Favores || XXXVIII

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Na noite daquele dia ninguém conseguia dormir naquele prédio, o motivo? Lucas resolveu gravar de madrugada. Enquanto ele gritava e ouvia música o relógio marcava 02:37 e eu ficava me questionando como ele devia estar.

Desde o dia da briga nunca mais nos falamos e desde então meus pensamentos se voltavam sempre pra ele. Em como ele devia estar; se comeu; se tomou banho; se dormiu. Não que eu me importasse realmente com essas coisas, é que no fundo, sei lá, eu queria estar com ele.

- Maria, Maria. - A voz da Júlia me desperta.

- O que foi? - Digo já em mim.

- Faz esse garoto parar. - Ela pede com cara de sono, vestida com um pijama de flores e toda descabelada. - Amanhã eu tenho vestibular. Vou ter que acordar cedo e assim não vai dar.

- O que você quer que eu faça? - Pergunto assustada.

- Não sei. Vai lá e faz ele parar, não aguento mais essa música deprimente que ele tá ouvindo.

- Não posso amiga, já mandei milhões de mensagens desde aquela dia e ele não respondeu nenhuma sequer. Se eu aparecer lá ele me expulsa. - Digo triste.

- E daí? O não você já tem, vai lá e conquista seu sim. - Ela tenta me motivar.

- Não sei Ju.

- Maria, por favor. Faz isso por mim. Amanhã é muito importante e se ele continuar com essa barulhada eu não vou conseguir dormir e amanhã vou estar morta. - Sua voz começa a embargar de choro.

- Tudo bem. Eu acho que posso fazer isso por você. - Sorrio fraco.

- Muito obrigada. - Ela vem e me abraça. - Ah e não briga com ele por que se não vai piorar.

Rio do comentário da Júlia e vou me arrumar, se vou fazer isso vou fazer direito. Coloco um tênis e um casaco de capuz pra parecer que sai de casa realmente. Quando passo pela sala Júlia estava sentada com as duas mãos na cabeça.

- Maria. - Ela me chama e eu olho rapidamente pra trás achando que ela poderia ter desistido dessa ideia de me mandar pra lá. - Se vocês forem transar não façam muito barulho por que se não eu vou ter que subir lá e pedir pra vocês parar.

- Cala a boca, Júlia. - Digo abrindo a porta. - Vai dormir que o sono ta afetando suas ideias.

Quando estava prestes a sair ela me chama novamente.

- O que Júlia? - Digo desanimada.

- Obrigada por isso. - Ela fala e eu sorrio como resposta.

Subo o elevador com muito desânimo, assim que chego na porta do apartamento do Lucas sinto minhas pernas ficarem bambas. Resmungo pra mim mesma me manter forte e bato na porta com força pra ele ouvir. Logo o barulho cessa e ouço a fechadura destrancar. Meu interior se revira e logo a porta abre revelando Lucas todo de preto e boné.

- Maria?! - Ele questiona surpreso.

- Posso dormir aqui? - Pedi.

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