Capítulo 85: Passado horrendo

32 6 0
                                    


A carne da toupeira foi cortada em vários pedaços enormes por Fukai, apenas um deles foi colocado em uma fogueira na parte de trás da casa de Gilian e Roulf. Ele descobriu que os dois moravam juntos, eram primos e dividiam tudo entre si.

A parte de trás da casa dos dois era um quintal fechado por um muro alto de quatro paredes, cada um com 3 metros de altura.

Gilian arrumou e preparou a fogueira enquanto Roulf foi atrás da lenha e trocou algumas frutas por pedaços de troncos cortados simetricamente em uma carpintaria. Quando a noite estava no seu ápice, a carne já estava bem grelhada e podia ser comida.

Roulf foi o primeiro a comer a carne. Levou uma porção a boca enquanto Fukai observava sua reação. O homem mastigou e engoliu deixando um pouco do caldo que Fukai tinha jogado por cima da carne antes de grelhar.

Com um salto, Roulf arregalou seus olhos mirando a carne e depois seu primo.

- Prove isso, agora. - Ele ordenou a Gilian, que antes estava hesitante, e mastigou junto do caldo.

O homem engoliu a carne e fechou os olhos deixando o gosto delicioso da carne preencher sua garganta.

- É como se... eu experimentasse a carne pela primeira vez na minha vida. - Gilian disse mastigando outro pedaço da carne quase que devorando.

Fukai estava sentado perto da fogueira e mastigava lentamente querendo se aquecer.

Roulf e Gilian se entreolharam e fizeram um sinal com a cabeça olhando para Fukai.

- Fukai, certo? - Roulf perguntou chamando sua atenção, mas não o deixou responder. - Tenho que te perguntar, quem é você?

O garoto deu um sorriso e pegou a carne.

- Ora, sou Fukai, isso não basta? - Ele devolveu comendo. - Sou um viajante, um nômade, se assim pensar.

Roulf balançou a carne em sua direção e negou.

- Você não me parece um viajante, todos fazemos parte de uma família, qual a sua?

- A minha morreu a muito tempo. - Fukai falou indiferente se pegando olhando para as chamas que assavam o resto da enorme carne.

Gilian deu uma cotovela em seu primo fazendo um segundo sinal com a cabeça alertando o que ele tinha acabado de puxar para a conversa. Roulf concordou e estava prestes a pedir desculpas quando Fukai continuou:

- Não precisa pedir desculpas, dá pra saber que nesse mundo tem muitas pessoas que não tem nada, eu sou só mais uma delas. - Ele falou mastigando a carne olhando para as chamas. - Pedir desculpas para mim é dizer que minhas chances de criar uma nova família é burrice.

Roulf fechou a boca e abaixou os olhos. As palavras duras de Fukai foram suficientes para que o clima animador fosse jogado em um abismo.

O garoto levantou sua cabeça com olhos vivos e balançou a carne na direção dos dois se ajeitando em cima do tronco de madeira que fez de assento.

- E vocês, que vila é essa e quem manda por aqui?

Gilian piscou os olhos, e cruzou os braços com uma cara meio irritada, meio careta.

- Essa é uma pequena vila chamada Saraidas, é posse do Império Quilin, o único problema é que estamos muito perto com a divisa de um segundo Império.

- Império Chaney. - Fukai falou com um pedaço de carne na boca. - Não sabia que eles eram um problema para vocês.

- O que? - Roulf quase cuspiu o que tinham comida. - Eles são uns pedaços de merdas ambulantes, atacam qualquer um que esteja na rota para a divisa, e toda semana passam por esse vilarejo lutando contra os homens do Império Quilin. - Ele bufou rangendo os dentes. - Se eu pudesse, tinha acabado com eles há muito tempo, mas são todos do Reino Terrestre.

Legado dos DeusesOnde histórias criam vida. Descubra agora