Reconciliação || LIX

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Acordo com algo tentando deitar emcima de mim, penso que podia ser o Lucas e tento o abraçar, até que ouço uma voz gritar e eu grito também.

A luz acende e eu vejo a Júlia toda amassada e um menino com ela, devia ser ele quem tentou deitar comigo agora mesmo, sinto meu rosto queimar na hora.

- Júlia, o que é isso? - Pergunto brava.

- Não sabia que você estava em casa. - Ela ria sem parar. - Faz umas duas semanas que você não dorme aqui.

- Mas esse ainda é o meu quarto. - Olho pro menino que me olhava assustado. - Quem é você?

- Esse é o Eduardo, meu amigo do vestibular. - Júlia me apresenta o garoto.

- E o que ele ta fazendo aqui? - Pergunto mais irritada ainda.

- Maria, não seja rude. Está tarde e ele mora longe, como você nunca ta em casa deixei ele vir. - Júlia explicou.

- Você não fala? - Pergunto ao menino.

- Falo, mas to com medo de falar alguma coisa e você me morder. Ela é sempre mal humorada assim Ju? - Pela primeira vez ele fala.

- Só quando acorda. - Júlia responde. - Por que você ta aqui?

- Briguei com o Lucas. - Digo.

- Ela é quem namora o T3ddy? - O menino até então desconhecido pergunta a Júlia.

- Júlia... - A repreendo, não gostava que as pessoas soubessem do que havia entre o Lucas e eu.

- Ela não gosta que as pessoas saibam que eles namoram. - Júlia cochicha.

- A gente não namora. - Grito.

- Edu? Você já viu uma pessoa brigar com toda a família por causa de alguém, dormir todos os dias com esse alguém e não namorar? - Júlia diz pro menino.

- Júlia, bem menos ta. - Deito e cubro a cabeça.

- Pode me contando o que aconteceu entre você e ele. - Júlia diz.

Eu olho pro menino que me olhava assustado da porta, fui grossa com ele, mas é por que não gosto quando a Júlia começa a trazer pessoas desconhecidas pro lugar onde moramos.

- Não se estressa com o Eduardo. Ele é gente como a gente. - Júlia diz.

- Isso ai amiga. - Ele senta na minha cama. - Problema com o namorado eu também tenho.

- Namorado? - Olho pra Júlia.

- Sim. Quer dizer, ex namorado. Aquele idiota só brinca comigo e não quer nada sério. - Ele responde.

- Amém. - Júlia diz em tom cômico.

Dou uma risada e quando menos percebo estamos os três contando sobre nossos relacionamentos desastrosos. A história da Júlia e do Eduardo se parecem, os dois estão apaixonados por alguém que não quer namorar.

- E é isso. O Lucas fica me prendendo demais, eu quero espaço sabe? Já não basta a pressão de todo mundo pra nós namorarmos ainda. E eu não quero. - Desabafo e os dois ficam me olhando sem reação. - Falem alguma coisa, por favor.

- Eu odeio você. - Eduardo grita. - Júlia eu vou bater nela.

- O que foi? - Perguntei sem entender.

- Você ouviu a Júlia e eu falando? - Eduardo pergunta. - Nós aqui sofrendo por que não querem nada sério com a gente e você aí, esnobando o garoto.

- Eu não esnobei ninguém. - Me defendi.

- Mas não quer namorar com ele.

- Agora eu não quero, quem sabe mais tarde. Ele me sufoca muito e eu recém consegui me livrar da minha mãe, só queria me sentir livre por alguns dias. - Me defendo.

- Tudo o que eu queria era ser sufocado. - Ele diz e balança a cabeça.

- A Maria nunca namorou, pra ela é estranho esse negócio de ficar alguém sempre no pé dela. - Júlia me defende.

- Quantos anos você tem? - O novo amigo da Júlia me questiona num grito.

- Eu estou sendo humilhada. - Choramingo.

- A Maria nunca gostou de ninguém de verdade. - Júlia começa a falar. - Então a mãe dela dizia pra ela não namorar e ela não namorava, agora como ela apaixonada pelo T3ddy, ela teve coragem de enfrentar a sua mãe.

- Eu não disse que tô apaixonada. - Digo.

- O que você sente por ele então? - Eduardo pergunta e eu começo a repensar quando o assusto da roda se tornou eu.

- Sei lá, eu gosto dele. - Digo tentando avaliar meus sentimentos.

- Júlia eu vou bater nela. - Eduardo diz.

- E o que você acha que ele sente por você? - Júlia questiona.

- Não sei. Naquela noite depois da balada ele disse que me amava, só que eu não consegui dizer o mesmo. - Relembrei.

- Eu vou matar ela. - Eduardo grita. - Se você não ir na casa daquele garoto agora, vou eu e vou roubar ele de você.

- Eu não vou em lugar nenhum. - Dessa vez sou eu quem grita. - toda vez que a gente briga sou eu quem corro atrás.

- E você vai de novo. - ele me pega pelo braço e me arrasta por dentro do apartamento. - Você vai por que ninguém brinca com os sentimentos de alguém na minha presença e fica impune.

- E o que eu digo? - Pergunto.

- A verdade. - Ele me olha. - Ou você fica com ele ou termina logo de vez e deixa o caminho livre pra mim.

Júlia da uma gargalhada e nós três subimos pro apartamento do Lucas, meu coração disparava dentro do peito, dou uma olhada no Eduardo e na Júlia que me espiavam do fundo do corredor e bato na porta.
Ouço o barulho da fechadura destrancar, a porta se abre e eu vejo Lucas de pijama, descabelado e com os olhos pequenos de sono.

- O que você quer? - Ele pergunta e esfrega os olhos.

- Você chorou? - Passo minha mão no seu rosto.

- Não Maria, eu apenas estava dormindo. - Ele respondeu. - Mas me diz, o que você quer aqui já que claramente não se importa comigo.

- Lucas. - O abraço mas ele mantém os braços ao lado do seu corpo e não retribui. - É claro que eu me importo, não gosto de brigar com você. Tanto eu me importo que estou aqui.

- Pra que você veio? - Ele levou as duas mãos na minha cintura e me afastou dele.

- Vim para nós conversarmos, acho que não podemos continuar assim. - Meus pensamentos eram pedir um tempo, não terminar de vez, mas um tempo pra pensarmos.

- Eu também quero conversar. - Ele se aproximou e me olhou fixo nos olhos. - Eu não aguento ficar longe de você, eu sei que estou te sufocando, mas é que eu sou muito sozinho aqui, você é minha melhor companhia.

Apenas o abracei apertado, não tinha a mínima condição eu me afastar dele agora, eu tinha que aprender a dar valor a quem gosta de mim e no caso eu sei que o Lucas gosta.

- Vem, vamos dormir. - O puxo pra dentro do seu apartamento. Antes de fechar a porta olho pro Eduardo e pra Júlia que comemoram.

- você vai dormir aqui?

- sim, mas só hoje. - Seguro a sua mão. - Promete que vai deixar eu ter meu espaço?

- Prometo. - Ele sorri e me abraça.

- Vamos dormir então por que essa noite ta muito longa. - Digo.

Deito na cama e ele ao meu lado, levo minha mão nos seus cabelos e começo a acariciar. Ele fechou os olhos e dormiu, fico olhando sua expressão serena de sono e me questionando, o que eu tinha na minha cabeça quando pensei em terminar com ele?

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