Capítulo 14 - Lavynia Iliescu (Parte 2/2)

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II

Jolie terminava de queimar o quinto palito de fósforo no banheiro feminino.

― Acho que já é o suficiente. ― disse ela enquanto farejava o ar.

Surpreso com a solução da jovem francesa, Laudrup comentou, curioso:

― Não sabia que isso funcionava.

Ela deu um sorriso e, em seguida, explicou:

― Minha mãe é médica. Moramos somente nós duas. Certo dia, ela precisou chamar um homem para consertar nossa geladeira. O coitado padecia de um problema intestinal e precisou utilizar o banheiro de nossa casa. Bem, para bom entendedor... Minha mãe usou de seus conhecimentos a respeitos de química e me explicou que, ao se acender um fósforo, libera-se o dióxido de enxofre, uma substância cujo cheiro é muito forte. Como nossos sensores nasais são muito sensíveis ao dióxido de enxofre, eles reduzem momentaneamente nossa
capacidade de detectar outros odores. Então, temos este milagroso efeito desodorante que estamos testemunhando agora. Acendi vários fósforos apenas por garantia.

― Você é muito perspicaz. ― sorriu o dinamarquês.

―Agora, com licença, que é a minha parte do trabalho.

Ela se ausentou por um momento do banheiro feminino. Passado pouco mais de um minuto, ouviu a voz de Laudrup lhe chamando ansioso:

― Jolie. Jolie. Venha aqui!

Ela entrou novamente no banheiro e se deparou com o dinamarquês sacudindo um molho de chaves em
uma das mãos.

― Veja o que encontrei no fundo do vaso sanitário. Eis o que pode ter causado o entupimento.

Rapidamente, Jolie se aproximou e observou o objeto.

― Tem as iniciais "F" e "V". ― ela fez uma pequena pausa e concluiu: ― Frank Van der Vart. Pode ser a chave do quarto do professor.

― Thomas havia comentado que a chave desaparecera dos bolsos do professor.

― Precisamos mostrar isso a ele.

― No momento ele deve estar interrogando Lavynia ou Yannes. ― disse Laudrup enquanto limpava o molho de chaves.

Jolie refletiu por um instante e sugeriu:

― É verdade. Além deles dois, resta o meu depoimento. Que tal se eu entregasse a chave a Thomas durante a minha vez?

― Não é uma má ideia. Acha que seria mais prudente ocultar este fato quando retornarmos ao refeitório?

― Pelo contrário. ― disse Jolie, com uma expressão triunfante no rosto. ― Faço questão de revelar a todos sobre esta mais recente descoberta. Afinal, algum de nós, provavelmente a mesma pessoa que assassinou Frank, tentou esconder a chave do quarto dele no vaso sanitário do banheiro feminino.

III

Logo após Lavynia deixar o refeitório para prestar depoimento, Penev apressou-se em encher um copo de água. Certamente o episódio do entupimento do vaso sanitário fora discutido entre os demais durante sua ausência. Presumira que era possível que alguém trouxesse o assunto à tona novamente para que todos soubessem sua opinião a respeito. A última coisa que o búlgaro gostaria naquele momento era que alguém descobrisse que ele fora o responsável por deixar o
banheiro feminino em estado tão lastimável. Isso atrapalharia bastante suas ambições.

As expectativas de Penev se confirmaram quando, do outro lado do refeitório, Francesca perguntou para todos ouvirem:

― Penev. As investigações estão avançando? Precisamos saber, pois agora estamos diante de três mistérios. O assassinato de Frank, a equação imperfeita e o mistério do vaso entupido. Dio Mio!

A equação imperfeita (COMPLETA) #CPOWOnde histórias criam vida. Descubra agora