Capítulo 76: Por ele

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Gallo comandou seus homens até onde pôde, seguiram as informações que Fukai havia lhe dado e pararam cerca de poucos metros onde um grupo de homens usando armaduras pesadas estavam escondidos, todos eles esperando por um aviso.

Os soldados de Thug todos estavam com suas espadas nas mãos, seguiram meio abaixados e esperaram aos poucos a ordem que seu líder daria.

O negro respirou fundo com ódio extremo dos seus inimigos, mas não deixou que seus homens a percebessem, ele prendeu a respiração por curtos segundos antes de finalmente ter chego no local indicado por Fukai.

A sala de guerra ficava não muito longe da sala de reuniões onde Avallon e os Anciões conversavam antes sobre o cerco contra os Ferio. Agora, o caos entre os dois portões, Leste e Norte, tiraram todas as atenções desses locais.

Gallo segurava sua lança e corria rapidamente, a porta que antes estava fechada foi arrombada por um chute dele e sua lança já estava golpeando contra os homens que estavam dentro.

Foi um ataque que ele nem mesmo disse para os seus homens, a raiva que o sufocava o deixou cego e mudo para qualquer coisa a sua volta. No momento que a porta caiu e as armaduras diferentes entraram na sua visão, ele golpeou.

De ambos os lados, os dois grupos ficaram perplexos, nem um deles sequer pensou que haveria um golpe tão forte de um único homem, e isso dava mais choque aos homens de Thug que jamais presenciaram seu amigo, e agora líder, Gallo desse jeito.

Ele golpeou de cima para baixo atravessando sua lança no primeiro inimigo e o perfurou sem compaixão dando um urro que abalou a mentalidade de seu oponente perfurado. Ele arremessou a lança por dentro do corpo e puxou do outro lado arfando enquanto o sangue que espirrou das tripas de seu inimigo caíram sobre ele.

Era uma besta faminta, e o líder inimigo, Tie engoliu o seco.

A lança riscou o chão enquanto Gallo correu para frente, as faíscas acenderam e ele foi de um ataque vertical para um lateral pressionando o líder inimigo e ignorando os mais fracos.

Aquele que tinha a cicatriz na boca, Gallo chegaria até ele custe o que custasse.

Tie recuou com um passo antes de se defender e quase caiu para trás pela força aplicada pelo negro. Ele era forte, era radical, era feroz, dentre os homens que já tinha enfrentado, esse era um estilo novo.

Os golpes furiosos de Gallo atravessavam a sala de guerra que agora só tinha o som de aço contra aço, e foi assim que cada um dos homens se encontrava.

O lado dos Calto em desvantagem começava a se reagrupar, mas aos poucos estava se perdendo pelo avanço dos Thug. Foi como uma chuvarada de golpes que sequer deu tempo para eles pensarem.

Demorou 5 minutos até que sobrasse somente Tie e Gallo lutando. Ambos estavam ofegantes, mas Gallo por ter antes entrado em uma luta de resistência do lado de fora, agora perdia o seu vigor aos poucos.

Tie não sorriu sequer um momento, mesmo que seu inimigo estivesse arfando quase expulsando seus pulmões para fora, ele ainda parecia uma fera feroz.

- Eu... - Tie ouviu Gallo fala. - Eu... vou fazer pagarem.

A voz saía junto de uma luvada de ar cinza, Gallo ficou ereto rapidamente fazendo a lamina de sua lança brilhar em um tom quase que laranja, ele esticou seu braço para frente e gritou com força:

- Vão pagar pela morte dele, seus malditos!

O restante da Profunda Energia de Gallo se reuniu na ponta de sua espada e ele a liberou gritando de dor, seu nariz, boca e ouvidos sangraram o fazendo tontear por um segundo antes de avançar.

Seu corpo todo doía, mas ele não recuou. Seu avanço marcou em Tie uma marca muito maior do que medo, era como se estivesse na presença de um demônio que lutava para sobreviver.

Tie levantou seu braço a fim de defender a lança que estava para vir em um ataque central mirando seu peito, ele não se deixaria ser morto mesmo que esse medo estivesse sido enraizado nele.

Quando sua espada se ergueu para arremessar a lança para o outro lado, Gallo desapareceu de sua visão e junto dele a lâmina.

Tie só teve tempo de cuspir um bocado de sangue para fora, e olhou para baixo onde a lança havia atravessado sua barriga e saído do outro lado. Gallo estava agachado com sua cabeça para baixo segurando sua espada, seus olhos meio abertos, meio fechados, estava a ponto de desmaiar.

Tie grunhiu, mas não cedeu, e sorriu vendo sua chance.

Ergueu sua espada enquanto o sangue escorria da sua boca.

- Nem em outro mundo eu deixaria essa chance escapar.

Sua espada desceu, os homens de Gallo a sua volta todos ficaram perplexos e desesperados, deixaram seu líder tomar a frente de lutar sozinho por medo de serem repreendidos, e agora, o fim da linha...

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Fukai agachado atrás das pedras observava calmamente o campo adversário, estava quase que vazio, somente um sentinela fazia a ronda por aquele setor e o homem parava de minuto a minuto bocejando e coçando a bunda.

Juno estava perto, do outro lado do campo, as grandes moitas se mexiam com frequência, mas por alguma razão, o próprio sentinela nem ligava, estava fazendo sua ronda sem sequer se importar com nada a volta.

Esperando o homem ficar de costas para ele, Fukai saiu de trás da pedra e caminhou para atrás dele pegando sua espada na mão e apertando o cabo da espada dedo por dedo.

Somente quando chegou bem perto foi que o homem pôde ouvir um barulho estranho de terra se mexendo, e virou para trás no momento que a espada de Fukai atravessou a cintura e depois o pescoço tapando sua boca.

A armadura dos Calto que os mercenários usavam ainda eram falhadas e possuíam os mesmos erros, a cintura era baixa demais dando espaço para um golpe e seu pescoço sempre exposto dava brechas para ataques fatais.

Fukai se aproveitou disso e agradeceu pelos Calto serem tão descuidados enquanto abaixava o homem no chão.

Ao tentar se levantar, uma espada grudou nas suas costas. O garoto parou na mesma hora, ele até então não tinha sentido a presença de ninguém, e do nada uma ponta afiada encostou nele o fazendo parar.

Fukai levantou sua cabeça ainda de costas e respirou.

- Levante-se, garoto.

A voz era familiar, pertencia a um dos mercenários.

Fukai praguejou, se escondeu perfeitamente e esperou sua chance, não havia ninguém o observando, e aquela área, ela não era nada além de um lugar vazio, não era para outro mercenário estar ali.

Ele se levantou com as mãos meio para cima e largou a espada a deixando ao lado de seu pé direito.

- Chute-a para cá.

Obedeceu e arrastou a espada para trás, ficou irritado consigo mesmo por não ter captado a presença de um segundo e agora chegaria no seu fim.

- Um Asssassino, exatamente igual aqueles que eu lia sobre, escondidos nas sombras e esperando uma chance para atacar seus oponentes pela única fissura que existe. - o mercenário disse com um pouco de prazer espetando sua lamina mais afunda nas costas de Fukai. - Quais são suas últimas palavras antes de morrer?

- Medo do Escuro. - Ele sorriu ficando de perfil, o sorriso maligno.

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