III
― Dio Mio! Por essa eu não esperava. ― disse Francesca, um pouco atabalhoada. ― Esta história de assassinato mexe com nossos nervos. Sr. Thomas, já tem ideia de quem seja o culpado?
O ex-policial respondeu sem alterar a expressão no rosto:
― Nós sempre temos nossos palpites. Mas, por ora, prefiro conservá-los comigo. Se é que você me entende.
― Policiais. Sempre misteriosos. Não havia nada de interessante no quarto de Frank? ― insistiu ela.
― Nada que acrescente muita coisa ao caso. ― mentiu Thomas. E acrescentou em um tom de voz confidencial: ― Aliás, gostaria de lhe fazer uma pergunta que não pude fazer durante o interrogatório.
A italiana calou-se e contraiu o rosto.― Seus pais são casados?
― Não conheci meu pai. ― afirmou Francesca. ― Minha mãe disse que ele a abandonou assim que soube que ela estava grávida. Dio Mio! Por isso que eu não me canso de ouvi-la repetir. "Cuidado com os homens. Eles não assumem compromisso. Só pensam em aproveitar a vida. E não se engane com o nível social ou intelectual deles. São tudo farinha do mesmo saco. Seu pai é um exemplo que não me deixa mentir".
― Sua mãe nunca lhe disse qual era o nome dele ou com que ele trabalhava?
― Ela sempre procurou omitir qualquer coisa que tivesse relação com meu pai. Perdi a conta do número de vezes em que fui repreendida simplesmente por tentar perguntar algo a respeito. Ela vivia repetindo: "Menina curiosa! Quantas vezes eu já lhe falei que desse jeito você não me ajuda em nada a esquecer aquele traste". Sabe o que ela me disse pouco antes da minha vinda para a Bulgária: "Boa sorte no concurso, minha filha. E tome cuidado com esta raça de professores e alunos. São traiçoeiros". Minha mãe é tão exagerada. Dio Mio! ― ela fez uma pausa e deu um sorriso meio sem graça. ― Acho que tenho a quem puxar, não é?
Thomas inclinou a cabeça em sinal de aprovação, pediu licença à italiana e cruzou o refeitório para pegar um copo d'água.Ele passara pela mesa em torno da qual Pawel, Yannes, Penev e Joseph mantinham-se entretidos em busca da solução da enigmática equação encontrada na cena do crime. Enquanto enchia o copo com água, reparou que Krystyna estava parada diante da geladeira aberta com uma expressão completamente distante.
Ele consultou o relógio e abordou a húngara:
― Bem. Está quase na hora!
Krystyna sobressaltou-se e largou a porta da geladeira.
― Hora de almoçar, não é mesmo? Desculpe. Eu me assustei. Estava tão absorta pensando no que poderíamos preparar para comer que sequer notei sua presença.
― Eu é que devo desculpas pela abordagem repentina. ― ele fez mea-culpa. ― O que temos para o almoço?
― O cardápio não deve ser muito diferente do que foi feito para o jantar da noite passada.
― Talvez. Mas certamente ainda sobrou metade daquele vinho francês que você encontrou na geladeira durante os interrogatórios, não é mesmo?
A húngara abriu a geladeira novamente e apontou para a garrafa de vinho.
― Este aqui? ― ela baixou o tom de voz. ― Pelo amor de Deus. Não vamos incentivar ninguém a beber vinho agora. O clima aqui já está tenso demais para colocarmos mais lenha na fogueira. O ex-policial deu uma risada curta.
― Não pretendo embebedar ninguém durante o almoço. ― E com um tom mais profissional acrescentou:
― Meu interesse é puramente investigativo.
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A equação imperfeita (COMPLETA) #CPOW
Mystery / ThrillerResolva este enigma. #################### (...) Calma! Precisamos de calma. Isso aqui está virando um barril de pólvora. Não vamos chegar a lugar algum deste jeito. Daqui a pouco desenvolveremos teorias tão absurdas que, mesmo após o crime ser de...