Capítulo 5

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Hoje é finalmente sexta. A semana passou mais lenta do que uma lesma ao sol, mas foi muito boa. Não fiz amigas novas, só mesmo a Emma, que parece que crescemos e vivemos sempre juntas. Estou a preparar-me para ir a escola. Vesti uma calça de moletom branca e um body preto. Só passei rímel e um batom nude. Fiz um rabo de cavalo no cabelo, que agora esta pelos joelhos, cortei-o ontem até as orelhas.

Peguei a mochila com os devidos pertences e desci para preparar o meu lanche.

-O que fazes aqui?- perguntei à Milla

-Esta é a minha casa?!- fez uma careta óbvia, com a boca cheia.

Revirei os olhos e continuei a procura de alimentos na geleira.

-Hoje não tenho aulas nos três primeiros tempos- respondeu-me.

Encontrei a metade de um bolo de chocolate e dei um gritinho, já que estava com muita preguiça para preparar algo. Levei logo mais do que a metade do bolo, dois refrigerantes de limão, uma maçã e um kiwi e uma garrafa de água.

-EMILLYYYYYYY, PORRA!- Emma gritou lá de fora.

-JÁ VOOOOOU, MERDA!- gritei de volta e arrumei tudo numa mochilinha- Vemo-nos depois demônia- beijei a bochecha da Milla e fui.

-Fala filha da puta.- falei assim que saí.

-Tu já viste que horas são, cabra de merda?- falou e eu verifiquei-as no meu relógio de pulso.

-7h43, ainda é cedo princesa.- coloquei o capacete, empurrando todo o cabelo pra dentro dele.

-Quem me dera ter esse teu problema de sei lá o que. Ainda ontem os teus cabelos estavam mais curtos que os pentelhos da minha avó, e hoje quase na panturrilha! Para os meus estarem onde estão, eu tive que esperar um ano e dez meses!

Eu ri.

-É uma condição genética rara, não um problema, só pra esclarecer- pisquei-lhe.

-Cala-te, ignorante.

-Temos que rever as definições que estão no teu dicionário, tenho quase a certeza de que ignorante significa outra coisa.- sorri pra ela, que fez o mesmo e estendeu o dedo médio para mim.

Ela subiu no carro dela e arrancou, comigo logo atrás.

(...)

-Bom dia alunos.

-Bom dia prof. Nick- cumprimentaram o gatão do professor de Química.

-Hoje teremos aulas práticas no laboratório. Formarão pares ou trios, no máximo, e vão até ao laboratório de forma organizada. Encontrem-me lá.

E saiu.

Olhei em volta, a procura da Emma para fazermos um par, mas vi que ela já estava enquadrada num trio, então procurei outros grupos. Mas não tinha nenhum grupo vago, todos decidiram criar trios. Terei de me virar sozinha, como sempre.

Já tinham todos ido para o laboratório, peguei a minha mochila e fui também.

Sentei-me na primeira bancada, com Emma atrás de mim.

-Milly, porque tu não disseste que estás sozinha? Eu posso ser o teu par, de certo que elas vão ent...

-Não precisas Emma, eu prefiro trabalhar sozinha.

-Mas...

-Não. Não te sintas culpada, eu quero estar sozinha. Aproveita e diverte-te com a aula.

-Está bem- deu-me um beijo na bochecha e sentou-se novamente

-Bem, vamos começar. Vistam as batas, as luvas e os óculos que estão por cima da bancada e peguem a folha com as fórmulas. Isso vai servir como avaliação, portanto, ao trabalho.

SomedayOnde histórias criam vida. Descubra agora