Capítulo 18 - Confidências (Parte 2/2)

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III

Dio Mio! Por essa eu não esperava. ― disse Francesca, um pouco atabalhoada. ― Esta história de assassinato mexe com nossos nervos. Sr. Thomas, já tem ideia de quem seja o culpado?

O ex-policial respondeu sem alterar a expressão no rosto:

― Nós sempre temos nossos palpites. Mas, por ora, prefiro conservá-los comigo. Se é que você me entende.

― Policiais. Sempre misteriosos. Não havia nada de interessante no quarto de Frank? ― insistiu ela.

― Nada que acrescente muita coisa ao caso. ― mentiu Thomas. E acrescentou em um tom de voz confidencial: ― Aliás, gostaria de lhe fazer uma pergunta que não pude fazer durante o interrogatório.

A italiana calou-se e contraiu o rosto.

― Seus pais são casados?

― Não conheci meu pai. ― afirmou Francesca. ― Minha mãe disse que ele a abandonou assim que soube que ela estava grávida. Dio Mio! Por isso que eu não me canso de ouvi-la repetir. "Cuidado com os homens. Eles não assumem compromisso. Só pensam em aproveitar a vida. E não se engane com o nível social ou intelectual deles. São tudo farinha do mesmo saco. Seu pai é um exemplo que não me deixa mentir".

― Sua mãe nunca lhe disse qual era o nome dele ou com que ele trabalhava?

― Ela sempre procurou omitir qualquer coisa que tivesse relação com meu pai. Perdi a conta do número de vezes em que fui repreendida simplesmente por tentar perguntar algo a respeito. Ela vivia repetindo: "Menina curiosa! Quantas vezes eu já lhe falei que desse jeito você não me ajuda em nada a esquecer aquele traste". Sabe o que ela me disse pouco antes da minha vinda para a Bulgária: "Boa sorte no concurso, minha filha. E tome cuidado com esta raça de professores e alunos. São traiçoeiros". Minha mãe é tão exagerada. Dio Mio! ― ela fez uma pausa e deu um sorriso meio sem graça. ― Acho que tenho a quem puxar, não é?

Thomas inclinou a cabeça em sinal de aprovação, pediu licença à italiana e cruzou o refeitório para pegar um copo d'água.

Ele passara pela mesa em torno da qual Pawel, Yannes, Penev e Joseph mantinham-se entretidos em busca da solução da enigmática equação encontrada na cena do crime. Enquanto enchia o copo com água, reparou que Krystyna estava parada diante da geladeira aberta com uma expressão completamente distante.

Ele consultou o relógio e abordou a húngara:

― Bem. Está quase na hora!

Krystyna sobressaltou-se e largou a porta da geladeira.

― Hora de almoçar, não é mesmo? Desculpe. Eu me assustei. Estava tão absorta pensando no que poderíamos preparar para comer que sequer notei sua presença.

― Eu é que devo desculpas pela abordagem repentina. ― ele fez mea-culpa. ― O que temos para o almoço?

― O cardápio não deve ser muito diferente do que foi feito para o jantar da noite passada.

― Talvez. Mas certamente ainda sobrou metade daquele vinho francês que você encontrou na geladeira durante os interrogatórios, não é mesmo?

A húngara abriu a geladeira novamente e apontou para a garrafa de vinho.

― Este aqui? ― ela baixou o tom de voz. ― Pelo amor de Deus. Não vamos incentivar ninguém a beber vinho agora. O clima aqui já está tenso demais para colocarmos mais lenha na fogueira. O ex-policial deu uma risada curta.

― Não pretendo embebedar ninguém durante o almoço. ― E com um tom mais profissional acrescentou:

― Meu interesse é puramente investigativo.

A equação imperfeita (COMPLETA) #CPOWOnde histórias criam vida. Descubra agora