II
Lubinka havia se reintegrado ao grupo. Após a saída do polonês, ela se interessou em saber sobre que assunto os outros falavam enquanto ela prestava depoimento.
― Sobre o que especulam agora?
Krystyna respondeu à curiosidade da russa:
― Estávamos debatendo algumas questões sobre a malfadada equação imperfeita. Perguntávamo-nos se foi
mesmo Frank quem a escreveu ou se teria sido obra do assassino com o objetivo de incriminar alguém.Lubinka refletiu por um instante e falou:
― Apostaria na segunda opção. Eu não creio que Frank pretendia reprovar todos nós com uma questão absurda. ― opinou antes de soltar uma sequência de três espirros.
― Está gripada? ― Jolie perguntou gentilmente.
― Não. Alergia ao frio. Talvez a corrente de ar, a que me expus após o banho de ontem quando caminhei até o meu quarto, tenha desencadeado essa reação em mim.
― Deve ter dormido mal esta noite, não é?
― Por incrível que pareça, dormi com os anjos. Meu nariz só começou a entupir há poucos minutos, durante o depoimento. Sorte que eu sempre trago comigo o meu descongestionante nasal. ― disse a russa enquanto retirava um lenço do casaco.
― Agora entendo sua exagerada proteção contra o frio. ― Jolie emendou em tom simpático.
― Parece que não foi de muita serventia. ― a russa sentiu-se ofegante e fez uma pausa antes de continuar: ― Veja. Estou respirando pela boca.
Krystyna, notando o esforço de Lubinka em ser mais comunicativa, gracejou:
― Então se decidíssemos preparar repolho hoje, o cheiro não lhe incomodaria, não é mesmo?
A russa devolveu-lhe um simpático sorriso de aprovação. Em seguida, levou mão à cabeça e decidiu retirar seu gorro lilás.
Este simples gesto atraiu imediatamente o olhar de Penev. Ele parecia aguardar ansiosamente uma
oportunidade de comprovar se a moldura era tão bela quanto o quadro.Fascinado com as longas madeixas loiras de Lubinka o búlgaro não se conteve e, espirituoso, disse:
― Pode me emprestar o seu lenço antes que eu babe o chão?
― Prefiro fingir que não ouvi este insulto. ― Ela retrucou no seu habitual tom lacônico.
― Sei que é uma moça comprometida. Mas acho que exagera quando considera como ofensa um simples elogio à sua beleza.
A romena Lavynia interveio.
― Uma cantada infame, você quer dizer. ― E acrescentou em um tom de voz sério ― Você, por um acaso, esqueceu-se de que estamos sendo investigados por um crime e que, por isso, não é momento para futilidades?
Penev olhou para a figura exótica de Lavynia, com aqueles cabelos ruivos e aquelas roupas sombrias e pensou: "Ela não é uma moça feia." Mas certamente não ouviria por parte dele o mesmo comentário. Deu um sorriso malicioso, mas achou melhor não responder. Não queria ser responsável por colocar lenha na fogueira.
Francesca andava de um lado para o outro no refeitório. Esperava angustiada pelo retorno de Pawel.
― Dio mio! Dio mio! Será que o depoimento dele já está terminando? Tomara que ele não se esqueça do que eu lhe pedi. Preciso ser a próxima. Minha bexiga está estourando. Estou mais nervosa que o de costume. Por que não fui ao banheiro hoje de manhã?
Laudrup decidiu acalmar a italiana.
― Todos nós acordamos atrasados para o horário da prova do concurso e seguimos diretamente para este refeitório. Não se lembra?
Ela suspirou alegremente.
― Oh! Dio mio! É mesmo. Você tem razão, Laudrup. Queria ser como você. Transmite tranquilidade às pessoas. Mas você tocou em um ponto fundamental. Viemos logo para cá quando acordamos. Por isso não fui ao banheiro. Aqueles quartos não possuem banheiro. Que deselegante! ― ela fez uma pausa e continuou: ― Ao menos, tinham aquele lavabo para lavar as mãos e fazer higiene bucal...
O dinamarquês assentiu.
Yannes debruçava-se sobre uma das mesas redondas do refeitório. Matutava uma solução para a equação imperfeita. Joseph, sentado ao seu lado, observava a determinação do grego em resolver a polêmica questão de matemática deixada na cena do crime.
Pawel entrou pela porta de vaivém do refeitório. Nem teve tempo de chamar Francesca. Assim que o viu, ela escapuliu do local como uma lebre em fuga.
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Vincento Hughes.
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A equação imperfeita (COMPLETA) #CPOW
Mystery / ThrillerResolva este enigma. #################### (...) Calma! Precisamos de calma. Isso aqui está virando um barril de pólvora. Não vamos chegar a lugar algum deste jeito. Daqui a pouco desenvolveremos teorias tão absurdas que, mesmo após o crime ser de...