Capítulo 17

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-Te acordei?- ele pergunta, andando de volta pra cama, coçando os olhos.

Está vestido com uma das minhas suas t-shirts e um dos meus enormes calções masculinos tactel , enormes pra mim pelo menos, já que me chegam nos joelhos. Nele, além de extremamente justos, não chegam nem a metade das coxas.

-Não.- respondo bocejando. Angus se joga em cima de mim beijando todo o meu rosto, me fazendo rir.

-Bom dia amor da minha vida.- falou dando um beijo na ponta do meu nariz, sorrindo. O hálito de pasta de dentes bateu com força na minha cara.- São 7h18 já.

Me espreguicei, antes de escorregar pra fora da cama e caminhar lentamente para o quarto de banho. Escovei os dentes, lavei o rosto e prendi o cabelo na altura da cintura.

-Angus.- chamei. Ele apareceu no mesmo instante.- Corta logo acima do elástico.

-Como se eu já não soubesse como funciona.- revirou os olhos, recebendo a tesoura e começando logo a cortar.- Sequelas de ontem?

-Enxaqueca, tô meio fraca, tonta e enjoada também.- aproveito passar hidratante no rosto.

-Não quero que faças trabalhos forçados estando assim.

Ele guardou a grande mecha de cabelo na sacola que entreguei pra ele. As pontas, que caiam sobre a minha bunda, começaram logo a descolorir para adotar novamente o degradê, parece mágico. O processo leva cerca de duas horas para as pontas estarem completamente "desgastadas".

-Já fiz coisas piores em pior estado.- prendo o cabelo num rabo de cavalo mal feito.- Levas a sacola à instituição por mim? Eu depois ligo à Alice e me desculpo pela limpeza dos fios, apesar dela não se importar né.

Saio do banheiro e visto um short por baixo da t-shirt. Pego a bolsa com tudo o que vou precisar pra me trocar depois e coloco no ombro do Angus.

-Os rapazes estão lá para fazer todo o trabalho duro, quero-te sentada o dia todo.- eu reviro os olhos.- Estás pronta?- assinto.- Vamos então.

-Conduzo eu? Por favor.- fiz carinha de gato das botas. Meu melhor amigo bufou, antes de jogar as chaves na minha direção. Desci correndo e rindo à toa, como uma criança que acabara de ganhar um doce.

O Gus ganhou o Bugatti Divo no seu 20º aniversário, dado pelo meu pai. Está novinho. É um desperdício não fazer o velocímetro atingir os 380 km/h disponíveis. Liguei o carro e fiz o motor ranger.

Angus apareceu na porta de casa com uma sacola cheia, para além da minha bolsa, acompanhado de meus pais. Os dois homens caminharam até o carro, enquanto que a minha mãe ficou na porta, encolhida no robe.

-Bom dia meu amor.- meu pai enfiou a cabeça pela janela para me beijar na testa, e eu sorri pra ele.- O Angus falou-nos do ataque que tiveste, e nós achamos melhor não saires de casa hoje. Sabes que é b...

-Eu estou bem papá, se é isso que vos preocupa.- o cortei.- Vocês depois me encontram lá, certo? Estou meio que atrasada para receber a equipe de montagem. Tchauzinho meu amor.- dou um beijo na mão dele.- BOM DIA MAMÃ. TCHAUZINHO.- lhe lancei um beijo no ar e fechei a vidraça.

Dei logo um murro no peito do Angus, que se ajeitava no banco. Sua atenção imediatamente se voltou pra mim, indignado, massageando o lugar em que eu bati.

-Quem te mandou contar? Porra.- dei-lhe mais uma bofetada na nuca.

-Ah, era suposto me calar?- ironizou.- Porra, essa merda doeu pôr do sol.

-Pôr do sol a puta que pariu Kuerten, agora vão me encher de novo com "volta pra terapia".-falei com a voz afetada e dei mais um murro no seu braço.

SomedayOnde histórias criam vida. Descubra agora