VRecolhido ao seu quarto, Pawel optou pela leitura. Sentou-se na cama e pegou um livro que deixara sobre o criado-mudo. Era o mesmo livro que lhe despertara interesse enquanto aguardava na área de embarque do aeroporto de Varsóvia. Lembrou-se de que o esquecera dentro do avião e que Jolie, já em Bulgaville, fora ao seu quarto para devolvê-lo.
Durante o interrogatório, ele havia comentado com Yannes sobre como encontrar a resposta para a equação deixada na cena do assassinato de Frank. Ele pressentia que a solução estava naquele momento em suas mãos. Literalmente.
Folheou o livro o mais rápido que pôde e, em pouco mais de dois minutos, seus olhos brilharam como o de uma criança que acaba de entrar numa loja de doces.
― Claro! É isso! ― exclamou para si mesmo.
Marcou a página antes de fechar o livro e, carregando-o nas mãos, caminhou ansioso em direção à porta do seu quarto. "Yannes estava certo. Preciso falar com ele.", pensou.
Para sua frustração, o grego parecia ter se ausentado do próprio quarto. Quando retornava ao seu próprio aposento, o polonês esbarrou em Penev no corredor.
― Desculpe, Pawel. Está acordado, não é? ― gracejou o búlgaro.
Ele deu uma risada curta.
― Não é sempre que eu tenho crises de sonambulismo. Viu Yannes por aí?
― Se não me engano, ele seguiu do refeitório direto para a sala de leitura. Deve ter ido falar algo com Thomas. ― Penev olhou para o livro nas mãos do polonês. ― Vocês não desistem da solução da equação imperfeita, hein? Relaxe, Pawel. Deixe este abacaxi para Thomas descascar.
VI
Esparramada na cama, Jolie sorria com plena satisfação ao perceber como a sorte acompanhou-a de perto durante a investigação do assassinato de Frank. Naquele momento, ela visualizava em sua mente os contornos finais de um desenho que se formava com as peças daquele quebra-cabeça de difícil solução.
Em um primeiro momento, a francesa relutou em aceitar a solução que encontrara para aquele caso, de tão absurda que parecia. Mas, depois de analisar calmamente, percebeu que esta era, de fato, a chave de todo o
mistério. As pistas que a ajudaram a desvendar o crime foram aos poucos caindo de bandeja em suas mãos. Seu faro detetivesco e sua perspicácia se encarregaram de conectar os pontos que restavam.Novamente alguém bateu na porta, interrompendo as divagações de Jolie. Dando claros sinais de impaciência, o visitante permaneceu insistindo até o
momento em que a porta foi aberta.― Desculpe invadir seu quarto assim desse jeito. ― explicou Lavynia enquanto entrava como um furacão. ― Eu preciso falar com você. Não aguento mais.
― Você parece muito agitada. ― disse Jolie enquanto fechava a porta e indicava a lateral da cama para que a romena se sentasse. ― Acalme-se.
― Tenho que contar o que eu fiz na noite passada. Tem a ver com o assassinato do professor Frank.
― E por que razão você me procurou em vez de procurar por Thomas? ― quis saber Jolie.
― Por quê? ― a romena olhou fixamente no rosto da francesa e respondeu: ― Porque ele jamais acreditaria que eu quase assassinei Frank.
― Quase? ― repetiu Jolie. ― E o que foi que a impediu de fazê-lo?
― Cheguei atrasada. Alguém deve ter sido mais rápido do que eu.
Jolie contraiu o rosto.
― Seja mais específica, por favor, Lavynia.
― Bem, conforme eu já lhe havia contado, depois do meu noivo ter me largado humilhantemente, eu depositara minhas últimas esperanças no Equation Awards. Vencendo este concurso, eu ganharia bolsa integral para concluir minha graduação em matemática em Bucareste. Frank já havia sido hostil comigo durante a palestra inaugural quando disse que somos apenas ― ela fez uma breve pausa para enfatizar a palavra seguinte ― números.
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A equação imperfeita (COMPLETA) #CPOW
Gizem / GerilimResolva este enigma. #################### (...) Calma! Precisamos de calma. Isso aqui está virando um barril de pólvora. Não vamos chegar a lugar algum deste jeito. Daqui a pouco desenvolveremos teorias tão absurdas que, mesmo após o crime ser de...