Capítulo 12 - Dio Mio!

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I

Francesca dobrara à esquerda ao deixar a sala de leitura. A sua necessidade de chegar ao banheiro era tamanha que andava a passos largos pelo corredor de Bulgaville.

"Dio Mio! Bem que a romena me avisou. Para que fui beber tanta água", era a única coisa em que a jovem conseguia pensar enquanto se deslocava.

Em menos de um minuto avistou o banheiro feminino à sua frente. Suspirou aliviada.

A porta estava fechada. Ela se aproximou e girou a maçaneta com ansiedade. No entanto, ela jamais imaginaria que seria tão difícil entrar no local.

O espaço interno do banheiro, como ela já sabia, assemelhava-se a um cubículo. Basicamente compunha-se de uma pequena área para um chuveiro, um vaso sanitário, uma pia e um espelho. Embora não muito espaçoso, o local não havia recebido críticas das estudantes no dia anterior no que dizia respeito ao asseio. Porém, não foi com este tipo de ambiente que Francesca se deparou ao abrir a porta.

Um cheiro nauseabundo invadiu-lhe as narinas, causando-lhe uma desagradável sensação de asco. Ela elevou uma das mãos para tapar o nariz e, com a outra, fechou a porta do banheiro sem sequer ver o que produzia aquele odor horrível.

O impacto lhe foi tão devastador que até mesmo sua vontade de ir ao banheiro foi atenuada. Ela saiu correndo pelo corredor, soltando um grito histérico e repetindo sem parar:

Dio Mio! Dio Mio! Dio Mio! Dio Mio!...

II

Thomas divagava sobre o que a italiana Francesca, desesperada para ir ao banheiro, dissera antes de se retirar da sala de leitura. A jovem havia sido categórica ao protestar contra os ruídos que perturbaram seu sono na
fatídica noite do assassinato de Frank.

Ela fora acordada três ou quatro vezes por passos. Isso podia significar que três ou quatro pessoas diferentes podem ter circulado por Bulgaville durante a madrugada. Existia uma grande probabilidade de que alguma delas houvesse testemunhado algo. Ao menos era isso que Thomas supunha.

Lembrou que ainda restavam quatro depoimentos: o búlgaro Penev; a romena Lavynia; o grego Yannes; e a francesa Jolie, que, conforme havia lhe revelado momentos após o reconhecimento do corpo pelo médico, era filha do professor Frank.

Sua atenção se voltou novamente para o livro que havia retirado da estante. A abrupta entrada da italiana, minutos antes, interrompera a consulta que ele estava a ponto de fazer.

Ele finalmente começou a folheá-lo. Tratava-se de um exemplar com enfoque em curiosidades matemáticas. Certamente o professor Frank havia se inspirado em algum conteúdo daquele livro para selecionar aquela questão enigmática.

A cada página virada, a expressão de sua face se tornava mais inquisitiva. Definitivamente, matemática não era seu forte. No entanto, prosseguiu folheando o livro cuidadosamente, esperançoso de encontrar algo que pudesse auxiliar a desvendar o mistério daquela equação em particular.

Foi quando um grito escandaloso interrompeu sua busca. Parecia vir do banheiro. Sobressaltado, levantou-se da cadeira, deixou a sala de leitura imediatamente e seguiu correndo pelo corredor.

Ele não teve dúvidas de decidir para qual direção seguir.

III

A pergunta de Jolie ainda ecoava na mente de cada um dos estudantes presentes no refeitório. Alguém teria ido à sala da palestra inaugural após o jantar de confraternização? A própria francesa sabia da importância do que havia indagado. A garrafa de vinho encontrada na geladeira abria a possibilidade de que Frank tivesse bebido uns goles após o jantar. Isso poderia ter causado sonolência no professor, fazendo-o cochilar sentado na cadeira, o que explicaria a ausência de sinais de defesa na vítima.

A equação imperfeita (COMPLETA) #CPOWOnde histórias criam vida. Descubra agora