Capítulo IV

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Lia POV

Senti o impacto de algo macio me atingir. No susto abri os olhos e vi que Astra gargalhava enquanto segurava um travesseiro em sua mão esquerda preparando-se para jogar.

“Eu não acredito nisso...”

- Acorda dorminhoca ou vamos perder o cerimonial e nossa própria formatura!! – disse Astra

Tentei me esconder embaixo da coberta e voltar a dormir mas senti outro impacto, desta vez ainda mais forte.

“Infelizmente ela tem razão. Ela não vai me deixar dormir de novo... Se não pode contra eles, junte-se a eles.”

Tirei a coberta que cobria meu rosto, peguei o travesseiro mais próximo e joguei em direção de Astra. Entretanto, não calculei muito bem a força que apliquei ao objeto então, ao se chocar com o rosto da minha irmã, a fez se desequilibrar e cair para trás.

- Argh.. – Astra gemeu de dor enquanto estava jogada no chão.

Fui em sua direção, rindo, a ajudei a levantar. E então fui me arrumar.

*QUEBRA DE TEMPO*

Eu, Astra e Cato( o garoto que havia passado junto conosco) estávamos um ao lado do outro de frente para vários caixões negros com o símbolo dos Caçadores na lateral.

Enquanto os Líderes do Conselho faziam um discurso em homenagem aos falecidos, eu observava as famílias aos prantos. Alguns não conseguiam nem olhar os corpos que ali se encontravam enquanto outros colocavam a mão a frente da boca como se estivesse segurando o vômito. Eu até entendo, alguns caixões estavam abertos e os aprendizes ali jazidos não se encontravam no melhor estado. Sinais de batalha eram evidentes e apareciam de um modo um tanto assustador para aqueles que nunca haviam testado a vida de caçador.

Distribuíram várias rosas e então nós, caçadores, e as famílias fomos enfileirados e cada um pôs uma flor dentro do caixão ao lado do defunto.

Depois de entregarmos fomos para um canto e esperamos até que todos terminassem a ação. Percebi que minha irmã estava segurando uma arma, um machado para ser mais específica.

- Astra, por que você trouxe isso para um cerimonial? – perguntei com um tom de reprovação

- É que.. vai parecer besteira mas eu achei que seria legal para que o machado sei lá.. se despedisse de seu antigo dono – ela disse hesitante.

- Espera um minuto.. esse é o machado que você usou na batalha? E você ainda não devolveu?

- Sim e não, não devolvi. Não tem sentido fazê-lo , o dono está morto e eu faria melhor uso. – ela disse dando de ombros

- Astra, você roubou o machado!! Devolve agora!

- O que? Por que? Ele está morto.. e é tão bonitinho.. e afiado – ela segurou a arma com mais força

- Astra, em primeiro lugar o machado não é seu, independente de ele ter morrido ou não isso aí não te pertence e em segundo lugar, pare de tratar suas armas como bichinhos de estimação. Agora, devolva e eu prometo que faço um para você. – tentei negociar

- Eu vou exigir! – me respondeu enquanto caminhava em direção ao falecido dono do machado.

Após todos terem entregado as rosas, executamos um gesto de respeito. Os caixões foram fechados e então enterrados. Fizemos um minuto de silêncio, uma pequena reverência e então fomos dispensados.

Eu e minha irmã saímos do jardim e fomos em direção ao nosso chalé.

- Senhoritas Delavour! – escutamos alguém gritar e logo nos viramos.

Caçadoras da CoroaOnde histórias criam vida. Descubra agora