sua mesa.
– Um buquê? – Luna abriu a porta da sala e lá estava, doze rosas vermelhas. – Quem mandou?
– Se você tiver mais um pretende eu desisto dessa vida! Não que você não mereça, olha só pra você, mas minha Nossa Senhora, eu não tenho nenhum! Acredita que a Marnie, uma garota ridícula lá da escola, recebeu três convites, três convites, dos caras da nossa turma, para um baile beneficente? E sabe quantos eu recebi? Nenhum.
Era claro e evidente que todos os homens caíam de amores por Luna Aniballe. E por todas as garotas do resto do mundo.
Exceto por ela.
Marnie não era uma menina agraciada pela beleza, mas mesmo assim havia ganhado três convites para o baile beneficente que tinha todo final do ano. Já ela, não tinha recebido nenhum. E sabia muito bem o porquê. O que doía mais.
– Me entrega esse cartão! – pediu Luna ansiosa.
– Certeza que é do Sr. Payne. Vai ver ele...
– Candy, o cartão, por favor!
– Ah é claro! – ela entregou a Luna, sentindo as bochechas corando.
Era um cartão pequeno rosa, o único que ela não se atrevera a abrir sem consentimento.
Luna sorriu para ela, e Silverstone já sabia. Era seu chefe.
– É do Liam. – disse ela, entrando no escritório com pulinhos.
Candy sorriu com amabilidade. Um dia queria viver um romance como aquele. Até então assistiria os filmes sonhando com isso.

DSTCDA – Z.

A cabeça dele parecia que ia explodir. Tinha acabado de chegar de viagem e quando chegou em casa, louco para descansar, Amber estava na sua porta. Ela queria saber o que diabos ele estava fazendo em Dubai sem avisá-la. Ele quis cometer suicídio quando ouviu a voz dela.
Tinha ido para Dubai há uma semana para fazer negócios. Era apenas por isso.
Claro que ele não contou que tinha encontrado alguns colegas do tempo da pós-graduação e que também havia dormido com uma das colegas, e outras três durante a semana, mas também não passava de negócios na mente dele.
– Eu quero que volte para nossa casa. Arrumei um lugar só para seus instrumentos. – disse ela, entrando no apartamento dele. – É isso que chama de lar?
Sua voz era de espanto enquanto olhava ao redor. Zayn tinha que se segurar para não ser rude.
– É. Estou feliz aqui. – ele suspirou fundo.
Zayn deu uma olhada no relógio. Era quase cinco horas. Ele queria chegar ao escritório ainda aquela tarde. Queria contar sobre as novidades para Payne.
– Lamento muito por estarmos tendo essa conversa. Não sei o que está acontecendo com você. Zayn, você simplesmente acordou em um dia e pensou " Eu não a quero mais? " E meus sentimentos?
Ele curvou o cenho. Já não sabia mais quanto havia escutado aquela mesma frase durante as últimas semanas. Era uma tortura.
– Foi exatamente isso que aconteceu. – respondeu ele, irônico. – Pensei, não quero mais ela, estou cansado de ser feito de capacho, de ser um idiota sem posição alguma dentro da minha própria casa.
– Eu nunca o fiz de idiota! – ela gritou, irritada.
Aquela era a mentira do século e ela sabia disso. Tanto quanto ele.
– Preciso ir a uma reunião. É melhor você ir embora Amber.
Ela o encarou com os olhos cheios de lágrimas. Ele engoliu em seco. Conhecia o jogo dela, mas não ia deixar com que Amber manipulasse toda aquela situação dos infernos.
– Você vai se arrepender de fazer isso comigo. – disse ela amarga, fazendo a bochecha esquerda dele esquentar.
E ela estava de volta.

– Ela está se tornando uma vaca. É isso que penso. – disse Zayn ao amigo que insistia em falar que Amber só tinha lhe dado um tapa por que estava nervosa.
Nervoso estava ele. Maldição.
– Vocês precisam entrar em um consenso logo. E o advogado? O que ele diz?
Zayn pegou um copo de uísque no bar que Liam tinha no escritório.
– Aquele merda fala que há divergências com o advogado dela. Eu lhe disse que não pago caro para ouvir aquelas merdas.
– Você está mesmo estressado. – concluiu Liam, dando uma risadinha.
Era difícil ver o amigo daquele estado.
– Preciso achar alguém para relaxar! – disse ele, se esticando no sofá de couro do escritório.
Talvez colocasse um daqueles no seu. Para os dias de ressaca.
– Está transando bastante? – indagou Payne, comendo azeitonas.
Zayn sorriu travesso.
– Mais do que minha vida toda.
Ambos gargalharam. Liam achava aquilo tudo muito bizarro. Quando estudavam juntos, Zayn era o cara que só estudava e pensava em Amber. Ele jamais tocará em uma mulher por puro tesão. Eram todas de Payne.
Agora o papel deles havia se invertido. Liam era o cara apaixonado e Zayn um libertino sem classe. Eles estavam felizes.
– Tenho um convite pra você. Luna me avisou hoje que é a festa de formatura da faculdade dela. Você acredita? Bem, ela falou que é para você ir também.
Zayn acenou com a cabeça. Uma formatura de universidade era tudo o que ele precisava.
– Apenas se comporte lá, por favor.
– É claro. – disse ele. – Você gosta mesmo dela não é?
Liam olhou para ele, transferindo todos seus pensamentos. Mas mesmo assim, confirmou o que Malik já sabia.
– Gosto. Mais do que qualquer coisa nesse mundo.
– Que profundo. – disse ele, se levantando – Fico feliz que tenha achado alguém como ela.
– Você também vai achar.
Zayn sorriu de lado, dando um abraço no amigo.
Ele não tinha certeza se queria se apaixonar de novo. Já havia acontecido uma vez e fora um desastre.
Mas ainda assim...

DSTCDA – C.

– Eu estou saindo, qualquer dúvida me ligue. – Candy estava calada prestando atenção em tudo. – Sei que vai ser uma tarefa árdua para você, – disse Luna irônica – mas não esqueça de pedir o último ajuste de Zayn. Amanhã preciso terminar esse projeto.
Era a formatura da Srta. Aniballe. Ela estava toda nervosa. Os últimos dias haviam sido uma correria devido a essa festa.
Festa que Candy havia sido convidada. E ZaynMalik também.
Havia dado graças a Deus, por não tê-lo visto nas últimas semanas. Ele havia ido para Dubai a trabalho e ela se sentia um pouco livre para pensar em outras coisas que não fora nele.
– Está me ouvindo Caramella? – Luna a chamou por um apelido que tinha inventado naquele instante.
Caramella era a tradução literária do nome de Candy em italiano. Toda vez que mencionava Malik ela fazia a mesma coisa. Desligava desse mundo.
– Parei de ouvir quando disse Zayn. – ela sorriu apaixonada e depois riu – Brincadeira.
– Vou fingir que acredito em você.
Candy revirou os olhos e Luna beijou sua bochecha.
– Vá se arrumar lindamente – disse ela – e nos encontramos mais tarde.
– Você também, não esqueça que ele vai.
– Não consigo acreditar que vai ser a segunda festa que vou com o Malik!
Luna parou no meio do caminho.
– Você não vai com ele, apenas vão estar na mesma festa! Não aprendeu nada do que te ensinei? – ralhou ela.
– Aprendi sim. – e ela realmente havia aprendido sobre os conselhos de Luna.
Mas não tinha como fingir que não estava animada para vê-lo, justamente depois de tudo que tinha aprendido. Agora ela sabia muito bem o que fazer.
E era simples. Era ser só ela mesma.
– Ótimo. Nos vemos depois.
– Até mais engenheira.

Ela havia se enturmado na festa com os amigos de Luna, enquanto a formanda não chegava. Candy falava muito e os amigos da sua chefe eram gentis. Não demorou muito para todo mundo ficar a sua volta. A maioria era casal e por um momento ela sonhou que Zayn chegasse logo para na sua cabeça – em segredo – ele ser o par dela. Mas por fora ela estava se saindo bem. Era uma festa com vários jovens e as amigas de Luna mostravam muita gente que parecia estar interessada nela.
Silverstone se sentia feliz, por fim.
Havia optado por um vestido preto, tomara-que-caia, era discreto, mas justo. Os cabelos longos estavam levemente ondulados e ela tinha exagerado no batom vermelho. Se sentia bonita. E confiante.
Quando por fim, todos terminaram de receber os diplomas. Luna linda, com um vestido que mataria o Senhor Payne, foi até eles.
E uma música alta e do momento começou a tocar, animando a todos que já estavam levemente embriagados.
– Meu Deus! Todas as formaturas são assim? – gritou Candy, para que ela a ouvisse.
– Só as da Universidade. – Luna riu animada. – Você está muito bonita!
– Obrigada, mas hoje você é o centro das atenções. Está deslumbrante, coitado do Sr. Payne.
– Acha que ele vai gostar?
Candy gargalhou. Se Liam não a achasse linda naquela roupa, coitada de si.
– Desde quando você se preocupa se ele vai gostar ou não? – perguntou apenas para chateá-la.
Ela deu de ombros.
– Só quero estar bonita.
– Luna, não percebe que desde o dia que entrou por aquela porta da AEDAS ele não tira mais os olhos de você?
– Não seja exagerada, por favor.
– Quando as pessoas estão amando elas têm esse pequeno probleminha.
– Então você esta amando? – indagou ela, colocando a mão na cintura.
Ela lhe lançou um olhar assustado. Não, por Deus, estava muito longe de amar alguém. Só sentia uma atração muito forte por Zayn. Apenas isso.
– Não! Mas não vejo problema algum em admitir. – ela pigarreou – Vamos beber?
– Eu não bebo.
– Como não bebe? É sua formatura, você vai beber sim!
– Candy eu não bebo. Você sabe disso.
Ela pegou duas taças cheias. Não podia deixar que Luna não comemorasse como se devia aquele dia. Era algo especial. Ela havia se tornado por fim, uma engenheira. E Candy acreditava que seria uma engenheira de muito sucesso.
– Só uma taça! Não seja estraga prazeres. – implorou.
– Sofri um acidente muito grave pensando desse modo. – respondeu ela com cautela.
– Desculpa eu não sabia. – Candy se sentiu envergonhada por insistir – É aquele que você perdeu a memória?
– Sim. E o problema nem sou eu. É que meus pais são contra também.
– Mas eles não estão aqui! Se isso for o principal problema! – Candy puxou o braço de Louis, ele era namorado de Katina e amigo de Luna – Tomlinson, a Luna deveria beber um pouco, não acha?
Ele olhou para ela e depois para Aniballe. E então sorriu.
– Com certeza. Mas sem exageros. – advertiu, abraçando a amiga.
Luna aceitou a taça, mas não bebeu.
– Acha que vão demorar? – perguntou ela, apontando para fora.
– Não sei. Eu vou beber enquanto isso. – respondeu Candy, sem ter muita certeza se era a coisa certa a se fazer, mas mesmo assim fez.

Desculpa se te chamo de amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora