Your lips.

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  Ela franziu os lábios por um instante. Estava pensando qual rota até o banheiro seria melhor. As opções eram passar por Zayn e esbarrar nele pedindo desculpas, ocasionando uma breve troca de olhares ou simplesmente passar por outro caminho.
Candy não conseguia pensar. Tinha bebido um pouquinho – não tanto quanto Luna, mas ainda sim – estava difícil pensar.
Quando ela o viu chegando à festa, seu coração começou a bater perigosamente rápido. Por sua sorte ele e Luna ainda estavam dançando, o que dava a chance dela tentar raciocinar quando eles se separassem. O problema era que ela não conseguia.
Ele estava absurdamente lindo. Inteiro de preto, com a barba por fazer. Sabia que provavelmente aquilo tinha ficado para depois, já que tinha escutado quando Liam havia dito para Luna, que Amber tinha aparecido para atormentá-lo.
Ela suspirou fundo, encarando o copo. Precisava criar coragem para aquela noite. Talvez não tivesse outra.
– Ele é bonito. – disse Katina parando ao seu lado, uma das melhores amigas de Luna.
– Quem? – indagou Candy, confusa.
– O cara que você está olhando.
Ela engoliu em seco, sentindo as bochechas corar. Diabos! Será que ela não havia aprendido nada com Luna? Bufou incrédula.
– Que cara? – perguntou se fazendo desentendida. Ao menos tinha que fingir desinteresse, já que pelo visto estava estampado na sua cara.
Katina riu baixinho.
– Aquele gato que está dançando com a Luna. – Candy apertou os lábios olhando pra baixo – Não se preocupe, a maioria das mulheres aqui estão babando nele.
Silverstone sorriu com os lábios ainda comprimidos. Era só o que faltava mesmo. Mas seria tão óbvio. Quem em sã consciência não pararia para olhar Zayn Malik? Ele era absurdamente lindo. Tinha um charme que ela não conseguia explicar, era natural dele. Sem esforço algum.
Ela segurou o ar quando viu que Zayn estava em uma área de perigo e começou a mexer no cabelo, nervosa.
Katina a abraçou pelo ombro rindo, falando em seu ouvido:
– Não se preocupa Caramella, de todas aqui você é a única que vale a pena.
– Você acha? – indagou ela, insegura.
Katina sorriu com amabilidade, olhando em seus olhos.
– Você deviria ir falar com ele. – sugeriu ela.
Candy quase se engasgou com a saliva. Katina estava louca. Ela nunca teria essa coragem.
– Nem pensar. – disse ela.
– Porque não? Ele não vai te enxergar aqui. Tem tantas mulheres oferecidas que com certeza não vão deixar ele chegar perto de você.
Ela mordeu o lábio pensativa. Talvez a ideia do esbarrão fosse melhor do que ir simplesmente falar com ele. Afinal, ela sabia que acabaria falando alguma asneira. Sempre falava.
– Acho melhor não Kat.
– Para de bobeira Candy. Você precisa mostrar que é uma linda mulher e que está aqui.
Ela suspirou fundo. Katina estava certa. Precisa mostrar ao menos que estava na festa e uma vez por todas quem ela era. Candy precisava fazer com que ele lembrasse dela na manhã seguinte e depois e depois.
– Tudo bem...
– Ótimo, então aproveita agora que ele está vindo na nossa direção.
E lá estava ele.
Zayn Malik. O cara que ela havia esbarrado em um dia qualquer na cafeteria. O mesmo que tinha a ajudado e simplesmente a ignorado no outro dia. O mesmo que provavelmente não sabia quem ela era na festa do seu apartamento. E o que ela tinha certeza que tinha encontrado. O cara que fazia seu coração bater violentamente contra o peito.
Ele se aproximou, acabando com a distância entre os dois. Candy mal havia notado, mas Luna estava logo atrás dele com um sorrisinho medonho de quem tinha aprontado, nos lábios. Ela engoliu em seco.
Meu Deus.
– Oi Candy. – disse ele, com a voz suave.
Ela sentiu suas pernas amolecerem. Talvez as estrelas estivessem se alinhado e o mundo deles se colidiu. Candy mordeu o lábio sorrindo, ela lembrava ter ouvido algo assim em uma música, mas nossa, era exatamente assim como se sentia.
O mundo deles, finalmente haviam se colidido.
Zayn Malik sabia quem ela era. E ela não sabia como. Bem, talvez desconfiasse. Talvez Luna fofoqueira Aniballe, tivesse por trás disso.
– Oi senhor Malik. – disse ela formalmente, estendendo a mão para cumprimenta-lo.
Ele curvou o cenho fazendo careta, depois sorriu de lado. Se aproximando ainda mais dela. Malik colocou uma mão em seu ombro, se inclinando para beijar sua bochecha. Ela precisava agir desdenhosa, mas sentiu seu corpo petrificar, quando os lábios dele tocaram sua pele.
– Me chame de Zayn, pelo amor de Deus!
Ela sorriu envergonhada, assentindo em seguida. Podia morrer que morreria feliz.
– E você é Katina, certo? – disse ele, cumprimentando Kat, que deu uma leve cotovelada em Silverstone.
– Sim, sou eu. Prazer em conhecê-lo. – respondeu ela, com um tom de voz gentil – Quer beber alguma coisa?
– Talvez. Acho que seria bom.
– Vou pedir algo para os meninos! – disse ela se afastando e gritando para o namorado – Louis, precisamos de mais bebidas!
Candy olhou por cima dos ombros de Zayn, Luna estava dançando com outra pessoa de novo. Liam se afastou indo até os pais dela. Silverstone queria pedir ajuda, mas teria que lidar com ele sozinha. Sentia um pânico crescendo dentro do seu peito. Não podia desperdiçar aquela chance.
– Você – começou ele, fazendo ela se virar para encará-lo – deveria dançar comigo agora.

DSTCDA – Z.

Zayn sabia assim que chegou perto, que ela seria sua aquela noite.
Candy era linda, atraente e tímida. Ela não sabia, mas enquanto mordia seu lábio inferior, ele ficava desejando poder fazer isso.
Já ele, não sabia também, porque ou como tinha a chamado para dançar tão descaradamente, mas precisava fazer alguma coisa. Qualquer coisa que tirasse da sua cabeça o estresse que Amber havia o feito passar.
E Candy parecia ser um bom passatempo. Não que ele pensasse assim sobre as mulheres, ele as respeitava o máximo. Elas eram na sua opinião, as criaturas mais perfeitas da natureza. Só que agora, Malik queria aproveitar.
E queria aproveitar com ela.
– E então? – perguntou ele novamente, a fitando descaradamente.
Ele podia ver que ela estava constrangida, mas não se importava, era exatamente esse o efeito que queria causar.
Candy pigarreou.
– Você deveria perguntar. Não exigir. – disse ela, simplesmente.
Zayn sorriu de lado, umedecendo os lábios com a língua. Até então não sabia, mas sentiu prazer ao ouvir a resposta dela.
– Jamais sonharia em exigir algo de você. Peço desculpas. – disse ele, numa tentativa falha de fingir seriedade – Candy, gostaria de dançar comigo, agora?
Aquilo era engraçado, mas ela sorriu docilmente. E suas bochechas ficaram deliciosamente avermelhadas.
– Pode ser. – disse ela, dando de ombros.
Zayn sorriu abertamente. Ela parecia indiferente sobre os sentimentos que Luna havia lhe dito.
Mas ele sabia que provavelmente aquele só seria seu jeito de demonstrar que não estava interessada como as demais garotas da festa.
O que fez gostar dela.
Candy se aproximou de Malik devagar, e ele a puxou pela cintura, era uma música calma, onde a maioria das pessoas que estavam em casal ficou no meio do salão e as demais se afastaram, deixando um bom espaço para eles dançarem.
Zayn segurou a mão dela com uma mão e a outra apertou sua cintura. Candy fitava algo por cima dos ombros dele, totalmente em silêncio. Malik dançava com uma bela garota, e tudo que passava em sua cabeça agora era a paz que ela o fazia sentir. Tudo bem que tinham acabado de se conhecer, mas ele confiava nas palavras de Luna, e se a loira que o acompanhava agora realmente gostasse dele – a maneira que fosse – isso o fazia se sentir maravilhosamente bem. E em paz.
– Está se divertindo? – disse ele, porque tinha que dizer alguma coisa.
Candy se afastou um pouco para encará-lo e depois sorriu, balançando a cabeça. Ele não tinha certeza se aquilo era sim ou não, mas sorriu também.
Nossa, não sabia como tinha a deixado passar despercebida.
– Estou! – comentou ela – É minha primeira festa de universidade.
Zayn curvou o cenho curioso, se perguntando se ela era do tipo reservada, que ficava dentro do quarto estudando, assim como ele fazia.
– Por quê?– indagou ele.
– Não conheço muitas pessoas que estudam em universidades. – respondeu ela como se fosse óbvio e uma pergunta surgiu na cabeça dele, muito óbvia também, aparentemente.
–Você não faz faculdade, faz?
Ele a rodopiou, não sabia por que tinha feito isso, mas ela riu sendo pega de surpresa. Assim que seus corpos colaram novamente, dessa vez mais próximos, ela respondeu com a voz doce.
– Não, estou no último ano do colegial.
Zayn piscou algumas vezes, fingindo dar de ombros para aquele fato. Mas que droga, todo seu plano de esquecer seus problemas com aquela garota linda, dos lábios rosados havia ido por água abaixo.
Como Luna tinha o jogado para uma menina que nem sequer tinha saído do colegial ainda? Se ele a encontrasse agora, jurava por Deus que ia matá-la.
– E já sabe o que cursar? – indagou ele, tentando não demonstrar seu choque.
– Não. E eu sei que já devia estar determinada, me formo daqui alguns meses e faço dezoito anos no final do ano, mas é muito difícil. Existem infinitas possibilidades.
Malik sorriu com a informação dela, sentindo-se mais aliviado. Não que mudasse qualquer fato, porque ele queria beijá-la naquele momento, não depois de cinco meses.
– Eu também era indeciso. – disse ele, o que não era nenhuma mentira – Só começa alguma coisa, se não der certo, você faz outra. Não deixe o tempo passar.
Ela assentiu veemente, como se cada palavra dele fizesse o maior sentindo. E um péssimo sentimento tomou conta dele.
Falava para uma garota que se não desse certo era pra começar outra coisa, mas a verdade era que queria dizer a ela para seguir seu coração.
Algo que ele jamais tivera coragem de fazer.
Zayn amava música, queria estudar ela. Mas seus pais jamais o entenderam, e agora, depois de anos e da vida estar de ponta cabeça se arrependia de não ter sido firme em sua decisão. Ele não precisava de todo o dinheiro que tinha se fosse feliz com aquilo que fazia.
Não que não amasse seu trabalho, mas tinha uma grande diferença naquilo que lhe proporcionava riqueza material para aquilo que proporcionava riqueza espiritual.
– No que está pensando? – perguntou ela, aproximando os lábios do seu ouvido, para que ouvisse com clareza.
Outra música já tinha começado, dessa vez mais animada, mas eles continuaram dançando como antes, próximos um do outro.
– Estava vagando. Coisas inúteis.
Candy riu alto.
– Eu faço isso o tempo todo.
– Sério?
– Sim. – disse ela balançando a cabeça veemente – Minha mãe sempre diz que não vivo nesse mundo.
Malik sorriu com o jeito dela falar, parecia um pouco nervosa.
– Eu também me sinto como se não vivesse nesse mundo. Como se todos fossem et's ou algo do tipo.
– Jura?
Zayn a girou mais uma vez e quando a puxou de volta, fez seus corpos chocarem. E então a pegou pela cintura jogando seus ombros para baixo, como faziam em filmes.
– Não. – disse ele, em um tom de voz charmoso – Só falei isso para termos a primeira coisa em comum.
A garota revirou os olhos rindo e quando Malik a puxou para cima de novo, as bochechas dela estavam coradas. E nossa, ele sentiu vontade de beijá-la naquele instante... de novo.

DSTCDA – C.

Ai. Meu. Deus.
Ela queria gritar para o mundo. Não, primeiro queria fazer uma dancinha ridícula de vitória e depois gritar para o mundo.
Bem, talvez fizesse os dois de uma vez só.
Quando terminou a terceira música seguida que dançava com Zayn, eles acharam que era hora de tomar alguma coisa. E assim que chegaram perto dos amigos de Luna, as garotas vieram ao seu encontro, fazendo com que Malik fosse com os rapazes.
– Vocês estavam tão fofos! – disse Katina primeiro.
– Estavam mesmo! Acho que você conseguiu fisgar o homem. – comentou Megan, uma das amigas de infância de Luna.
– Vocês acham? – indagou ela, com as pernas bambas e o coração batendo descompassado contra o peito.
Não queria se iludir, mas as amigas de Luna eram mais velhas e eram experientes. Katina e Elena tinham namorados. De anos.
– Ele é muito lindo! – suspirou Elena – Com todo esse charme e esses olhos.
– Ell's! – gritou Megan – Niall está bem ali.
Todas riram. E Elena deu de ombros.
– Vão dizer que estou vendo coisas agora?
– Bem, ele é! – disse Kat rindo – Mas será laçado pela garota Caramella.
– Quem é Caramella? – indagou Louis surgindo atrás de todas, um pouco embriagado.
Todos os outros rapazes surgiram junto com elas. Candy não tinha muita ideia de como deveria agir, então ficou o mais próxima de Katina, a namorada de Louis, por qual sentia mais simpatia.
– Caramella é o apelido da Candy. – explicou Megan, olhando diretamente para Malik que sorriu parecendo ignorar ela. Olhando diretamente para Silverstone, que suspirou profundamente, precisando segurar em algo ou em alguém nesse caso, antes que desmaiasse ali mesmo.
– Meu Deus a Luna está bêbada! – disse Niall olhando para o outro lado da festa.
Candy cortou o contado visual com dificuldade, mas precisava ver o estado da sua chefe. Ela não conseguia acreditar que Luna Aniballe realmente estava embriagada.
Mas quando a viu sendo carregada até o bar por Liam, teve a certeza. Ela tinha passado um pouco dos limites.
– Vou lá falar com ela. – disse rapidamente.
Querendo ou não, Candy era a mais sóbria daquele grupo.
– Também vou! – ouviu a voz de Zayn atrás de si, e tremeu na base.
Aquilo com certeza era um sonho.
Enquanto passavam pelas pessoas no meio do salão, sentiu a mão de Malik encostando em seu ombro, enquanto a seguia. Todos os pelos do seu corpo arrepiaram apenas com o toque dele.
Minha nossa Senhora, ela com certeza ia desmaiar.
Assim que chegaram até eles, Candy se pronunciou preocupada.
– Ela está melhor?
– Não. – respondeu Payne – Acho que seria melhor levá-la para casa.
– Quer que eu leve vocês? – Zayn parecia estar preocupado tanto quanto Liam.
– Seria ótimo, mas não quero acabar com sua festa.
– Porque não vão com o carro de Luna? – disse ela, tendo uma ideia – Ela veio sozinha. O carro dela está por ai.
– Vou pegar a chave dela. Deve estar com seus pais. – Liam se afastou um pouco – Zayn, cuida dela por enquanto, eu já volto.
Liam saiu e Zayn segurou Luna para não despencar da banqueta. Inconscientemente ela não queria estar ali, queria que Candy e Malik pudessem ficar sozinhos. Ela tentou se levantar, mas foi em vão e só piorou as coisas.
– Preciso sair daqui. – pediu ela – Não estou bem. Esse calor...
– Vamos levar ela lá pra fora. Acho que é melhor. – sugeriu Candy.
– Você é esperta Caramella! – disse Malik.
Ela não tinha certeza se aquilo parecia um flerte, ou era coisa da sua cabeça, mas meu Deus, como queria que fosse a primeira opção.
Zayn abraçou Aniballe pela cintura e a ajudou a sair do salão da melhor maneira possível. Ele realmente parecia ser um cavalheiro.
– Vamos deixar Luna aqui. – disse Zayn quando eles chegaram do lado de fora, colocando a chefe da garota em um banco sentada – Está se sentindo melhor?
Candy não teve tempo de pensar. Em um piscar de olhos, sua chefe havia vomitado nos pés do sócio de uma das maiores empresas do país.
– Que nojo! – gritou Silverstone.
Algo que ela não conseguia ver era aquilo.
– Temos que tirar você daqui. – Zayn parecia um pouco enojado, mas aquilo tinha o deixado preocupado – Liam vai me matar se alguém ver ela aqui e desse jeito.
– Mas que merda Zayn! – gritou o Senhor Payne irritado, como se tivesse ouvido o que Malik havia acabado de dizer.
– Queria que eu fizesse o que? – retrucou o cara dos olhos dourados – Não ia deixar ela lá dentro.
– Se os pais dela a virem desse jeito, vão surtar. Foi difícil convencê-los que estávamos indo embora porque ela não estava se sentido bem e não porque tinha bebido todas.
Luna vomitou de novo irrompendo aquela discussão dos sócios. Candy sabia exatamente o que fazer. E gritar não era a melhor saída. Por mais que tivesse nojo do vômito, ela já havia lidado várias vezes com aquele tipo de situação.
Correu de novo para o bar pegando dois litros de água e um chocolate. Luna precisava por tudo pra fora, mas ainda assim não podia ficar desidratada. E então, enquanto os homens discutiam sobre coisas estupidas ela deu um pedaço do chocolate fazendo Aniballe vomitar mais ainda e Liam Payne a fuzilar com os olhos. Quando Luna terminou de vomitar, ela deu mais água e assim seguiram por longos minutos.
Até tudo se acalmar.
– Está melhor? – perguntou Candy, preocupada.
– Um pouco.
– Quer ir embora? – foi à vez de Liam.
– Não. – disse Aniballe com a voz carregada – Quero dançar uma música com você.
Candy e os empresários riram.
– Comigo? – indagou Payne.
– É rude recusar uma dança, sabia?
Payne ergueu uma sobrancelha a olhando de soslaio. Alguma coisa entre eles devia ter acontecido, mas ela não quis se intrometer. Ajudou apenas a amiga se levantar, sendo segurada por Liam.
– Venha, vamos dançar então.
Não tinha música alguma, tudo o que escutavam lá de dentro, era um ruído. Liam segurou a mão de Aniballe, e a beijou com delicadeza.
Luna olhou para ela, e para quem estava atrás de si. E depois sorriu embriagada.
– Vocês dois! – disse ela – Vamos, dancem conosco.
Candy riu nervosa, e Malik fez a mesma reverência cordial que Liam.
– Me concede a honra dessa dança, Caramella? – todos riram – ela de nervosismo – e o deixou segurar sua mão.
– Você me chamou mesmo de Caramella, de novo?
Aquele apelido que Luna havia a dado era fofo, mas ouvir da boca de Malik era algo que ela não conseguia processar.
– Você não gosta? – indagou ele, curioso.
Ela entortou a boca e depois mordeu o lábio constrangida. Queria dizer que não, mas era ele, bem na sua frente. A chamando de Caramella com tanta intimidade.
Intimidade que ela sonhava em ter desde que o conhecerá.
– O quê? Não, é claro que não. – Candy se empertigou, sorrindo envergonhada – Pode me chamar do que quiser...
Malik curvou o cenho, sorrindo travesso.
– Bem, – pigarreou ela – pode me chamar de Candy ou Caramella.
Ele riu baixinho, fazendo ela rir nervosa.
– Uma pergunta. – disse Zayn ainda rindo – Que música estamos dançando? Preciso ao menos imaginar.
Liam riu também e Silverstone se pronunciou. Estava apaixonada por uma música que tinha encontrado no youtube e por algum motivo toda vez que ouvia pensava em Zayn.
– Estou ouvindo Never say Never do The Fray. – comentou – Acho que é do tempo de vocês. Ela é linda.
– Me senti velho depois dessa. – respondeu Liam rindo – Mas a música é perfeita.
Zayn concordou silenciosamente com a cabeça. Ele conhecia a música também. Candy não sabia, mas ele já havia tocado várias vezes em seu piano.
Ela se aproximou dele, sentindo a mão de Malik na curva da sua cintura e a outra delicadamente segurar sua mão. Antes Candy queria esviscerar Luna, mas depois de tudo, teria que agradece-la. Até bêbada ela sabia o que estava fazendo. Silverstone precisou reunir toda sua força para não desabar ali mesmo, na frente de todos, com tudo o que tinha acontecido.
Ele finalmente sabia quem ela era. Ela não podia acreditar nisso.
– Acho melhor irmos. – comentou Liam, se aproximando deles.
Candy quis esquartejar seu chefe, mas tentou disfarçar o fogo nos olhos.
– Tudo bem. – respondeu ela, se afastando de Zayn.
– Candy quer que eu te leve embora antes? – indagou Payne.
Nossa, aquilo era muito surreal. Liam Payne era o chefe da sua chefe. O cara que mandava em tudo. E ele estava lhe oferecendo uma carona.
Não. Ele estava sendo gentil com ela.
Não sabia porque as pessoas o temiam. Talvez apenas pela palavra chefe, mas o Senhor Payne parecia ser uma boa pessoa.
E um homem apaixonado. A como ela queria ter a sorte de Luna Aniballe. Queria muito que um homem como o Senhor Liam se apaixonasse por ela da mesma forma.
– E então? – repetiu ele, fazendo as bochechas dela formigarem.
– Ah claro...
– Não. – interveio Zayn com a voz doce e amigável, fazendo o coração da garota dar um salto – Posso levar ela embora, não se preocupe. Pode ser Caramella?
Zayn Malik ficava absurdamente lindo chamando a garota pelo apelido. E a mesma ficava absurdamente maravilhada com isso.


DSTCDA – Z.

Ele não sabia por que tinha feito isso, mas parecia certo na hora. E ainda mais certo quando ela sentou ao seu lado no carro. E que Deus tivesse misericórdia, porque quando ela se atreveu a ligar o rádio do carro e suspirou quando as primeiras notas da quinta sinfonia de Bethoveen começaram a tocar, ele sentiu espasmos estranhos dentro de si.
Ela era uma garota de dezessete anos, ele não parava de pensar nisso.
Candy não parecia ser como as outras garotas, ele tinha que admitir, mas não era do seu caráter pensar em ter qualquer tipo de relação com uma.
– O que você está pensando? – indagou ela, como sempre curiosa.
Ele sorriu de lado, colocando a língua entre os dentes.
Droga, fazia isso sempre que queria flertar. Ah, aquilo seria muito difícil.
– Estou apenas apreciando a música. – mentiu ele, descaradamente.
Mas se tivesse um pouco mais de coragem, falaria para ela o que realmente estava passando por sua cabeça agora. E ele tinha que concordar não era nada correto.
– Eu simplesmente adoro Bethoveen. – disse ela suspirando, enquanto tirava suas sandálias.
Ele piscou algumas vezes olhando a cena e sorriu de lado. Zayn não imaginava que uma garota como Candy Silverstone pudesse ouvir algo tão sublime quanto Bethoveen.
Imaginava que garotas da sua idade ouvissem boybands ou algo do tipo.
– Sou apaixonada por Moonlight. – disse ela um pouco envergonhada – Mas confesso que ainda me sinto um pouco perdida com música clássica.
– Ah, Moonlight é fantástico. – disse ele, vendo ela colocar os pés sobre o banco do carro – Bethoveen trás algo que você sente na alma é isso que é importante na música clássica.
– Eu achei que a paixão dos homens fossem os carros.
– Também. – disse ele lembrando da sua coleção de carros na casa de Amber – Mas Bach, Antônio Vivaldi, Mozart, Chopin, Bethoveen e Rachmaninoff, têm um lugar dentro do meu coração.
– Rachmaninoff? Não conheço. – a verdade era que ela mal conseguia pronunciar o nome.
Zayn sorriu de lado, estufando o peito com certa alegria. Se existia algo no mundo qual ele mais amava do que sua família era falar sobre música. Quando Malik tinha cinco anos sua mãe o colocou em uma escola de música. A ideia inicial da Sra. Malik era apenas para entreter o garoto, mas quando sua primeira aula de piano foi dada, ele sentiu algo dentro do seu pequeno coração. O amor pelo piano e pelas obras que tocava se tornou seu vício e enquanto os colegas optavam pelas baterias ou guitarras, ele perdia horas do seu dia, desejando ser Rachmaninoff. O maior pianista em sua opinião.
– Bem, Serguei Rachmaninoff, é um astro. Conhece aquela música All by myself? Bridght Jones canta no filme.
Candy abriu um imenso sorriso boba, mas concordando. Não tinha como não conhecer aquela música. Era um clássico do filme. E da Celine Dion, é claro.
– É um arranjo temático do segundo movimento – continuou Malik – do Concerto para Piano No. 2, Opus 18, em dó menor de Rachmaninoff.
Candy curvou o cenho. Ele sabia que ela não entenderia, mas ele precisava explicar. Gostaria que ela soubesse. Incrivelmente linda, e ainda sábia sobre música clássica. Seria um verdadeiro sonho dele, se tornando realidade. Já que Amber odiava quando ele tocava. Dizia ser fúnebre e depressivo. As vezes Zayn gostaria de responder que talvez fosse daquela maneira que ele se sentia.
– Não entendo esses termos Sr. Zayn. – a garota deu de ombros – Sou apenas uma amante do sentimento que eles me proporcionam.
– Belas palavras. – ele pigarreou – Exceto pelo Senhor.
Zayn viu as bochechas de Silverstone ganhar cor levemente e achou melhor mudar de assunto, antes que viesse a fazer alguma tolice. Ele sabia que se continuasse falando sobre seu amor por música, acabaria falando demais sobre si mesmo.
– E bem, como sabe da minha outra paixão, assim como a paixão de todo homem na face da terra, sugiro que tire os pés do banco do meu carro.
Candy o encarou estupefata e depois sorriu envergonhada. Era delicioso ver as bochechas dela criando cor. E os lábios se retorcerem de constrangimento.
– Obrigado. – disse ele quando ela retirou os pés.
– Você estava sendo legal demais para ser verdade. – bufou ela cruzando os braços, como uma garota mimada.
Ele riu alto.
– Pode parar aqui! – gritou ela de repente em frente de uma casa de família comum em Londres.
Ele parou bruscamente, fazendo a sorrir, ao mesmo tempo que tirava o cinto de segurança.
– Ahm... Obrigada por me trazer em casa. – disse ela, abrindo a porta do carro.
A situação era um pouco embaraçosa, mas Malik assentiu, descendo do carro também.
A levaria até a porta, por questão de segurança. E talvez quem sabe por ficar mais tempo em sua companhia.
Enquanto caminhava ao lado dela em silêncio Zayn tinha em mente que não podia fraquejar. Ele até havia tentado ficar com outras garotas, depois da briga com Amber, mas depois do que Luna havia lhe contado, a única coisa que começou a pensar foi na garota que trabalhava para Aniballe.
Candy Silverstone.
Ele se lembrará de tê-la visto pelos corredores da empresa e até mesmo em seu apartamento, mas nunca tinha a olhado de outra forma. Pelo amor de Deus, ela tinha dezessete anos. Ele não conseguia esquecer esse detalhe. Era jovem demais. Com tantas mulheres em sua empresa, ele não se perderia olhando para uma de dezessete. Afinal ele tinha trinta. Mais de dez anos mais velho. Aquilo era errado.
Ela era linda demais, com toda certeza, mas ele era sensato para saber que aquilo era imprudente.
Mesmo ela vestida daquela forma que a deixava com cara de mais velha, e caminhando ao seu lado com o vestido amassado e sem sapatos, com a boca entre aberta. Nossa, ele já imaginava as coisas que queria fazer com aquela boca.
– Ahm... Obrigada. – repetiu ela parando quase em frente a porta, tirando qualquer pensamento sórdido e impuro que crescia na mente dele.
– Imagina.
Era estranho. Fazia longos anos que ele não se deparava com um momento como aquele.
Levar uma garota até a porta, como se estivessem voltando de um encontro. Ele a deixaria e o que aconteceria depois? Ele queria beijá-la.
Nossa, ele queria muito beijá-la.
– Será que Luna ficará bem? – perguntou ela, cortando aquele silêncio constrangedor.
Zayn sorriu. Queria que a preocupação dela fosse a mesma dele, refletiu, mas tudo bem se ela detestasse o silêncio tanto quanto ele.
Quando conheceu Liam Payne, tudo o que Zayn queria era ficar sozinho. Eles tinham vinte e dois anos e não gostava da ideia de ter alguém invadindo seu espaço. Seu amigo tinha um passado levemente conturbado e não era nada fácil ficar ao lado dele. Por vezes quis ficar sozinho, no silêncio do seu apartamento. Mas quando realmente Liam o deixou, a única coisa que queria era a companhia do melhor amigo. Ele não entendia como alguém conseguia viver no silêncio ou na solidão, depois de compartilhar por anos a alegria do amigo.
E quando conheceu Amber, nunca mais quis ficar sozinho. Ela enchia seu peito de alegria. Mas aquilo havia acabado. Há anos.
– Acho que sim. ­– respondeu ele. – Liam vai cuidar muito bem dela.
Candy sorriu delicadamente e ele achou que poderia ficar a admirando pela noite toda se ela deixasse.
– Bem... – pigarreou ela – Acho melhor eu entrar.
Droga, aquilo não podia ser tão constrangedor como de fato estava sendo. Será que ela não percebia em seus olhos que ele queria beijá-la imediatamente? Também, como poderia entender os sinais que estava dando durante toda a noite? Ela era uma simples garota que estudava no colegial. Ele tinha que por isso na cabeça. Não podia simplesmente colocar ela contra a parede e toma-la em seus braços até que sentisse vontade de tirar sua roupa.
Um silêncio levemente desconfortável se formou entre eles e Zayn achou melhor dizer logo alguma coisa, antes que estragasse tudo.
– Foi bom ter sua companhia, senhorita Silverstone. – disse parando em frente à porta dela.
Candy sorriu suavemente.
– Estou me sentindo no século dezenove com toda sua formalidade! – provocou ela, rindo baixinho e travesso.
Droga, será que ele estava sendo tão patético assim? Ergueu os ombros sorrindo um pouco sem graça. Não conseguia relaxar ao seu lado.
– Presumo que estou deixando uma dama em casa. – respondeu ele, entrando na brincadeira, se curvando para beijar a mão dela. Dê uma coisa ele sabia, precisava tocar sua pele de qualquer forma.
Quando os lábios dele tocaram a pele dela, Zayn sentiu um arrepio estranho na espinha. Seu perfume era doce e tinha a mão macia e delicada. Ele se segurou para não continuar beijando toda a extensão, até chegar onde ela perdesse o fôlego.
– Obrigada Zayn. – ela agradeceu dando um passo para frente, encostando os lábios no canto da boca dele.
Silverstone não era nem um pouco inocente, ele estava começando a pensar nisso. E na hipótese de arrastá-la de novo para o carro e sussurrar tudo que estava passando na sua cabeça agora.
Se ela não tivesse entrado em casa sem esperar para que raciocinasse melhor sobre o plano teria feito isso. Mas a sorte estava ao seu favor. Ele não podia beijar e querer fazer tudo o que desejava com uma garota de dezessete anos. Ele era homem, não moleque.
Mas pelo resto da noite, quando finalmente conseguiu sair da frente da casa dela, ele não parou de pensar no seu sorriso e nos seus olhos cor do mar.
Ou, talvez, o som da sua voz.
Ou, talvez, o toque dos seus lábios.   

Desculpa se te chamo de amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora