Eu beijo gentilmente sua pequena mão começando uma nova jornada de novo, seguindo clara melodia -
Exo - Walk on memoriesHelena Blake
O universo não gosta muito de mim, aliás eu quase diria que ele me odeia. Essa é minha teoria pessoal para tanto caos e azar. Sou igual um imã. Atraio as más energias do mundo para mim. Como um para-raio atrai raios para ele, eu atraio chuvas repentinas quando estava voltando do trabalho, pessoas me abandonando, bêbados vindo em minha direção, namorados possessivos, amigas que me abandonaram na primeira oportunidade, um pai alcoólatra que sempre tenta me bater, uma demissão ao quebrar um copo que valia mais que meu salário e uma paixão avassaladora por um homem que eu sequer sei o nome.
Talvez eu devesse colocar isso nos meus próximos currículos. Ou talvez eu coloque na lápide do meu túmulo algo do tipo: "Garota azarada, sem namorado, sem dinheiro, sem amigas.", até que combina comigo.
Sou interrompida dos meus pensamentos pelo som estridente do despertador.
Ah sim, eu odeio esse som. Odeio mesmo!
São exatas seis horas da manhã e eu já estou estressada. Nada fora do normal.
Nos outros dias eu me estressava porque tinha de ir trabalhar cedo e ficar escutando todos os outros funcionários que eram amigos brincando e se divertindo. Além de ver o mesmo cara - cara esse que eu apaixonei sem trocar uma única palavra antes - ir todos os dias no restaurante ao qual eu trabalhava e não me dar nenhuma bola. Nem me olhar ele olhava direito, só algumas raras vezes! Era deprimente! E para deixar tudo pior, a senhora do azar, vulgo eu, me desequilibrei e derrubei um copo, que valia mais que meu rim, na frente do cara quando ele finalmente me notou! E pra completar meu ex-chefe me deu uma bronca no meio do restaurante pra se pagar de machão. E o pior nem foi a bronca, mas o fato que ele fez isso na frente de todo mundo que estava lá na hora do almoço!
O ódio que eu senti foi maior até mesmo que a vergonha. Tanto que eu também disse algumas coisas para ele, por isso que ele me demitiu de vez. Sabe, na hora da raiva é natural falar coisas que possivelmente vai fazer ele perder clientes e ser processado, mas é natural, não é?! Eu não devo me preocupar que vou levar um processo e ir à falência de vez, não é?!
Porém, vou deixar toda essa preocupação de lado. Mais uma dívida não vai fazer tanta diferença assim afinal.
Um som na maçaneta da porta me faz virar para olhar o que é. Logo um corpo passa pelo portal. A pele já um pouco enrugada, com marcas do tempo de vivência e dos muitos dias de bebedeira regados a maços e mais maços de cigarro barato; os olhos castanhos normais; as roupas um pouco acabadas e as mãos com as unhas roídas seguram um pequeno prato com um cupcake colorido em cima. De brinde uma pequena vela branca já acesa por cima do pequeno cupcake.
Meu pai trazia um mínimo sorriso no rosto, ele sabe que não gosto de comemorar meu aniversário, tanto pela falta de dinheiro como pela lembrança que tenho da minha mãe. Não era algo agradável saber que sua mãe te deixou no seu aniversário de dois anos de idade por conta de um homem que ela jurava amar. Mesmo não lembrando do rosto dela por ser muito nova quando ela se foi, o sentimento de abandono ainda persiste aqui no peito.
Meu pai se tornou outro depois disso, segundo a empregada que tínhamos. Ela dizia que antes da minha mãe sumir, meu pai era um doce de pessoa, mas depois dela ir embora, meu pai se tornou outro. Sempre bebendo, fumando, chegando de madrugada e apostando em jogos de azar. E isso dura até hoje. A lembrança não é boa. Não foram poucas as vezes que ele me bateu por estar bêbado ou até drogado. Mas ele sempre pedia desculpas no outro dia, apesar que isso não diminuía meu medo ou receio dele me bater até eu ficar inconsciente ou morrer.
- Está perdida em pensamentos novamente?! Venha! Assopre a vela e faça um pedido. - disse com a voz um pouco rouca.
A bebida realmente estava afetando seu organismo. Seus olhos não eram mais tão brancos, sua aparência não era uma das mais joviais, sua voz tinha um timbre diferente e o vício era tanto que todos os dias ele bebia. Dinheiro para isso? As poucas sobras do meu salário. Não fico feliz com isso, mas é melhor do que apanhar. Eu queria ir embora, já pensei nisso muitas vezes, mas se eu for quem vai cuidar dele? Afinal sou sua única filha. E mesmo que ficar aqui me machuque, ele cuidou de mim até eu ter idade para trabalhar. O certo é devolver o favor até eu conseguir alugar uma casa só para mim.
- Não gosto disso. Não acredito nisso, não mais... - sim, estou triste com isso.
Foram tantas vezes pedindo para meu pai largar o vício nos meus aniversário, mas nunca resultou em nada. Então, por quê continuar acreditando nisso?
- Vamos! Não tem de gostar, tem é de fazer e esperar ter seu pedido atendido. - ele realmente já está meio bêbado a essa hora da manhã? E só agora eu percebi.
Reviro os olhos e assopro a vela posta em minha frente. Mais uma vez meu pedido foi para uma vida melhor, onde meu pai não é um viciado, e eu tenha ao menos um amigo. Bem difícil de acontecer eu diria. Afinal, eu nem consegui iniciar algo com o cara super lindo, maravilhoso, sexy, gostoso e charmoso do restaurante.
- Agora você fiquei aqui e aproveite seu dia. - seus pés viraram e seu corpo estava quase passando da porta quando ele parou - Vou sair e não sei que horas voltarei. Não me espere acordada.
Isso sim foi uma novidade! Ele avisando para mim que vai sair? Que ironia! Antes ele não dizia nada.
- Não saia de casa, entendeu? - apesar dos olhos levemente vermelhos que diziam que ele estava alterado, seu semblante estava sério como nunca antes.
- Sim, entendido.
Ele se vira por completo e vem em minha direção. Suas mãos seguram meus braços com força, e mais uma vez, ele pergunta:
- Entendeu mesmo?
Aquilo já estava começando a me assustar, mas não iria demonstrar. Uma coisa que aprendi nesses inúmeros anos foi que meu pai não gosta quando eu demonstro fraqueza, não sei o motivo muito menos a razão, mas é como um treinamento ou tortura sempre que eu choro, ele só me bate mais.
- Sim, eu realmente entendi pai.
Ele vai embora e com ele minha máscara. Lágrimas escorrem por minhas bochechas, dolorosas, sofridas, sentidas. Por quê comigo? Esse realmente é meu destino?
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Russian Roulette (E-book Na Amazon )
Fanfiction1°lugar no concurso estrela vespertina 2°Lugar no concurso Campo de flores 3°lugar no concurso fabulosos 1° lugar no concurso flor de lotus Vencedor do voto popular no concurso sapeka, na categoria suspense. Jeon jungkook é um dos máfiosos mai...