Capítulo 94: Kaedra

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O Cavaleiro Negro assistiu a luta da jovem ruiva. Foi de fato impressionante alguém como ela conseguir compreender perfeitamente os sentidos da perfuração e usar o braço como uma furadeira desviando a atenção de seu oponente.

As técnicas, as habilidades, as estaturas, todas elas são importantes numa luta, entre essas características, há uma na qual ninguém pode aperfeiçoar sem conhecer a si mesmo, essa é a criatividade.

Melina utilizou uma pequena quantidade de Energia na espada e fez com que seu oponente tivesse que escolher entre dois polos, e perderia em ambos os casos. A circulação de Energia de Melina que estava agora no Quinto Nível do Reino Terrestre não era ordinário, seu conhecimento não era pequeno.

Ela transportou quase toda sua Energia para a espada, mas no último segundo a lançou para o braço onde forçou um golpe muito mais forte do que o capitão esperaria. E assim, ela foi a vencedora, esteve um passo a frente dele sempre.

- Não és tão ruim quanto pensei. - Negro falou ainda de pé no ar, e encarou para a direita onde um grande turbilhão negro cresceu no ar deformando o ar, as labaredas negras que emergiam e queimavam até mesmo a grama. - Isso é o que estou pensando...?

Os olhos negros de Fukai não enxergavam. Estava cego, sua visão apenas continha infinitos pontos que se mexiam de um lado para o outro. Seus sentidos não estavam ativados, ele tocava a grama com os dedos dos pés nus, ele não sentia mais as botas, nem as couraças que revestiam seu corpo.

Ele respirou fundo com medo.

- Fukai Ferio.. - uma voz soou em seus ouvidos como uma melodia. - Consegue me ouvir?

- Sim... - O garoto respondeu girando sua cabeça para os lados não sabendo o que estava acontecendo. - Onde estou e por que não vejo nada?

- Simples pergunta, meu querido. - a voz respondeu dando um sorriso. - Eu sou Kaedra, o espirito da noite e da visão, meu amado humano, sou uma descendente das trevas, e você acabou por ativar uma técnica um tanto quanto interessante, meu garoto.

- Do que está falando? - Fukai girou seu corpo para onde a voz vinha, mas não podia fazer nada além de ficar confuso.

- Estou falando da sua visão, ninguém pode me ver, pois sou algo que poucos conseguem prever, eu sou indomável e ao mesmo tempo corrompível, eu temo tudo e ao mesmo tempo nada, meu garoto, eu sou sua visão e sua cegueira, enquanto quiser ver, ficará cego.

Essas palavras arrepiaram a espinha de Fukai por completo. Ele recuou um passo, sua cegueira o prendia naquela situação. Ele se sentia sozinho, com frio, com medo. Desde quando teve medo? Nem quando esteve na frente de Januário, ele teve medo. Por que agora?

- Você pensa demais, meu menino, depende tanto da sua visão para sobreviver? E os seus outros sentidos, onde estão? - ela perguntou curiosa. - Me diga como sobrevive apenas com os olhos, eu desejo saber isso.

Fukai sentiu seu peito arfar. Os ares dos seus pulmões se fecharam. Ele sentia sua saliva ficar cada vez mais fria, cada vez mais seu corpo se adoentava. Ele começou a ceder.

- Eu pensei que fosse mais inteligente, meu menino, onde está toda a sua capacidade agora? Não fora você quem ativou o Caos do Submundo? Eu estou aqui, e agora, eu quero que você entenda que a cada vez que você ativar essa técnica terá que sacrificar algo que dependa por outra coisa.

- E o que voce quer, Kaedra?

- Sua visão me impressiona, garoto, você fez muito uso dela em todos os instantes, e por isso eu a quero. - Kaedra disse com um risinho no final. - Com seus olhos, posso ver o mundo através de você, conhecer o que conhece e aprender o que aprende.

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