Capítulo 18 - Mariana/Pedro

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  Eu parecia uma boba, em constante estado de graça, um sorriso que não saída do meu rosto e todos sabiam o motivo. Pedro.

Por outro lado, a Silvia era como uma nuvem negra que pairava sobre as nossas cabeças, e era muito difícil ser completamente feliz com a iminência de algo ruim. Minha apreensão se fez maior quando soube que ela estava livre, depois de pagar uma fiança de valor bem alto.

Eu tinha marcado um almoço com a Luiza, precisava contar as novidades para ela, que ainda nem sabia sobre o Paulo, ou melhor, até sabia, mas não com detalhes.

—Quer dizer que eles são iguaizinhos...Tipo xerox? — ela deu um gritinho e começou a se abanar.

—Pois é. —Ri, depois de tomar um gole do meu suco de laranja.

—Já imaginou se o plano de dessa vagabunda tivesse dado certo? Á essa altura, seria bem provável que você tivesse se separado do Pedro.

Respirei fundo desviando os meus olhos para o canto da mesa.

—Acha que não venho pensando nisso? Qualquer mulher que flagrasse uma cena como a que vi, acreditaria que estaria sendo traída. Lú, essa mulher é perigosa, ela deu uma dose de sonífero tão grande ao Paulo, que podia tê-lo matado.

—Sabe que eu tenho os meus contatos...Se quiser, podemos dar um jeito nela... —Luiza disse em um tom mais baixo.

—Credo! Fala como se fosse uma gangster. —Fiz uma careta.

—Não é pra tanto, mas podemos dar um susto nela—Luiza se inclinou em minha direção— , algo que a faça querer sair dessa cidade, ou melhor, desse país. Um pessoa que faz mal a um bebê, não merece o mínimo de consideração.

—Pode me achar uma boba, mas, como eu sei da história dela, acabo pensando que ela é mais uma vítima desse mundo cruel... Lembra sobre o que te contei do passado dela, das coisas que a Silvia passou quando criança?

Luiza cruzou os braços e balançou a cabeça em negativa.

—O que eu faço com você, Mariana? Eu nunca vi uma pessoa tão boazinha...Chega a ser altruísta.

—Não é isso...

Ela fez um sinal ao garçom, tínhamos terminado de comer e eu precisava voltar ao hospital.

—Fique esperta Mariana, essa mulher é perigosa, e ao contrário de você, ela não vai pensar duas vezes antes de te ferrar!

Senti um calafrio correr por todo o meu corpo, depois de ouvir as palavras ditas pela Luiza.

— O que acha de nos encontrarmos hoje no bar? O Paulo está trabalhando lá...É uma boa oportunidade de você conhecer o xerox do Pedro... —perguntei antes de entrar no meu carro.

—Às nove? —Luiza lançou-me um sorriso malicioso.

—Às oito...Ao contrário de você, eu acordo bem cedo no dia seguinte.

Ela riu e partiu em seu carro.

Assim que sentei no banco, peguei meu celular, queria avisar o Pedro que eu iria ao bar com a Luiza. Disposto a se ausentar de seu trabalho noturno, meu marido vinha se empenhando em passar a gerência ao irmão, sem contar que isso foi uma maneira de aproximação dos dois, que vinham se dando muito bem.

Confesso que era estranho vê-los juntos, porque mesmo tendo sido criados separados, eles eram idênticos, e não só na aparência, mas no gestual, no porte e na forma de sorrir.

"Pedro,

Acabo de almoçar com a Luiza e combinamos de passar no bar perto das oito horas.

Ela está louca para conhecer o Paulo...Acho que pode dar certo!

Já sinto sua falta...

Te amo, e é para sempre."

Digitei a mensagem depois de duas tentativas de falar com ele por telefone. Preferi não ligar na academia, ultimamente eu vinha evitando atrapalhá-lo, sabia o quanto era importante que ele se concentrasse em seu trabalho, já que a decisão sobre a guarda da Lorena sairia em poucos dias.

Estava afivelando o cinto de segurança, quando ouvi três batidas no vidro do meu carro. Olhei para o lado, e meu coração parou de bater quando reconheci o rosto que estampava um sorriso sarcástico.

Em suas mãos, uma arma apontada na minha direção, fechei os meus olhos e fiz uma prece silenciosa, eu não queria que aquele fosse o meu fim.

**************

PEDRO

Eu começava a me preocupar, já era quase nove da noite e nada da Mariana aparecer no bar. A Luiza tinha chegado fazia mais de uma hora e depois que a apresentei ao meu irmão, os dois engataram uma conversa e não pararam mais.

—O celular dela só cai na caixa postal.— Sentei-me na banqueta ao lado da Luiza.

—Vou ligar na casa dela...Pode ser que a Mari tenha passado lá e você já sabe...A relação com os pais dela está péssima. —Luiza pegou seu telefone e começou a discar.

Acompanhei cada palavra trocada com a mãe da Mariana e antes mesmo que ela me dissesse, eu entendi que a minha esposa não tinha passado por lá.

Levantei-me e de repente a música e as vozes das pessoas que conversavam ao meu redor, começaram a me irritar.

—O que eu faço? —Coloquei as mãos no bolso da minha calça e encarei a Luiza e o meu irmão.

O Paulo, que estava do outro lado do balcão, deu a volta e colocou-se ao meu lado.

—Cara...Não está pensando que esse atraso tem alguma coisa a ver com aquela mulher, está? —Paulo colocou a mão no meu ombro.

Fechei os meus olhos, ele acabava de verbalizar o que vinha perturbando a minha mente, desde o primeiro minuto de atraso da Mariana.

—Deus! Será que a tal Sílvia pode ter...

—Não fala—interrompi a Luiza que também já estava em pé, com os olhos nervosos.

—Eu vou ligar pra um amigo meu que é da polícia...Com essa louca á solta, eu prefiro não perder tempo.

—Pedro... Eu também vou acionar o pessoal que cuida da segurança do meu pai... —A Luiza saiu de perto de mim para fazer a ligação.

— Tenta se acalmar... De repente aconteceu alguma coisa no hospital. —Paulo tentava conter meu desespero. —Já ligou lá?

—Já...E sabe o que é pior? Eles disseram que a Mariana não voltou do almoço, disseram que ela telefonou pedindo a tarde de folga.

Meu irmão bem que tentou, mas ele era como um espelho refletindo a mim mesmo e eu sabia bem o que sua expressão queria dizer: Eu estava certo em me preocupar.

—Paulo...Vamos fechar o bar...Eu não tenho a mínima condição de deixar isso aqui funcionando hoje—ordenei, sentindo uma pontada em meu peito.

—Pedro, eu falei com um pessoal, e eles vão tentar rastrear o celular da Mari, passei o número, mas eles querem saber, qual foi a hora do último contato que você teve com ela. —A Luiza também já não conseguia disfarçar seu nervosismo

Peguei meu celular e abri a última mensagem enviada por ela. Li novamente o que ela tinha escrito para mim e a frase final: " Te amo, e é para sempre", fez meu coração sangrar, parecia uma despedida.

—Se acontecer alguma coisa á Mariana... Eu não sei o que vou fazer... —Abracei meu irmão e chorei em seu ombro. Aos poucos, a dor da perda da Flávia, voltou a me atingir como se fosse um tiro direto em meu peito, eu sabia que não teria forças para me levantar de outra queda como aquela.

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Oi gente linda, hoje vim trazer mais um capítulo para vocês e sinceramente espero que gostem, essa historia, estamos fazendo com tanto carinho para vocês.

Votem, comente e indique para as amigas. 

Beijinhos, 

Biah Gomes e Nana C. Fabreti

Era para ser assim ( Degustação) Está Na AmazonOnde histórias criam vida. Descubra agora