Capítulo 1 - Mariana

304 66 38
                                    


Eu estava praticamente pronta, iríamos comemorar que eu consegui um novo emprego como pediatra no hospital São Rafael, fazia anos que eu não sabia o que era uma festa.

Vesti-me de forma sensual, coloquei um salto alto, deixei meu cabelo cair em minhas costas nuas e passei uma maquiagem simples.

Assim que terminei ouvi minha amiga gritar lá de fora: - Mariana Sanches venha logo.

Sai e quando entrei em seu carro, dei um beijo no seu rosto, ela veio com seus comentários que me deixava sem graça.

- Até que enfim ela está vestida como uma mulher de vinte e quatro anos.

- Para vai Maria, vamos antes que eu desista. - Naquela noite fui curtir em um barzinho, fiquei sentada na mesa, enquanto minha amiga pegava um cara.

Dia seguinte...

Acordei num rompante e sentei-me na cama assustada, com os olhos grudados no rádio relógio, três da manhã, saltei como uma louca à procura do meu telefone celular.

- Por que raios você não despertou? - Segurei-o enquanto amaldiçoava o aparelho.

Estava pronta para ir ao banheiro, quando me lembrei de que eu não tinha mais que fazer residência, que aquele seria meu primeiro dia no hospital São Rafael e o principal, que o meu turno começava às sete da manhã.

Aliviada como se um peso tivesse sido tirado das minhas costas, voltei a dormir, graças a Deus e ao meu esforço, eu podia dormir um pouquinho mais.

***

- E então... Como se sente, Doutora Mariana? - Minha mãe terminava de colocar a mesa do café. Era a primeira vez em anos, que faríamos o desjejum juntas.

- Feliz. - Resumi terminando de abotoar meu jaleco. Em meu peito, o nome escrito com linha azul, parecia brilhar, era como se aquilo fosse um troféu. - Acho estranho quando escuto "Doutora Mariana." - Confessei.

Minha mãe parou atrás de mim e começou a mexer em meus cabelos.

- Deve orgulhar-se disso, só seu pai e eu sabemos tudo o que você sacrificou por essa faculdade. Todas as festas que deixou de ir, os feriados enfiados em prontos-atendimentos e até mesmo seu namoro, que acabou indo por água abaixo.

Respirei fundo lembrando-me do meu último namorado, o Renato.

- É mãe, quando decidi me dedicar a essa carreira, eu sabia tudo o que perderia e para namorar um médico, tem que ser forte e ter uma cabeça boa... - declarei, resignada quanto à ideia de talvez, nunca encontrar a pessoa ideal.

- Você é jovem, bonita e tem um coração gigantesco... Vai encontrar a pessoa certa quando menos esperar, seu príncipe encantado vai aparecer. - Ela beijou-me o rosto e eu me preparei para sair, não queria me atrasar.

Enquanto dirigia, as palavras da minha mãe ecoavam em minha cabeça. Príncipe encantado? Balancei a cabeça achando graça, eu realmente não acreditava nessa coisa de alma gêmea.

Passei pela recepção e cumprimentei as secretárias, de soslaio, olhei para a sala de espera e uma meia dúzia de pessoas já ocupavam as cadeiras.

- São todos pacientes meus? - Perguntei a uma das enfermeiras que separava as fichas dos pacientes.

- Não. - Ela sorriu para mim. - Agora pela manhã você vai atender apenas os pacientes que eram da Doutora Ana Rosa. Se quiser dar uma olhada na ficha, elas estão aqui. - Disse entregando-me os papéis.

Era para ser assim ( Degustação) Está Na AmazonOnde histórias criam vida. Descubra agora