Tortura

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MELIODAS

— Madmá, fale comigo. — murmuro para a moça que se regenerou totalmente.

— E-Eu... Eu estou bem... Não... se preocupe. — ela mente muito mal.

— Olha pra mim... — ela permanece de cabeça baixa — Olha pra mim. — ela levanta a cabeça e me encara — Eu te dou minha palavra de que vou tirar você daqui!

— Sua palavra não tem servido de nada ultimamente... Não é, Meliod? — Perseu aparece na sala de tortura novamente.

— É isso que quer provar, desgraçado?! Que minha palavra não tem mais peso algum?!

— Não... Isso eu já provei. O que eu quero agora é algo que está além da sua compreensão. — ele caminha até mim.

Ele está com um alicate em mãos... Um alicate grande. De ferro mágico, escuro.

— Chegou a hora da brincadeira entre nós dois começar. — ele diz se aproximando de mim com o alicate.

— NÃO! NÃO! DEIXE-O EM PAZ! — Madmá começa a gritar percebendo o que ele vai fazer. Perseu lança um olhar severo para ela, Madmá apaga em seguida.

— Seus olhos... — falo enquanto ele se vira para mim — Eles estão vermelhos desde que chegamos aqui... Por que não deixa eles ficarem azul? Sabe que enquanto eles estiverem vermelhos, mais Energia será consumida. — ele me encara com seu olhar frio e eu percebo que ele está fraco. — Você já está quase sem Energia Divina, não está?

— Eu ainda tenho muita Energia sobrando. — ele sorri — Agora vamos começar a diversão! — ele ri e começa a abrir e fechar o alicate repetidas vezes. O som causado pelo alicate de ferro com ferro é assustador e intimidante. — Vamos, Meliod! Me mostre o quão forte você é! — então ele começa a tortura física.

Ele começa por meus pés descalços. Ele arranca meus dedos com o alicate. Cortando! Cortando! O Renegado dá gargalhadas doentias enquanto eu grito de dor, não é uma dor normal, a magia do alicate com certeza serve para intensificar a dor!

TRINC! TRINC!

O barulho do alicate me abrindo é tão perturbador! Ele começa a abrir meu tronco, cortar meus dedos das mãos como fez com os pés. Meus olhos estão quase saltando para fora com a dor, Perseu também tem os olhos intensificados com excitação.

— HAHAHAHA! O medo! O medo em seus olhos! O seu medo e pavor só torna tudo mais divertido! — grita ele em meio à gargalhadas, cortando e cortando!

Eu não consigo pronunciar nenhuma palavra, são apenas gritos vazios.

Depois de tanta dor, eu desmaio. E tenho um momento de paz.

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Desperto em um campo todo branco, estou deitado, meu corpo está sem ferimento nenhum. Aqui há perfeita paz.

Me levanto, fico em pé, olhando o imenso espaço branco. Eu estou dentro da minha mente, eu sei. De repente uma mulher loira aparece na minha frente. Ela caminha até mim, é Vulcânia. Não a verdadeira, mas uma alucinação.

— Meli... — Vulcânia sussurra estendendo sua mão direita para mim. Sua voz traz paz ao meu ser, fecho os olhos por um momento, meus olhos azuis, sem brilho, sem luz. Agarro a mão da donzela sem dizer nenhuma palavra. — Vai ficar tudo bem. — ela me traz pra perto, me abraça, deito minha cabeça sobre seu ombro. — Eu sei que você odeia ser um Anticristo... — ela começa a fazer cafuné na minha cabeça — Sei também que eu odeio quando você age como um monstro... Mas você precisa aceitar o monstro que está dentro de você... Pelo menos agora... É o único jeito de você conseguir escapar daqui...

— Eu não posso... — murmuro ainda com a cabeça em seu ombro. — Eu sinto que dessa vez é diferente... Não consigo chorar sangue, não consigo deixar meus olhos vermelhos, nem azul eles brilham. Além disso, meus olhos doem muito. É como se eu estivesse passando por um processo de... transformação.

— Então aceite! Aceite essa transformação. — diz a loira.

— Não posso. Sinto que dessa vez não há volta, se eu aceitar o monstro dentro de mim, não conseguirei mais me livrar dele. Vou ficar igual o Perseu.

— Se for o único jeito de você voltar pra mim... Então faça!

TRINC! TRINC! TRINC!

O barulho do alicate começa a ecoar pelos meus pensamentos.

______________________

Acordo na sala de tortura. Estou vivo graças à minha regeneração, olho para o meu corpo que não se curou totalmente ainda, mas os ferimentos estão bem melhores.

— Você tem uma regeneração poderosa, Meliod! Se assemelha à minha. — diz Perseu divertido. Estou fraco demais para dizer alguma coisa, estou com a cabeça baixa, ofegante, cansado, é tanto sofrimento que meu cérebro está começando a ficar mais lento. — Vamos continuar?

TRINC! TRINC! TRINC!

Ele começa a arrancar os meus dedos dos pés e das mãos novamente. Eu volto a gritar de dor, lágrimas descem como rios dos meus olhos.

— Vamos, Meliod! Aceite quem você é! Me mostre o monstro que está dentro de você! — gritou Perseu.

Então é isso que ele quer? Me tornar em um monstro?

[...]

Um dia inteiro de tortura já se passou. Agora é noite, sei disso graças ao relógio de parede à minha frente. São 23:23hr.

A tortura física foi tão destrutiva quanto a mental. Perseu ordenava que eu fizesse contas aleatórias de multiplicação. Ele perguntava e eu respondia. Tudo isso para obrigar o meu cérebro à ficar consciente o tempo todo para que eu sentisse a dor no seu nível máximo. Meu corpo ainda está se regenerando, são muitos ferimentos. A abertura que ele fez no meu peito foi tão grande que era possível ver meus órgãos. Eu estou todo sujo de sangue, o chão está forrado pelo meu sangue. Meu cabelo loiro está vermelho devido ao sangue.

Madmá está desacordada desde o olhar vermelho de Perseu. E eu não consigo nem me mover, meus olhos estão cansados, meu corpo dolorido. Na verdade dolorido é um modo delicado de dizer. A dor que senti é indescritível. Eu nunca senti tanta dor, nem mesmo quando fui torturado por Diávolos anos atrás. Não é atoa que Perseu é conhecido como o melhor torturador.

Será que minha mãe sofreu assim? Ele à matou de forma rápida?

Acho que são perguntas que eu não gostaria de saber a resposta.

Ping!

Consigo ouvir gotas do meu sangue escorrendo e caindo na poça no chão.

Eu mereço isso. Todo esse sofrimento, por tudo o que eu fiz, eu mereço. Mas Madmá? Não. Madmá não merece passar por isso! Eu preciso salvá-la!

— Meliod, vejo que já acordou! — e mais uma vez Perseu aparece de repente, dessa vez na porta da sala escura, não na minha frente. — Eu trouxe uma pessoa para te ver. — levanto a cabeça imediatamente. Quem será?

Ele se afasta para o lado e dá espaço para a pessoa loira entrar.

Meli! — diz a moça chorosa correndo para me abraçar.

O Rei Dos Mil Mundos: Parte 1 (PAUSADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora