A carne da toupeira foi cortada em vários pedaços enormes por Fukai, apenas um deles foi colocado em uma fogueira na parte de trás da casa de Gilian e Roulf. Ele descobriu que os dois moravam juntos, eram primos e dividiam tudo entre si.
A parte de trás da casa dos dois era um quintal fechado por um muro alto de quatro paredes, cada um com 3 metros de altura.
Gilian arrumou e preparou a fogueira enquanto Roulf foi atrás da lenha e trocou algumas frutas por pedaços de troncos cortados simetricamente em uma carpintaria. Quando a noite estava no seu ápice, a carne já estava bem grelhada e podia ser comida.
Roulf foi o primeiro a comer a carne. Levou uma porção a boca enquanto Fukai observava sua reação. O homem mastigou e engoliu deixando um pouco do caldo que Fukai tinha jogado por cima da carne antes de grelhar.
Com um salto, Roulf arregalou seus olhos mirando a carne e depois seu primo.
- Prove isso, agora. - Ele ordenou a Gilian, que antes estava hesitante, e mastigou junto do caldo.
O homem engoliu a carne e fechou os olhos deixando o gosto delicioso da carne preencher sua garganta.
- É como se... eu experimentasse a carne pela primeira vez na minha vida. - Gilian disse mastigando outro pedaço da carne quase que devorando.
Fukai estava sentado perto da fogueira e mastigava lentamente querendo se aquecer.
Roulf e Gilian se entreolharam e fizeram um sinal com a cabeça olhando para Fukai.
- Fukai, certo? - Roulf perguntou chamando sua atenção, mas não o deixou responder. - Tenho que te perguntar, quem é você?
O garoto deu um sorriso e pegou a carne.
- Ora, sou Fukai, isso não basta? - Ele devolveu comendo. - Sou um viajante, um nômade, se assim pensar.
Roulf balançou a carne em sua direção e negou.
- Você não me parece um viajante, todos fazemos parte de uma família, qual a sua?
- A minha morreu a muito tempo. - Fukai falou indiferente se pegando olhando para as chamas que assavam o resto da enorme carne.
Gilian deu uma cotovela em seu primo fazendo um segundo sinal com a cabeça alertando o que ele tinha acabado de puxar para a conversa. Roulf concordou e estava prestes a pedir desculpas quando Fukai continuou:
- Não precisa pedir desculpas, dá pra saber que nesse mundo tem muitas pessoas que não tem nada, eu sou só mais uma delas. - Ele falou mastigando a carne olhando para as chamas. - Pedir desculpas para mim é dizer que minhas chances de criar uma nova família é burrice.
Roulf fechou a boca e abaixou os olhos. As palavras duras de Fukai foram suficientes para que o clima animador fosse jogado em um abismo.
O garoto levantou sua cabeça com olhos vivos e balançou a carne na direção dos dois se ajeitando em cima do tronco de madeira que fez de assento.
- E vocês, que vila é essa e quem manda por aqui?
Gilian piscou os olhos, e cruzou os braços com uma cara meio irritada, meio careta.
- Essa é uma pequena vila chamada Saraidas, é posse do Império Quilin, o único problema é que estamos muito perto com a divisa de um segundo Império.
- Império Chaney. - Fukai falou com um pedaço de carne na boca. - Não sabia que eles eram um problema para vocês.
- O que? - Roulf quase cuspiu o que tinham comida. - Eles são uns pedaços de merdas ambulantes, atacam qualquer um que esteja na rota para a divisa, e toda semana passam por esse vilarejo lutando contra os homens do Império Quilin. - Ele bufou rangendo os dentes. - Se eu pudesse, tinha acabado com eles há muito tempo, mas são todos do Reino Terrestre.
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Legado dos Deuses
FantasySeguindo o espírito livre de um antigo Deus da batalha, Fukai Ferio ganha sua jornada como um praticante da profunda energia. Apelando pelo caminho da dor e fortalecimento de sua própria aura, o garoto busca começar sua própria história entre a Se...