—Mariana, eu preciso que confie em mim... —Paulo sussurrou de forma quase que inaudível.
—Confiar? Aquele cara quase me matou— reclamei, sentindo as dores por todo o meu corpo começarem a esmagar a minha alma. Não havia um centímetro meu que não latejasse.
—Continue fingindo que está desacordada, eu prometo que vou tirá-la daqui. Você e a Lorena...
O que me restava? Eu não tinha outra escolha, era acreditar nele e corre o risco de estar sendo enganada ou ter a minha vida abreviada, por aqueles dois malucos, Silvia e o carrasco que mostrou satisfação enquanto me espancava.
Ao menos a Lorena tinha se acalmado, talvez fosse a presença do tio, imaginava que o fato de eles serem idênticos, acabava por confundir a cabeça da pequenina, talvez ela achasse que aquele ali, fosse o próprio pai.
—Paulo...Eu estou muito mal e por experiência própria...Sei que posso morrer, cada vez que respiro sinto meu pulmão ser inundado, é bem provável que ele tenha quebrado uma costela minha e que eu esteja sofrendo uma hemorragia interna, portanto, precisa chamar uma ambulância, mas se algo acontecer a mim, diga ao seu irmão que eu o amo e faça tudo para proteger a sua sobrinha... —Com a voz intercortada, esforcei-me nas instruções porque de fato, sentia que não me restava muito tempo.
Paulo continuou limpando com um pano úmido o sangue que cobria o meu rosto e doía tanto, até que parou. Um formigamento tomou todo o meu corpo, amortecendo e maquiando todas as minhas sensações.
Sentia-me leve, tanto ou mais do que quando boiamos em uma piscina. Eu flutuava e era bom, libertador. Nenhum som me incomodava, era como estar pairando em um campo em dias de verão, eu não sentia frio, ao contrário, meu corpo estava aquecido, e devia ser o sol, só podia ser o sol... Aquele clarão...
—Ela precisa ser operada imediatamente! — O eco de uma voz atingiu-me em cheio, e foi como ser arremessada de um lugar alto e cair direto no chão.
—Os batimentos estão cada vez mais fracos... Vamos perdê-la doutor.
—Carregue os desfibrilador... Ela está sofrendo uma parada cardíaca.
"Ela está sofrendo uma parada cardíaca!"
"Ela está sofrendo uma...
*******PAULO******
— Desgraçado! —Silvia gritava a plenos pulmões, enquanto era colocada na parte traseira de uma das muitas viaturas que chegaram ao local, em um momento providencial. —Vai me pagar caro por isso.
Colocado contra a parede sobre o que faríamos com a Mariana, eu só conseguia pensar no que ela acabava de me dizer, e nervoso como eu estava, manter a farsa já não era mais uma escolha minha. O desespero de ver a esposa do meu irmão, desfalecida em meus braços, e ter os canalhas que eram os culpados, bem ali, ao alcance das minhas mãos, parecia-me muito tentador.
Se atendesse aos meus instintos, eu teria pegado aquele covarde e ensinado à ele que jamais se bate em uma mulher, se bem que no caso da Silvia, nessa regra cabia uma exceção, afinal, por mais que achasse uma covardia, tive de me segurar para não partir para cima dela.
Eu não conseguia me conformar em como as pessoas conseguiam ir tão longe, serem tão cruéis e ter o prazer de acabar com a felicidade das outras apenas por capricho e por maldade.
—Ele estava com a gente nesse plano! Esse rapaz também tem que ser preso! — o comparsa da Silvia rosnou, enquanto era algemado.
Não pensei duas vezes, mesmo cercado de policiais, consegui presentear aquele canalha com um soco tão forte em seu rosto, que fez o seu pescoço girar, quase que em 360 graus.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Era para ser assim ( Degustação) Está Na Amazon
RomancePedro Motta Assunção é um homem que teve uma infância difícil, marcada por traumas e rejeições. Quando acredita ter encontrado a felicidade, uma tragédia marca sua vida e o coloca dentro de um grande desafio, criar sua filha recém- nascida, sozinho...