Marina
O azul parece ser ofuscado pelo vermelho que toma conta da parte que deveria ser branca dos olhos. Os cílios grudados pelas lágrimas, assim como no canto dos olhos as lágrimas secas se acumulam.
A pele das bochechas particamente descamando de tantas as vezes que os dedos passaram por ali para retirar as gotas salgadas que fluem dos olhos.
A ponta do nariz arde levemente por conta dos lenços usados. Os lábios não mais tão volumosos e vermelhos, dando lugar a pequenos cortinhos feito pelos dentes, numa tentativa de conter as lágrimas.
A pele do rosto, pálida, sem cor, quase sem vida. O cabelo tomado por nós, jogado para o lado com os dedos impacientes quando os fios começam a se grudar às gotas.
Essa sou eu.
Uma semana passada desde aquela festa e aqui estou eu. Me lamentando por coisas que nem mesmo sei mais o que são. Mas sobre o que me lamento não tem de ser necessáriamente definido. Sei que tudo gira em torno dele.
Sua voz tão séria. Tão indiferente. Tão fria. Ao pedir que eu fosse embora.
O fato de ele ter me bloqueado das redes sociais, assim como os outros seis. O momento em que um carro de luxo veio me entregar uma pequena caixa, com as minhas poucas coisas que estavam em sua casa.
Passei a segunda-feira inteira na casa de An Lee. Ela sequer me disse o que havia acontecido para não ter ido para a escola no dia.
Ameaçou até mesmo terminar com Jungkook para que eu não precisasse ouví-la dizer como as coisas iam bem entre os dois e para que ela não estivesse ocupada de mais com ele enquanto eu estaria sofrendo, nas palavras dela.
Lógico que ameacei parar de falar com ela, mas foi preciso muito choro de ambas as partes até que ela finalmente desistisse da ideia.
Esta semana que se seguiu, não compareci na escola, assim como praticamente não saí de meu quarto. Sei que é muito drama de minha parte, já que quando descobri que minha mãe não iria mais morar comigo não fiquei nem três dias chorando, e aqui estou eu por simplesmente ter levado um fora.
Não sei se o que me deixa mais triste é a lembrança das palavras de Taehyung, ou a forma como aconteceu.
Não é como se eu tivesse chegado para falar com ele sobre o que 'eu' fiz, ou ao contrário. Foi de repente. Eu fiquei sabendo dele e ele de mim de forma injusta.
Sei que deveria ter contado para ele no mesmo momento em que aconteceu, mas ele também não me disse quando aconteceu com ele.
Dizer que não adianta mais chorar por águas passadas agora seria como dizer que eu não me importo.
O que é uma completa mentira.
Não acredito que chorar vá resolver. Mas o que mais pode?
Taehyung praticamente me expulsou de sua casa e sua vida, gritou comigo, foi frio, não ligou para o que eu disse, simplesmente me apagou como uma pequena fase, um simples erro.
Assim como eu sei que teria feito com ele. E sei que se essa fosse a situação, o estado em que me encontro agora não seria diferente. Talvez pior.
Numa das visitas de An Lee, ela viu meu joelho ralado. Resultado de minha tentativa de descer as escadas sem sair de debaixo do cobertor. A garota simplesmente surtou, falando coisas rápido de mais para que minha mente, parecendo adormecida, raciocinasse de uma vez.
Não durou mais de um mês.
Nos momentos em que meu pai sai para trabalhar e me deixa deitada sozinha no sofá, com a televisão desligada e alguma coisa de comer no chão, geralmente deixada por ele mesmo ali, me pego pensando se poderia ter durado mais. Se poderia ter sido evitado.
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Amor ou Ilusão? [Livro 2]
Fanfiction[Leia o 1° livro Continuação 'Amor ou Ilusão?'] Minhas decisões nunca me amendrotaram de tal forma, assim como nunca fiquei tão confusa e indecisa como agora. Inicio: 27/07/2017 Final:03/2018 Capa feita pela @Veganiy !!