Pontos de vistas diferentes, casais corretos || LXXXIII

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Ponto de vista: Lucas

Júlia continuava lá em casa chorando e falando da briga dela com a Maria, enquanto ela falava eu pensava em como eles deviam estar na casa do Mauro, me sinto culpado por isso. Se eu tivesse dito que queria ficar com ela aquela noite tudo estaria bem agora.

- Júlia, chega, você vai desidratar. - Digo voltando dos meus pensamentos.

- Eu sou muito burra. - Ela se martirizava.

- Não se judie assim. - Tento consola-la. - Maria é difícil também. Aquela carinha dela de bobinha engana.

- Mas eu não devia falar dela pra você. Minha amiga é ela e eu devia ser fiel a ela. - Ela diz e seca as lágrimas com um lenço.

- Tudo bem. - Suspiro tentando dar fim aquilo. - Vamos mudar de assunto agora. Como vão as coisas com o Mauro?

- Você quer me ver chorar mais? - Sua voz fica trêmula. - Eu gosto muito daquela droga de garoto, mas ele parece o contrário.

- Ele acha você muito grudenta. - Digo.

- Ele disse isso a você? - Ela me olha com os olhos vermelhos.

- Sim, o Mauro disse que você fica muito no pé dele, mandando mensagem e querendo ver toda hora. - Relembro quando o Mauro me disse isso. - O Mauro gosta de ser livre.

- Eu sei mas eu não consigo ser de outro jeito. - Ela choraminga.

- Engraçado né. - Me atiro no sofá. - Enquanto o Mauro pensa assim eu só queria o contrário. Queria a Maria sempre perto de mim, me mimando, mas ela não queria nem namorar.

- Eu queria que o Mauro fosse como você. - Júlia deita a cabeça no meu ombro.

Fico sem reação com o que ela disse, a olho um pouco assustado mas entendo o que ela disse, passo meu braço sobre o dela e fico ali tentando imaginar como Maria e Mauro estão.

Ponto de vista: Maria.

Já estava na segunda garrafinha de cerveja de trigo que o Maurinho me ofereceu. Eu falava sem parar e desabafava sobre tudo com ele.

- A verdade é que o Lucas é muito chato. - Aponto a garrafa em direção ao Mauro que me olhava. - Ele não deixava nem eu ter um dia só meu. Eu não tinha liberdade nem pra ir no cabeleireiro, acho que ele queria ir comigo.

- Eu entendo. - Mauro diz e da um gole na garrafa dele. - A Júlia era exatamente assim.

- Por que eles são assim? - Questiono o Mauro. - Eu sempre vivi presa na casa da minha mãe, quando eu me vi livre dela e das ordens que ela me dava o Lucas aparece e tenta me prender novamente. Que carma esse meu.

- Foi por isso que você brigou com sua mãe? Pra ter liberdade? - Mauro beberica sua cerveja e me olha sob ela.

- Não. - Dou mais um gole daquele líquido amargo. - Eu gosto do Lucas. Aquele dia quando minha mãe estava me puxando eu olhei pra ele e vi que ele estava triste, na hora pensei que nunca mais o veria então decidi ficar. - Dou mais um gole da minha cerveja e faço um círculo com a garrafa. - Por causa dele.

- E então você não falou mais com ela? - Ele questiona e eu confirmo com a cabeça. - Nossa, são poucas pessoas que ficam inimigas dos seus pais por um namorado.

- Exatamente. - Ergo o tom da minha voz e em seguida lembro que os pais do Mauro estão dormindo. - Eu fiz isso por ele e ele ainda insistia que eu tinha que dizer que amava ele. Ah por favor né Mauro. Me diz o que adianta palavras sem atitudes? Ok, eu posso ter sido grossa com ele algumas vezes, mas aqui dentro. - Eu bato no meu peito. - Aqui dentro eu amei ele, eu só queria um momento de privacidade mas parece que isso era demais.

- Mas você mentiu, não se esquece. - Mauro lembra.

- Mas e se eu não tivesse mentido? Será que estaríamos juntos agora? O Lucas é muito ciumento, não adiantaria nada eu não mentir, nós brigariamos pelo ciúmes dele. Tenho certeza.

- É complicado. - Mauro larga sua garrafa vazia sob a mesa. - Eu te entendo, a Júlia era exatamente assim. Ela acha que eu não gosto dela, mas eu gosto, só não gosto de ficar de grude, preciso do meu espaço pra sentar e criar conteúdo do meu canal sozinho, mas parece que a palavra sozinho era sinônimo de terminar pra ela.

- Júlia é dramática assim mesmo. - Engulo com dificuldade a cerveja. - Ela não gostava que eu tivesse outras amigas sem ser ela.

- Por isso que nós não damos certo.

- Acho que eu e você daríamos certos juntos Maurinho. - Brinco.

- Sim, se eu soubesse disso teria instalado o Tinder no meu celular aquele dia e eu teria falado com você antes do T3ddy. - Ele fala me fazendo rir e quase me engasgar. - Queria que você fosse a Júlia. Há essa hora nós tomaríamos cerveja discutindo nosso próximo destino de viagem, não sobre ciúmes dos nossos ex.

Rio sem graça do que ele disse e beberico minha cerveja novamente, Mauro é mais legal que o Lucas uma pena que meu coração tenha escolhido logo o amigo complicado.

Tinder - T3ddyOnde histórias criam vida. Descubra agora