Ponto final || LXXX

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Pensa em uma noite inesquecível? Pensou? Agora multiplica e você terá uma base de como a noite de Júlia e eu foi.

Fomos pra tal balada mas tava chato então fomos pra outra, na outra conhecemos um grupo de meninos e eles eram simplesmente loucos.

Dançamos, bebemos e quando começamos a achar entediante fomos pra um bar. Nesse bar bebemos mais e fomos pra um karaokê, tinha apenas pessoas mais velhas, com seus 40 anos mas não ligamos, subimos no palco e cantamos. Lá pelas 5 da manhã resolvemos ir pra casa de uma amiga deles que estava dando uma festa, não conhecíamos ninguém então nos sentimos mais a vontade. Dançamos tanto que cansamos a ponto de nos jogarmos no chão. Quando o dia já estava amanhecendo decidimos voltar pra casa. Como não era longe, fomos a pé mesmo.

Chegamos descalças na frente do prédio, o porteiro riu de nós duas abraçadas tentando dar apoio uma a outra.

Subimos pelo elevador e quando nos encaramos no espelho gritamos de tanto rir.

- Você não fica feia nem descabelada assim, por isso que o menino urso e o carioca malhado querem você. - Júlia me diz.

- Você é ridícula Júlia. - Digo. - Meu cabelo ta horrível e minha maquiagem foi embora.

- Mas você continua bonita, olha pra mim. Eu estou um bagaço. Por isso o Mauro não me quer. - Sua voz embarga.

- Júlia, se você chorar eu arrebento você. Você é maravilhosa, o Mauro só precisa se dar conta disso. - Digo.

- Tem razão. Eu sou um mulherão e não vou chorar por homem. - Ela se ergue seca as lágrimas fico impressionada com a sua bipolaridade.

Caio na risada e ela também, vamos cambaleantes até o nosso apartamento, mas encontramos o Lucas na nossa porta com a cara fechada, caminhamos até ele e ficamos apoiadas pra poder parar em pé.

- O que você quer garoto? - Júlia pergunta agressiva ao Lucas.

- Conversar com a Maria. - Ele diz aparentemente bravo.

- Maria só conversa com você perto de mim. O que você quer? magoar ainda mais ela? - Sua voz era mole.

Lucas a trata com desdém, revira os olhos e vira o rosto.

- Deixa Júlia. - Digo. - Eu quero conversar com ele.

- Amiga. - Júlia se vira de frente pra mim e segura nas minhas mãos. - Eu até queria ficar mas eu to ficando tonta. - Ela diz e começa a rir.

- Ta bom. - Eu digo e rio também.

Com dificuldade ela abre a porta e entra, fico ali rindo da sua situação (da minha também), parei meu olhar no Lucas que me sondava com desdém.

- Lamentável ver vocês duas assim. - Ele diz.

- Você acha? - Nem sabia o que dizer.

- Você não era assim Maria. - Vejo o desapontamento em seus olhos.

- O que você queria? Que eu ficasse em casa trancada esperando você responder alguma das centenas de mensagens que eu te mandei? - Pergunto sentindo um nó se formar em minha garganta. - Você pode seguir sua vida Lucas, mas eu não?

- É assim que você quer seguir sua vida? - Seus olhos semicerram.

- É. É assim. Quero conhecer pessoas novas, dançar, conhecer lugares diferentes, justamente como fiz hoje. Foi a melhor noite da vida da Júlia e da minha também.

- O que o Mauro iria achar se visse a Júlia assim? - Ele questiona e cruza os braços.

- Lucas, seu problema é comigo. - Digo e me aproximo dele. - Deixa a Júlia e o Mauro em paz.

- Tem razão. - Ele segura minha mão. - Vem, vamos conversar, você já falou bobagem demais.

- Não tenho mais nada pra conversar com você. - Eu puxo minha mão e me aproximo dele. - Pra que você quer que eu vá pro seu apartamento?

- Maria, você ta bêbada. - Ele diz virando seu rosto.

- E daí?

- Amanhã você nem vai lembrar disso. - Ele me afasta dele.

- Que seja. - Esbravejo e ele leva uma mão na minha boca.

- Ta todo mundo dormindo ainda, fala baixo. - Ele pede.

- Tudo bem. - Cochicho. - Eu não me importo de não lembrar. - Tento me aproximar dele novamente mas ele desvia.

- Não Maria. Não da. - Vira de costas pra mim.

- Lucas. - Pego sua mão fazendo olhar o mesmo me olhar. - Por favor. Se você não quer por que está aqui? Vamos falar sério agora. Se voce não quer me deixa livre, vai ser livre também, não vamos ficar nos magoando.

- Tem razão. Eu nem sei porquê estou aqui. - Ele se afasta mais de mim. - Fica bem Maria.

Ele sai caminhando em direção ao elevador e me deixa ali, eu fico igual uma idiota no corredor vendo ele se afastar. Ele fica alguns segundos esperando o elevador parar no meu andar, encaro suas costas enquanto ele estava de cabeça baixa, dou alguns passos a frente mas o elevador para e ele entra ficando de frente pra mim.

- Lucas. - Grito chamando sua atenção. - Eu te amo.

Ele da um sorriso sem graça, o elevador fecha e então ele vai embora.

Em meio as lágrimas e volto pra dentro do apartamento, vou até o banheiro e lavo meu rosto e tiro completamente a maquiagem. Suspiro pesado e vou até o quarto.

- Como foi com seu urso? - Julia atirada emcima da cama questiona.

- Ele não é mais meu Júlia. - Sento na minha cama.

- Como assim?

- Acho que terminamos de vez agora.

- Você ta triste por isso? - Minha amiga senta na cama e eu noto sua expressão de preocupação.

- Sabe que não? Fico feliz de ter acontecido tudo bem. Preciso tocar minha vida e fico feliz em saber que ele vai fazer isso também.

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