Capitulo-1

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Mais um dia nesta míseravel vida. Já pensei em me suicidar, mas falta-me coragem para tal. Então só me resta beber uma boa dose de vergonha na cara e levantar da cama antes que a dona Chloe venha e me arranque dela a força!

Me obriguei a levantar e fui ao quarto de banho fazer minhas higienes.

Hoje é o meu primeiro dia de aulas no colégio, então decido aperaltar-me (mas nem tanto assim). Visto um french top preto com mangas de sino e rosas vermelhas, uma calça preta e calço umas botas de couro com um salto de 14cm, grosso.

Estava sentada na penteadeira, a tentar decidir o que fazer aos meus longos cabelos "de chama".

Chamo-o desta maneira pois começa em um tom de laranja fogo e termina em um amarelo morto,e parece que vai se desgastando ao longo de seu comprimento, é um belo degradé. E para que conste, EU NÃO O PINTEI, eu já nasci assim, já fui a variadíssimos médicos e nenhum deles conseguiu identificar a causa desta deficiência genética. E eu também não me importo, não mais. Admito que no princípio eu pensei em pintá-lo, pois eu já sofri demais com pessoas gozando com o meu cabelo, e também pelo facto de eu ter sofrido de anorexia na infância e princípio da adolescência, passei anos me desmanchado em lágrimas, até que um dia eu parei, me olhei no espelho e disse: pra quê chorar se posso matar? Desde então, sempre que gozam com o meu cabelo, ou saiem desfigurados, ou totalmente partidos, ou em um caixão. Percebi também que podia ser linda se quisesse, pois eu tenho lindos olhos negros, a pele pálida e lisa (nunca tive nenhum espinha, em 17 anos de vida), lábios carnudos e rosados. Então comecei a me alimentar devidamente e a exercitar-me e em poucos meses eu já estava com um corpão. Já fui detida diversas vezes por agressão, mas não passava mais de uma noite pois a minha mãe era a melhor e mais bem paga advogada de Miami! Só de ouvir o nome de "Chloe Hobbs" , a maioria dos delegados tremiam, pois minha mãe, com apenas duas palavras, os pode deixar sem emprego.

Avançando... Decidi deixá-lo mesmo solto, que se foda. Eles iam até ao chão,e arrastavam pelo menos um metro atrás de mim. Passei um batom vermelho nos lábios, rímel e também um pouco de blush para disfarçar a palidez de meu rosto.

Desci e fui para a cozinha ver o tinha pra comer.

-Bom dia mamã -falei dando um beijo na face da minha mãe.

-Bom dia Milly.

Me dirigi a geleira e tirei de lá queijo, fiambre, manteiga, chourição, mortandela, uma maçã e uma tangerina, leite com chocolate em pacote( daqueles que vêm com palhinhas) e duas garrafas de meio litro de sumo de maçã.

Fui ao armário e tirei pão, bolachas de chocolate, bolachinhas de leite e mel, batatas fritas e um frasco de Nutella.

Peguei uma colher e uma faca e comecei o meu trabalho. Fiz quatro sanduíches, uma eu comeria agora e as outras três eu haveria de levar pra escola, apesar de ter merenda incluída. Eu não confio muito nessas comidas de escola, não sei da proveniência nem como são preparadas, por isso me habituei a levar o meu próprio manjar.

Subi novamente pra buscar minha mochila, coloquei tudo lá dentro, verifiquei se tinha tudo, peguei as chaves da minha moto e o capacete e me despedi de minha mãe.

Enquanto a maior dificuldade de algumas raparigas é escolher com qual rapaz sair, a minha era pôr aquele todo cabelo em um minúsculo capacete. Mas consigo sempre.

(...)

Cheguei a escola e, antes mesmo de estacionar, já haviam olhares cravados em mim, imagina quando verem o meu cabelo, pensei.

Desci da moto e tirei o capacete da forma mais sexy que consegui, balançando o cabelo logo em seguida.
Pousei o capacete por cima da moto e saí andando, sem me importar com as dezenas de olhas e cochicos sobre mim. E isso só no estacionamento!
Entrei no recinto escolar e parei na porta, observando o magnífico local.

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