Acordo e vejo as horas; 06h03, e me levanto, indo direto para o quarto de banho. Higienizo-me, hidrato-me, aromatizo-me e visto um short preto com barras brancas e um cropped preto com dizeres em branco. Vou para a penteadeira e endireito as laterais das duas tranças que a Milla fez ontem. Boto um lip lacquer e uma leve camada de rímel, e calço os tênis de corrida.
-Aonde vais?- Camilla pergunta revirando-se na cama.
-Correr. Talvez não me demore. Volta a dormir.- digo e beijo a sua testa.
Conecto os AirPods ao Iwatch, boto Summer- Calvin Harris, coloco $300 no cós do calção e saio pra correr.
Corro até um pequeno parque que fica a uns 3,5 quilómetros de casa e começo a caminhar por aqui. Observando o escasso movimento nas ruas, eu começo a me alongar. Ao tocar as mãos no chão, vejo por entre minhas pernas um grupo de adolescentes, que certamente estão bebâdos, incomodando uma moradora de rua adolescente, com uma bebê em seu colo. Enquanto três deles vasculhavam entre as coisas da menina, os outros dois apalpavam seu corpo, e ela contia o choro, fazendo de tudo para embalar a pequena em seu colo; o ser humano está cada vez mais desprezível.
Caminho rapidamente até o banco em que ela se encontra e falo:
-Bom dia- digo e sou completamente ignorada- Ei, psiu..., isso- digo quando ganho atenção de todos, inclusive do pequeno anjinho.- Eles estão a incomodá-la?
Ela me encara sem dizer nada, mas seus olhos dizem tudo.
-Ok, eu vou dizer uma única vez e muito claramente: saiam daqui antes que alguém se magoe, e olhem que esse alguém não serei eu e muito menos uma delas.
-E o que raios tu vais fazer? Estamos em vantagem, somos mais e maiores.- sorrio e faço sinal para que a moça corra, e graças a Deus ela não hesita em fazê-lo.
-Sinceramente, eu não vejo problema- sorrio mais ainda quando vejo que os cinco me cercaram- Só facilitaram o processo.- murmuro.
(...)
Resumindo tudo: arranquei dentes à todos, recebi um murro no nariz, desloquei a clavícula a um, um deles vomitou depois de um murro no estômago e depois todos correram para longe. Fui golpeada muitas vezes, mas consegui golpear mais ainda.
Vou para o banco em que a moça se encontra e me sento ao seu lado.
-Está tudo bem? Eles fizeram alguma coisa com você? Com ela?- faço carinho na princesa, que se levanta do colo da menina e me abraça- Que abracinho gostoso.- aperto ela contra mim
-Obigada mossa- a pequena diz pra mim e dá um beijo no meu rosto; eu já me apaixonei.
-Eles não fizeram nada connosco, graças a ti, muito obrigada.- ela levanta os olhos pra mim- Meu Deus, estás a sangrar!
Toco na minha testa e praguejo baixo ao tocar na ferida.
-Não é nada, e não precisas de me agradecer.- ela sorri
A pequena volta para os braços dela e se aninha em seu corpo.
-Eu tô cum fome, mana- ela diz num tom que faz meu coração partir-se.
A irmã olha para ela com tristeza, abre a boca poucas vezes sem saber o que responder, então só sorri.
-Vocês não têm o que comer?- pergunto com cautela.
-Não... O dinheiro acabou e a comida também, desde ontem que não comemos nada.
Meu coração, que já estava partido, despedaçou-se totalmente. Ninguém merece passar por isso. Se fosse eu no lugar delas, do jeito que como, já teria morrido! Olho pra princesa em seu colo, e lembro-me dos $300 que trouxe para comer. Vejo às horas; 7h43.
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Someday
Teen FictionMergulhe na história de Emilly Jessica, uma menina estonteante, dona de um sorriso magnífico, mas será a última coisa que quererá ver. Com passado perturbado e um futuro desconhecido, Emilly vive o presente da melhor forma, lutando ao máximo para de...