Capitulo 05 - Maria - Pede pra chamar

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Bom dia!!!
Capítulo  quentinho  saindo.
Espero que gostem!!!!

Estava difícil me acostumar com os novos hábitos, aqui tudo começava muito tarde, comparado com onde eu cresci, mas também se estendia ate muito mais tarde. Eu seguia com minha rotina de cuidados com meu avô e a insegurança ainda me seguia toda vez que eu precisava chegar perto dele, na maioria das vezes ele apenas me ignorava enquanto fazia meu trabalho, mas alguns dias como hoje, ele puxava conversa com perguntas que eu nunca sabia como responder.

-Você conheceu alguma coisa sobre seu pai mocinha? - Perguntou enquanto eu verificava sua temperatura.

-Não senhor, o conheço apenas por algumas historias que escutei de minha mãe ou dos moradores da cidade. – disse.

-Imagino que sejam historias bem diferentes. – Falou num tom que não consegui ter certeza, mas tinha um segundo sentido na frase, então resolvi responder conforme o coração mandava.

-Sim, mas o bom da vida é que sempre podemos escolher em qual versão melhor nos agrada, sendo assim fico com a versão dos moradores da cidade. – disse firme.

-E o que lhe contaram sobre ele? – perguntou com a curiosidade de um pai, mas com saudades desmedidas.

-Que a primeira coisa que se conhecia nele era seu coração, que ele era tão bom que se senti a distancia, que nunca deixava alguém passando necessidade, mas também nunca tolerou gente folgada. – falei lembrando a imagem que sempre formara dele em minha mente – Ele era bom, uma bondade vinda da alma e que não teve nada em sua vida que ele amou mais do que sua família. – terminei de falar meio melancólica.

-Você tem os olhos e os cabelos dele – disse vovô – mas seu jeito, esse jeito eu ainda não consegui descobrir se vem da falsidade e frieza da sua mãe, ou da doçura do seu pai. – ele se calou depois disso, e eu aproveitei que tinha terminado para sumir o mais rápido possível de perto dele.

Eu precisava de um tempo sozinha e corri para o meu quarto, eu que não era de chorar, chorei um choro de lavar a alma. Esta conversa mexeu demais comigo, todos me comparavam com minha mãe e Marina, mas nunca ninguém fez uma comparação minha com meu pai e isso abriu uma ferida há muito tempo guardada bem lá no fundo, o que eu tinha de errado para que ainda bebê um pai não demonstrar amor? Abrir mão de uma filha que muitos disseram que ele tanto sonhou e esperou sua chegada?

Não importa, ele não estava mais aqui e eu nunca teria resposta, por isso, quando caiu a ultima gota de lagrima, me levantei, tomei um banho e voltei ao trabalho. Vovô não falou mais comigo o restante do dia e Gabriela me passou bastantes afazeres ate o final do meu primeiro expediente.

Troquei-me, coloquei o uniforme do mercadinho e fui para o trabalho. Aproveitei que precisava me distrair e fui limpando cada prateleira e reabastecendo, conforme intercalava o atendimento ao caixa, alguns funcionários do hotel passaram por lá e ficaram me olhando e cochichando, mas não estava em clima nem para me preocupar com isto, estava com saudades de vovó, cansada de todos me julgarem, eu nunca tinha vivido uma experiência como esta, muito menos sozinha e tão longe de vovó, do Mauricio e do Juca que me ajudavam e me orientavam tanto durante todos estes anos, neste momento eu senti o quanto eu ainda era imatura para viver tudo o que estava me sendo proposto e eu não tinha sequer escolha, era crescer na marra e deixar as dores para outro dia.

O período da noite me fez bem, trouxe o restante de exaustão que faltava, tanto física, como mental e ao voltar para casa, tudo o que fiz foi deitar e dormir o sono dos justos.

Depois do meu primeiro dia na cozinha, eu vinha evitando fazer receitas fora do cardápio essas semanas, mas hoje eu precisava de algo para me dar um ânimo que meu corpo não tinha, eu ainda estava abalada com a conversa do dia anterior e o sono foi agitado a noite toda. Então hoje me atrevi em fazer meus falsos bacons com ovos mexidos e torradas, seria um agrado para mim que eu merecia, mas quando cheguei à cozinha Gabriela já estava lá, ela ficou observando eu cozinhar e no final pediu para que eu fizesse o mesmo exatamente para quem? Claro, vovô. Hoje não estava com clima para ficar cruzando com ele toda hora, mas não poderia fugir dos meus afazeres, então fiz e arrumei em um prato conforme fazíamos no hotel, para ninguém botar defeito.

Ponto e vírgula - Um novo recomeço - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora