Capitulo 03 - Maria - Trabalho, trabalho e trabalho

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Amanda chegou pouco depois, fomos apresentadas formalmente, mas pelo visto a minha historia já andava na boca dos funcionários da casa. Ela já começou a me explicar cada item que iria fazer, mas deixava claro que o "Senhor Adolfo" como ela se referia, merecia o melhor, mesmo que isto não estivesse sendo oferecido no momento. Eu teria que ver pressão, diabetes, temperatura, no horário corretos, coisas básicas, mas de extrema importância e em caso de alterações era apenas chama-la, tudo deveria ser anotado numa prancheta que ficava junto, assim como fazer uma massagem nas suas pernas nos horários marcados para ativar a circulação. Percebi que o horário começava às sete horas da manhã e terminavam às cinco e meia da tarde e me perguntei por quê.

-Todas as noites vêm uma enfermeira dormir e cuidar destas funções, então terá seu descanso.

-Entendi – respondi vendo ali uma oportunidade.

-Eu estou sempre aqui por perto, não fique com medo de me chamar caso fique em dúvida, ou ocorra alguma alteração, - ela me olhou de cima a baixo e continuou – estou aqui pra isso.

-Pode deixar, obrigada pela paciência nas orientações. – disse sem graça por tê-la feito repetir varias vezes os mesmos procedimentos e sabendo que estava sendo julgada.

-Imagina, faço tudo pelo senhor Adolfo, nunca conheci um homem de tão bom coração como ele. –depois disso ela foi embora.

O quarto do vovô era grande e com mobílias de madeira, com uma cama de corcel cercado por criado-mudo, uma mesa para pequenas refeições e uma cômoda, tudo perfeitamente colocado no quarto, formando uma harmonia perfeita, também possuía mais duas portas além da que entramos uma para o closet e outro para o banheiro.

Intercalei os cuidados com o vovô, com ajudar a Gabriela nos afazeres domestico, o primeiro me tratava todo momento com rispidez nítida, eu tentava tornar a minha presença o menos perturbadora possível, controlava ate meu respirar perto dele e a outra me tratava com a mesma frieza que vira algumas vezes as pessoas tratar minha mãe e Marina, o que tornava meu dia pesado e cansativo, estava acostumada a conviver com pessoas que me tratavam bem, com pessoas alegres e aqui eu me sentia uma ratinha amedrontada, sem saber o que fazer ou para onde correr, todos eram frios comigo o tempo todo e aquilo me sugava a energia.

Depois de todo o trabalho e nenhuma uma variação de saúde e humor, tudo o que mais queria era ir para o meu quarto e tomar um bom banho e deixar aquela energia negativa que recebi durante todo o dia sair do meu corpo. Depois de pronta não queria ficar na casa, era cedo para o jantar e resolvi aproveitar pra conhecer as redondezas e ver se encontrava alguma oportunidade de trabalho para a noite, não expliquei para Gabriela porque queria sair, mas ela apenas me advertiu, nunca, em nenhuma hipótese use a porta da frente da casa, somente a dos funcionários ou a passagem pelo hotel, não entendi o porquê e também não questionei.

Só agora, realmente percebi onde estava, era uma rua bem movimentada, e que de noite possuía vários comércios abertos, a saída de funcionário da casa dava-se próximo à esquina, e a entrada glamorosa do hotel ficava bem no meio do quarteirão, entre elas, tinha a tal porta que a Gabriela proibiu de utilizar, mas parecia que alguém morava ali, era limpa com um jardim florido e bem cuidado.

Resolvi atravessar a rua e ver os comércios que tinha por ali, muitos eram barzinhos, alguns ate tinham plaquinha de contrata-se garçonete, mas eu não me adaptaria num lugar deste, pouco mais a frente, quase em linha reta com a entrada do hotel, tinha uma pequena mercearia, lá tinha de tudo um pouco, era mais um lugar para socorrer quem passava por ali a trabalho ou viagem, mas também vendia vários tipos de bebidas. E lá bem no cantinho tinha uma plaquinha que me chamou a atenção:

CONTRATA-SE

CAIXA PARA O

PERÍODO DA NOITE

Ponto e vírgula - Um novo recomeço - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora