Capítulo 15 - Yannes Vangelis (Parte 2/2)

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II

― Que chaves são essas? ― perguntou Lavynia, com intensa curiosidade.

A romena acabara de abrir passagem para a saída de Yannes rumo à sala de leitura, para onde o grego se dirigiu para prestar depoimento.

― As chaves do quarto do professor Frank. Eu e Jolie as encontramos enquanto desentupíamos o vaso
sanitário ainda há pouco. ― explicou Laudrup.

― Hmm! Provavelmente o assassino de Frank teve a infantil ideia de atirar este chaveiro no vaso sanitário. Só que o fez antes do azarado entrar no banheiro com dor de barriga. Ao menos é o que eu suponho, porque, convenhamos, caso contrário, o assassino precisaria ter muito estômago para suportar aquele fedor repugnante. ― comentou Lavynia, sentando-se em uma cadeira. ― Preferi contornar pelo outro lado do prédio para não ter que passar perto dali.

Lubinka fez uma careta de nojo e reclamou: ― Por favor, Lavynia, poderia evitar este assunto? Só de lembrar me dá náuseas.

Joseph olhou-a de relance, com um sorriso malicioso. Puxou um bloquinho de anotações e uma caneta enquanto ouvia Lavynia retrucar:

― O que vocês estão esperando para abrir logo essa porta do quarto de Frank? Possivelmente encontraremos novas pistas que nos ajudarão a desvendar o assassinato do professor...

― Eu senti o mesmo impulso, Lavynia. ― interveio Jolie. ― No entanto, não podemos colocar o carro na frente dos bois. Sabemos que, legalmente, cabe a Thomas prosseguir com a investigação. Em se tratando de
possíveis pistas novas, aí mesmo é que devemos esperar.

― Tem razão, Jolie. ― concordou a romena. ― Sou mesmo muito impetuosa. E ansiosa também.

― Não se preocupe. Assim que Yannes retornar, será minha vez de ser interrogada. Como serei a última, eu mesma mostrarei esta novidade a Thomas. ― A francesa fez uma breve pausa e concluiu: ― Algo me diz que não estamos longe de descobrir a verdade sobre este caso.

― Eu concordo com vocês duas. ― disse Krystyna para Jolie e Lavynia. ― Devemos delegar a Thomas esta tarefa. Além disso, não sabemos o que encontraremos dentro do quarto de Frank. Certamente, quem o matou tentou deliberadamente esconder estas chaves durante o maior tempo possível. Não me surpreenderei se encontrarmos alguma pista no quarto do professor.

Em tom sério, Penev expôs aos demais o seu ponto de vista:

― Por que razão Thomas não arrombou a porta do quarto de Frank antes de tomar nossos depoimentos. Não seria mais rápido? Afinal de contas, as chaves estavam desaparecidas.

Fez-se um breve silêncio à indagação do búlgaro.

Foi Jolie quem respondeu:

― Não havia ninguém naquele quarto em iminente perigo de morte ou algo com gravidade similar para que Thomas agisse desta forma. Além disso, ele precisava colher os nossos depoimentos.

Lavynia, de súbito, levantou-se. Parecia angustiada.

― Desculpe-me, Jolie, mas não concordo com você. Acho que estamos bem longe de encontrar uma solução para este caso. Por que temos que esperar por Thomas? Que aflição!

― É mesmo. ― emendou Francesca. ― Não acho que...

Jolie interrompeu a ladainha da italiana.

― Vocês precisam ficar calmas. Não percebem que a forma com estão se comportando agora reforça ainda mais o objetivo do assassino?

― Como assim? ― perguntou Lavynia.

― Não percebem a intenção do sumiço da chave? Retardar as investigações. Qual o efeito prático disso tudo? Confundir cada vez mais todos nós. Veja o seu comportamento, Lavynia. Está me despertando suspeitas.

― Você está exagerando, Jolie. ― rebateu a romena. Seu tom de voz havia se elevado. ― Pois eu acho justamente o contrário. Você é que floreou toda esta história de não haver perigo iminente para justificar o fato
de ser a encarregada de entregar as chaves a Thomas. Vocês dois devem estar mancomunados.

― Isso é um absurdo. ― alegou Jolie. ― Você não sabe o que está falando. Você está se descontrolando. Tenha calma.

Lavynia fez uma breve pausa, fitou Jolie e disse com rispidez:

― Não me parece tão absurdo assim. Afinal, por que motivo nunca retira estes óculos escuros e esta touca enterrada na cabeça? Será a sua fotofobia tão aguda assim?

Ela proferiu a palavra "fotofobia" de um jeito nitidamente irônico. Logo em seguida, avançou para cima de Jolie com um dos braços estendidos em sua direção, como se quisesse retirar os óculos escuros do seu rosto.

Imediatamente, Jolie segurou a mão de Lavynia, que, obstinada, insistiu com o outro braço. A francesa freou novamente a tentativa da romena de arrancar do seu rosto os óculos escuros que protegiam o seu segredo. Já o revelara para Thomas quando foram reconhecer o corpo de Frank. Ela não pretendia revelar aos demais que era filha do finado professor. Ao menos, não era aquele o momento.

Joseph e Laudrup rapidamente avançaram para cima das jovens a fim de evitar qualquer reação irracional por parte de Lavynia, que, claramente, estava mais exaltada. As duas estavam prestes a se engalfinharem.

― Calma, Lavynia. ― disse Laudrup em um tom mais firme que o habitual. ― Você precisa esfriar esta sua cabeça, menina. Parece que algo mexeu com você durante o seu depoimento. Pawel, você pode trazer um copo d'água para ela, por gentileza?

Lavynia ofegava. A romena estava visivelmente transtornada.

Joseph puxou Jolie para um canto e, com um gesto repetitivo com as mãos, fazia sinal para que ela se tranquilizasse. Mas a francesa parecia serena. Ela ergueu uma das mãos na altura dos olhos e ajeitou involuntariamente seus inseparáveis óculos escuros.

Foi com este ambiente tenso e carregado que Yannes se deparou quando retornou ao refeitório após prestar seu depoimento.

Jolie olhou de relance para o Laudrup e acenou para ele. O dinamarquês caminhou até ela e lhe entregou o molho de chaves.

A francesa retirou-se enquanto Lavynia, ingerindo um pouco de água na outra extremidade do refeitório, fitava-a com os olhos enfurecidos.

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Vincento Hughes.

A equação imperfeita (COMPLETA) #CPOWOnde histórias criam vida. Descubra agora