Boa tarde, capítulo fresquinho saindo.
Espero que gostem e não esqueçam de comentar e votar.
Bjos, até sexta.
O dia terminou pesado, nem eu, nem Gabriela quisemos comer nada, só queríamos nos deitar até que recebemos uma noticia bem estranha.
-O advogado do seu avô estará amanhã as quatorze horas no escritório dele para falar com vocês. – disse Mauricio.
Eu sabia que seria algo sério, mas não estava preparada, então apenas me joguei na cada e orei para que o dia acabar um pouco melhor e eu conseguir dormir pelo menos algumas horas.
Desta vez não houve banho quente, chá ou cama que me fizesse dormir, me revirei na cama, mas o sono não vinha, apenas uma preocupação: o que será de mim agora?
Quando vovó morreu arrendamos o sitio e ele já estava ocupado e eu não tinha condições de voltar para lá agora. E como não sou uma herdeira, não poderia mais continuar morando nesta casa e amanhã na reunião com os advogados me viria a noticia que eu já conhecia, que deveria deixar o imóvel. Só não sei o quanto tempo terei para isto.
Eu batalhei tanto para tentar conquistar algo, cuidei da vovó todo o tempo que eu pude, sempre tive emprego e agora me vejo aqui desempregada e sem lar, pelo menos vovô investiu na minha educação, eu tenho o segundo grau completo e estou quase fluente em inglês e espanhol, mas isso não vai me colocar comida na mesa, nem um teto sobre a minha cabeça agora, preciso de algo imediato.
Esses pensamentos não me deixavam dormir, sabia que mamãe não me deixaria viver com ela, nem que fosse ate eu me estabelecer, eu já não acreditava mais neste conto de fadas, morar com o vovô me fez ver algumas coisas de maneiras diferentes, e uma delas é que de mamãe e de Marina eu nunca recebi nada alem de esmolas.
Eu me debulhei em lagrimas sem conseguir mais me conter, não importava o que acontecesse na reunião amanhã, eu sabia que agora estava sozinha de vez, perdi vovó e vovô. Mauricio só cuidou de mim em respeito à memória do meu pai e meu avô, agora que nenhum deles estava mais por perto ele não tinha mais esta obrigação.
Quando vi que de nada adiantava continuar me remoendo na cama, que não iria dormir mesmo, e os primeiros raios de sol despontavam pela janela, eu me decidi. Levantei, tomei banho, arrumei minhas coisas para mais tarde e fui ao mercadinho do Seu Messias, que desde a minha saída não conseguiu repor os funcionários, iria lhe pedir o emprego de volta e perguntar se ele conhecia um quartinho que eu pudesse alugar. Eu precisava continuar tocando a vida em frente, não sei em qual direção, mais precisava ir tocando. Precisava lidar com o medo de sair nas ruas de São Paulo, de estar sozinha, necessitava engolir o pânico que se fazia presente em mim e voltar a lutar.
-Bom dia Seu Messias. - disse assim que o encontrei.
-Menina, o que faz aqui tão cedo depois de um dia como ontem?
-Preciso falar com o senhor, - disse meio afoita - a vaga para noite já foi preenchida?
-Não, ainda não, mas você não esta pensando em voltar depois de tudo o que aconteceu, esta?
-Estou sim, preciso de trabalho e se o senhor souber também de algum lugar que tenha um quartinho para alugar, -disse sem graça - eu estou precisando.
-Mas que história é essa menina? E a casa do seu avô? Porque não vai ficar morando lá?
-É uma história complicada, para outro dia. E então, posso contar com o trabalho? Se quiser começo amanhã mesmo, porque hoje tenho reunião com os advogados do vovô.
-É melhor fazermos assim, eu deixo a sua vaga garantida, mas primeiro vá a esta reunião despreocupada e só depois acertaremos tudo isso.
-Obrigada Seu Messias. – disse lhe dando um abraço.
Ele me abraçou forte e depois me olhou com carinho em meus olhos.
-Já te passou pela sua cabeça porque esta reunião esta acontecendo tão rápido e não é na casa do seu avô?
-Já sim, vovô nunca gostou da presença da minha família na sua casa, então a casa deve ir de herança para outra pessoa, tipo a Gabriela ou o Mauricio, por quem ele tinha tanto carinho.
-Bem, nunca se sabe, tudo pode ser uma grande surpresa. Do seu avô nunca sabemos o que esperar, não é?
-Isso é bem a cara dele mesmo. – disse com um sorriso fraco.
Quando voltei para casa encontrei Gabriela e Mauricio na cozinha, nenhum estava muito animado, parece que a noite foi difícil para todos.
-Bom dia. – disse assim que entrei.
-Bom dia, - respondeu Gabriela sem seu habitual sorriso – onde esteve?
-Fui conversar um pouco com o Seu Messias, arejar a cabeça. – falei meia verdade.
-Você deve estar precisando mesmo, tantas coisas acontecendo tão rápido, deve ser difícil assimilar. –falou Mauricio.
-É difícil mesmo, mas evito ficar pensando nisto tudo, afinal não posso mudar o final de nenhum dos últimos acontecimentos.
-Mas é importante ter seu momento de luto, ele faz bem pro coração e pra alma, e não é porque eles se foram que precisamos esquecer tudo de bom que vivemos com eles. Imagino quantas boas memórias você tem de sua avó e como foi bom para você conhecer seu avô e amadurecer aquele coração amargo. –falou Gabriela.
-Eu pensei em pedirmos uma comida no hotel antes de sairmos para a reunião, e preciso me reunir com a relação publica do hotel para acalmar os repórteres na recepção.
-Bom mesmo, ainda bem que eles não me reconheceram quando sai daqui. Não sei lidar com esse tipo de pessoas.
-Maria, você vai precisar aprender, agora eles sabem de quem você é neta.
-Não preciso, ou você esqueceu que eu não faço parte da herança da família.
-Não, não me esqueci. – disse Mauricio – Não se esqueçam da reunião as 14 horas, sairemos com o carro do hotel as 13 horas pelo corredor, para não cruzarmos com os repórteres.
-Ok. –respondemos eu e Gabriela.
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Ponto e vírgula - Um novo recomeço - COMPLETO
Chick-LitMaria se vê deserdada pelo pai, abandonada pela mãe e foi criada pela avó com árduo trabalho no campo, se tornou arrimo de família muito nova e trabalhava em um empreendimento que era do seu falecido pai, o hotel fazenda em Água Branca. Aos 16 anos...