prólogo

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Flashback

— Sabe, Yale é um sonho, mas no colegial tudo o que eu queria era poder pela primeira vez sair de New Haven... Ou até de Connecticut.

     Disse Mary Kate em uma daquelas típicas tardes em que se reunia com o pai na varanda para conversar e tomar um pouco de café.

— Eu sei que tem esse desejo, - Dizia o homem com o olhar perdido no horizonte - mas aqui é seguro!

Off

Narrador

— Okay filha, pegou tudo? — Diz colocando a última caixa de Mary no porta malas da minivan.

— Sim, é hora de ir! — Da um sorriso animado e o homem parece se emocionar — Pai!— O repreende com um sorriso mais largo ainda — Não é como se fosse em outra cidade, te vejo no fim de semana... ou durante caso tenha algum tempo livre.

— Tudo bem! — Ele sorri e beija sua testa — Melhor ir, não quero que se atrase!

     Ela assente e entra no carro

— Tchau senhor Stanley, — zomba — amo você! — Liga o carro e o pai da um tapa singelo na lataria do veículo.

— Amo você Mary!

     [ ... ]

     Mary morava bem perto da universidade, a casa de sua fraternidade ficava praticamente atrás do campus, tornando assim a viagem rápida.

     Durante o caminho tentava segurar a tensão que um novo ciclo nos traz.

     A garota toca a campainha e uma ruiva abre a porta:

— Olá! - Sorri e dá espaço para que Mary entre.

— Oi! - Retribui o sorriso — Prazer sou Mary Kate! — Estende a mão.

— Prazer, Anne! - Diz apertando sua mão.

— Poderia ajudar a achar meu quarto? Aqui tem muitos... isso pode levar horas! — Ri.

—Como está numerado?

— Quarto 3?

— Uh... esse é um dos melhores, sortuda! É logo à esquerda subindo a escada. Já tem colega de quarto.

— Que bom, obrigada!

— Não precisa agradecer, somos um clã agora. Bem vinda Mary!

     [ ... ]

— Oi, você deve ser minha nova colega de quarto, eu sou Lucille, prazer! — Diz uma garota com um tom de voz animado assim que Mary entra no quarto.

— Sim, prazer... nova?

— Sim, eu dividia o quarto com outra menina mas ela saiu da fraternidade repentinamente... como você se chama?

— Mary Kate!

— Só? — Ela sorri — Eu gosto de conhecer as pessoas por completo senhorita, tipo com sobrenome completo. - Pisca.

— Ok! — Ri — Mary Kate Munoz Dolson.

    A menina faz uma cara de surpresa

— Munoz?

— Sim, latino! Minha mãe é mexicana.

— Sua mãe deve ser linda! Falam tão bem das latinas...

— Ela era... — Mary dá um sorriso triste.

— Oh... sinto muito eu... — A garota diz desconcertada.

— Não, faz muito tempo, tudo bem!

— O que aconteceu?

— Câncer no pulmão estágio 3.

— Essa doença é cruel!

— Sim...

     Um silêncio se instala no ambiente

— Ahn... como foi sua infância? tem cara de patricinha. — Brinca na expectativa de quebrar o gelo.

— Não! — Ela ri — Quando eu nasci nos mudamos para o México, depois de ficarmos um tempo fomos para Cuba. Tive uma infância simples e feliz correndo de calcinha com as crianças da rua. — Diz nostálgica ao lembrar — meu pai sempre foi um homem de hábitos modestos e me criou assim, sem chamar atenção, sem esbanjar... e só nos mudamos de lá por conta da perda da minha mãe. Precisávamos de algo novo! 

— Que incrível! E tão legal vê pessoas com uma realidade diferente da minha.

— VOCÊ tem cara de patricinha que teve infância luxuosa. - Ri.

— Não vou negar... tive sim! — Retribui o sorriso — Mary, desculpa ser intrometida mas... como seu pai paga a mensalidade? quero dizer, é super cara!

— Os meus avós tinham uma condição boa e deixaram para o meu pai uma herança em dinheiro e a casa que eles moravam em Malibu. Eles morreram em um acidente de carro eu nem os conheci, meus pais ficaram morando na casa até eu nascer. Quando minha mãe me deu a luz ela confessou ao meu pai que tinha o desejo de me ver crescer no México para que eu não perdesse a ligação com minhas origens; Aceitando o apelo meu pai vendeu a casa e com esse dinheiro nos mudamos. Bom, com o dinheiro da venda da casa de Malibu nos mantivemos todo esse período e com o que sobrou ele comprou a casa que moramos hoje. A parte da herança em dinheiro meu pai guardou e essa é a razão de eu estar aqui, — ela sorri — ele guardou especialmente para meus estudos.

— Sua historia é incrível! Obrigada por ter se aberto comigo sem nem me conhecer. — Sorri comovida.

— É, acho que sim... — Mary da um sorriso fraco — Não precisa agradecer, sinto que seremos boas amigas!

— Pode apostar que sim! Ei, quer ajuda para desfazer a mala?

— Eu aceito!

     [ ... ]

— Mas e seu pai? Vive de quê agora? — Diz colocando as peças da colega na cama.

— Bom, como eu disse ele é um homem de hábitos simples e não tem muitas despesas. Ele escreve sobre esportes para o jornal local.

— Fascinante!

    Mary Kate gargalha

— E você? Eu ainda não sei muito sobre você.

— Bom, eu tive uma infância normal de criança rica... Nada tão atrativo quanto seus relatos. Tudo era perfeito até eu crescer e fazer besteiras...

— Que tipo de besteiras?

— No passado minha mãe e meu pai viviam uma fase difícil e tudo ficou uma droga, meu pai vivia fora de casa e minha mãe bebia o dia inteiro. Eu afundei! Me juntei com uma turma estranha na escola e comecei a beber e usar drogas, eu fazia tudo para não ficar dentro de casa. Minha mãe descobriu cortou minha mesada e pegou meus cartões de credito, sem saída eu peguei dinheiro com um agiota. Eu quase morri! — Da um sorriso melancólico.

— Meu Deus Lucille... que bom que você esta bem agora!

— Sim! — Diz se recompondo — Meus pais voltaram e eu fui para a reabilitação, fiquei limpa e a universidade é minha segunda chance. Infelizmente minha mesada ainda é muito reduzida.

     Mary gargalha

— Fico feliz por ter sido forte e dado a volta por cima.

— Oww somos fofas! — Brinca — Que horas é sua primeira aula?

— Às nove e a sua?

— Também, nervosa?

— Animada e você?

— Me cagando!

     Mary já estava bem mais relaxada e tranquila, graças à nova colega de quarto. Ela não sabia que era possível ter intimidade com alguém tão rápido e essa surpresa a deixou feliz.

Blind EyeOnde histórias criam vida. Descubra agora