IIPawel desviou para um canto do refeitório. Por um triz Francesca não esbarrou nele quando saiu em disparada rumo à sala de leitura.
― Eu avisei a ela sobre o exagero na ingestão de água. ― comentou Lavynia. ― Nunca havia visto uma pessoa tão aflita.
Laudrup compartilhou da mesma opinião da romena.
― Sim. Ela passou por mim como uma bala.
― Eu sei que ninguém terá coragem de assumir, mas... nossos ouvidos agradecem. ― declarou Lavynia.
― Lavynia, sua franqueza me surpreende. ― emendou Penev. E dirigindo-se a todos, indagou: ― Acham que ela é suspeita? Ela parecia muito agitada.
― É possível. ― disse Jolie. ― Como também pode ser um comportamento natural dela. Dizem que os italianos usualmente são mais expansivos, mais exagerados. Talvez ela realmente esteja transbordando de emoção.
― Meramente cultural. ― acrescentou Krystyna. ― Devemos nos lembrar de que fomos selecionados de diversos países, cada qual com seus costumes, suas diversidades, suas crenças e suas diferenças.
― No meu país, as pessoas são um pouco mais reservadas. ― comentou Lubinka.
Penev deu uma risada curta e disse:
― Temos aqui uma autêntica russa.
Joseph mantinha seu comportamento: Observava a conversa entre os estudantes e, eventualmente, sacava um pedaço de papel do bolso e escrevia algumas palavras.
Pawel aproximou-se do iugoslavo, abordando-o em um tom amistoso:
― Joseph, está tentando resolver a "equação imperfeita"?
O outro movimentou a cabeça expressando negação. Suas mãos pousaram exatamente sobre suas anotações, passando a ideia de que tentava ocultá-las.
O polonês insistiu com a curiosidade de uma criança de sete anos:
― Já sei. Está quase solucionando o problema. ― ele sorriu simpaticamente.
O iugoslavo assentiu e retribuiu com um sorriso malicioso. Pawel avançou alguns passos, em direção à outra mesa, na qual Yannes permanecia rascunhando números em um papel em branco. À sua chegada, o grego gracejou:
― Parece que temos aqui uma competição informal para descobrir quem de nós três ― ele movimentou a cabeça indicando Joseph ― resolverá a questão que Frank pretendia incluir no Equation Awards.
― Algum progresso?
Yannes soltou um suspiro desanimado.
― Nada. Pensei que havia encontrado um caminho promissor, mas estou de volta à estaca zero.
O polonês baixou o tom de voz para que somente o grego pudesse ouvir:
― Tenho um segredo para lhe contar. Posso confiar em você?
Após um gesto afirmativo de cabeça de Yannes, Pawel prosseguiu:
― Acho que sei como encontrar a resposta desta equação. Mas preciso esperar o término do interrogatório.
Os olhos do grego brilharam enquanto ele consentia.
― Aguardarei ansiosamente. Este será um segredo nosso.
Pawel foi beber um copo d'água e não notou que era acompanhado por um olhar ressabiado de Jolie.
― Ai! Estou começando a sentir fome. Sobrou comida do jantar de ontem? ― A jovem francesa suspirou.― Infelizmente, não. ― lamentou Krystyna enquanto abria a geladeira. ― Vamos precisar preparar daqui a algum tempo e...
Ela se calou e permaneceu por um instante observando, o interior da geladeira. Em seguida, disse, com surpresa:
― Estranho. Havia vinho ontem no jantar?
― Não que eu me lembre. ― retrucou Jolie, em um tom de voz hesitante.
― Tomamos somente sucos de fruta. ― afirmou Lubinka.
― Com certeza. ― enfatizou Laudrup. ― Eu me lembro disso porque bebi suco de laranja.
― Porque há uma garrafa de vinho aqui dentro. ― disse Krystyna enquanto retirava o objeto da geladeira.
Lavynia, que estava próxima da húngara, observou o nível da garrafa e comentou:
― Beberam pelo menos metade desta garrafa. ― fez uma breve pausa e leu o rótulo: ― É francês. Que chique!
Joseph lançou um olhar interrogativo para Jolie.
A francesa se antecipou a qualquer comentário maldoso que pudesse surgir a respeito da nacionalidade do vinho.
― Não fui eu quem trouxe esta garrafa.
― Ninguém está acusando você disso. ― disse Lavynia, antes de soltar o veneno: ― Vestiu a carapuça?A resposta da francesa veio com a classe de uma genuína dama parisiense.
― Absolutamente. Às vezes a verdadeira intenção daquele que aponta a seta para o outro é justamente encobrir seu próprio erro. ― e com um sorriso triunfante acrescentou: ― Mas sei que esse não é o seu caso.
A romena retrucou:
― Evidente que não. ― e dirigindo-se aos demais continuou: ― Mas é óbvio que a garrafa de vinho não veio andando sozinha e pulou para dentro da geladeira. Alguém a colocou lá.
― E deve ter sido após o jantar. ― emendou Pawel.
― Não seria nenhum absurdo que este alguém tenha sido a mesma pessoa que assassinou o professor Frank. ― disse Laudrup. ― E ainda teve a ousadia de beber vinho após o feito. Que mórbido!
― Também não podemos descartar a hipótese de que o próprio Frank tenha trazido a garrafa de seu quarto para beber reservadamente após o jantar. ― opinou Penev.
― Mas ele não disse que estaria disponível na sala da palestra inaugural após o jantar? ― lembrou Lubinka.
Jolie respondeu à indagação da russa com outra pergunta intrigante.
― Isso foi o que Frank nos disse. Mas algum de nós compareceu àquela sala depois do jantar?
Um silêncio sepulcral tomou conta do refeitório.
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Vincento Hughes.
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A equação imperfeita (COMPLETA) #CPOW
Mystery / ThrillerResolva este enigma. #################### (...) Calma! Precisamos de calma. Isso aqui está virando um barril de pólvora. Não vamos chegar a lugar algum deste jeito. Daqui a pouco desenvolveremos teorias tão absurdas que, mesmo após o crime ser de...