Capítulo 7

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Okay que nenhuma ressaca é boa, mas a de hoje conseguiu superá-las todas. A minha cabeça foi substituída por algo latejante e dolorido, o meu estômago por um nó ainda mais dolorido, o vômito preso no garganta, o corpo sem forças e com a maquiagem completamente desfeita e borrada. Sinto o vômito subir cada vez mais e corro pro quarto de banho.

Eu vomitei litros e litros. Levanto, me apoiando na pia, porque certamente cairia se me apoiasse nas minhas próprias pernas, estão mais moles que esparguete, e tremem pior que uma vara verde.

Escovo os dentes, finalizando com enxaguante bucal e entro no banho quente.

-Ahhhhh- suspiro alto ao sentir a água quente bater-me nas costas.

Sento-me e abraço os joelhos junto ao corpo, apoiando a testa neles, e fazendo pressão no estômago. É isso. Fiquei a espera de que, por algum milagre, a dor que estou a sentir cessasse do nada, mas isso não aconteceu. Eu me tremia inteira, sem forças para levantar. O meu cabelo formou uma espécie de casulo em volta de mim, e a água começou a queimar-me as costas. Estiquei o braço para o regulador e mudei para o lado frio. Levo um susto quando a água toca em mim e arqueio as costas. Tiro cabelo do rosto e deixo a água percorrer meu corpo.
Por incrível que pareça, aquilo aliviou-me a dor de cabeça e trouxe-me uma energia momentânea, que eu aproveitei pra levantar.

Passo gel de banho na esponja e passo pelo meu corpo, numa velocidade que só Deus. Esfreguei-me, enxaguei-me e saí de lá.

-Que merda!- ouço Emma murmurar, apertando a cabeça.

-A quem o dizes.- deito-me ao lado dela, que se aconchega no meu corpo.- Epa! Vai tomar um banho mulher, tresandas a álcool!

-Daqui a pouco vou.

-Agora! Tu estás imunda!

-Ok, já percebi. Não precisas ofender.

Ela levanta-se e vai caminhando lentamente, apoiando-se nos móveis e paredes, até ao quarto de banho.

-Boa tarde monamour!- minha mãe berra ao adentrar no quarto, batendo a porta na parede.

-Não faz isso, mamã.- murmuro, me escondendo por baixo da coberta.

-O quê, nenê? Vim chamar-vos para almoçar.- fala e eu imediatamente sento-me na cama.

-O que tem o almoço?- Emma pergunta com a cabeça enfiada entre a fresta da porta, com a boca cheia de espuma de pasta de dentes.

-Já vi que comida é assunto sério nesse território.- minha mãe ri- Emma, prepara-te depressa, e tu- aponta pra mim- veste alguma coisa antes de descer. Querem algum tipo de medicamento?

-Para dor de cabeça e estômago. E talvez uma sopa.

-Está bem.- e saiu.

Caminho até ao closet e visto as primeiras roupas que me aparecem: uma blusa de alças finas branca e uma calça de poliéster.

-Babe, eu vou descer.- falo para a porta fechada do WC

-Dá-me uma roupa primeiro.- passa por mim e senta-se na cama.

Bufo e vou ver algo pra ela vestir. Entrego-lhe uma T-shirt magenta e um short jeans.

-Obrigada. Sorte que eu deixei a minha nécessaire aqui ontem, tem lá tudo que eu preciso.

-Até calcinha?- assente- ainda bem. Encontra-me lá embaixo

Saí do quarto e me dirigi em direção à escada, mas lembrei-me de que tem mais gente em casa, então fui ver como estão.

Bato a porta do quarto de hóspedes e ninguém responde, então eu decido entrar.

Sabe aquela cena de filme em que o casal dorme de conchinha, todos fofinhos, o homem com a cara enterrada no pescoço da parceira? É essa a cena que eu me deparei agora.

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